Fórum da APEC no Chile: Moscovo confiante no êxito

As pessoas envolvidas nos preparativos não observam por enquanto nenhuma acentuação latino-americana no programa do certame, salvo uma atenção especial aos problemas das pequenas empresas, em que insistiram os anfitriões.

A cimeira que irá finalizar os trabalhos do Fórum será marcada pela participação do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, o qual depois da sua visita ao Chile, deslocar-se- em seguida à capital do gigante latino-americano, o Brasil. Este facto tem a ver com a intensificação geral da actividade da Rússia na economia mundial, incluindo os territórios mais afastados de Moscovo. Com efeito, tanto a cimeira com a participação do Presidente russo e os 20 seus homólogos, líderes das economias que fazem parte da APEC, como as conversações de Putin em Santiago e Brasília, são parte da integração a nível da região do Pacífico e do mundo em geral.

Criada em 1989, a APEC é considerada injustamente uma organização exclusivamente económica, que contribui para a transformação da região numa zona de comércio livre. Efectivamente a vida coloca à APEC tarefas cada vez novas, que se encontram nos limiares da economia e política. Provam-no as palavras de um alto representante de um país membro da APEC, segundo o qual chegou a hora de os países da organização deixarem de ser "reféns" de ideias arraigadas, pois estamos em face de inúmeras novas realidades.

Neste contexto há que esperar decisões sérias do Fórum no Chile no que se refere à luta contra o terrorismo, sem já falar da vertente económica, nomeadamente as recomendações de unificar na região os sistemas de segurança de movimento de cargas e de portos marítimos. Ou as ideias relacionadas com as novas medidas de segurança nos transportes aéreos, o assim chamado conceito de fronteira electrónica.

A Rússia é participante activo deste processo. Uma vez que a APEC não é um fórum, mas uma organização que funciona em regime permanente, cujas recomendações depois se concretizam nas legislações nacionais, o seu papel pioneiro não está à vista, embora no âmbito dos vários fóruns os membros desta organização não perdem a oportunidade de acentuar este aspecto. Os representantes de Moscovo, pela sua parte, também terão a oportunidade de relembrar o seu contributo para este processo e informar sobre o cumprimento das obrigações assumidas.

Seria muito positivo se no Fórum em Santiago tomassem parte activa os empresários russos.

É sabido que a APEC é uma organização mais de negócios e para o mundo de negócios, do que para os responsáveis políticos. Uma das mais importantes elementos do Fórum é a cimeira de negócios (CEO Summit), que reúne os líderes do mundo de negócios da região, começando nos EUA e terminando no Brunei. São importantes também as sessões do Conselho de Negócios (Council Advisory Business da APEC), que reúne os três maiores empresários de cada economia, os quais formulam as recomendações do mundo de negócios aos líderes das nações.

Segundo os dados de Irina Speranskaya, secretário executivo do comité organizador da Rússia, mais de 90 por cento de empresários russos que estarão presentes no Fórum em Santiago, participaram nos fóruns em Bangkok e Los-Cabos (México). Por outras palavras, a Rússia tem empresários que já possuem alguma experiência e laços económicos na região do Pacífico, mas há ainda principiantes, por exemplo, os representantes do Banco de Investimentos Interregional, que tem como objectivo tornar-se membro do clube do Pacífico, conhecer os seus colegas de outros países da região e contribuir para a formulação de novas ideias.

Entre os participantes russos figuram três gigantes nacionais - a Gazprom, o Vnechtorgbank e a companhia Bazovy Element - que representam a Rússia no Conselho de Negócios, elemento-chave na estrutura da APEC e que atestam a actualidade da participação do país nos processos económicos regionais na área energética, financeira e metalúrgica. Continua pendente a área "tecnológica", com a proposta da qual a Rússia pretendeu nos anos 90 aderir à APEC. Claro que o trabalho prolongado de todos os outros membros da delegação russa poderá levar ao alcance do objectivo colocado. Pelo menos uma parte dos empresários que se deslocam a Santiago tomará com certeza com prazer parte no trabalho da APEC, mas eles tem ainda planos mais concretos em relação ao Chile e Brasil. Trata-se em primeiro lugar da companha de construção aeronáutica Inveresia e o Centro de Engenharia Aeronáutica Iliuchin, cujos interesses se cruzam nas regiões do Pacífico e latino-americano.

É muito provável que as declarações de que a Rússia já recuperou e passou a ser considerada como uma economia emergente tivessem sido proferidas precisamente no Fórum da APEC na Nova Zelândia em 2000. Foi disso que falou na altura o então primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin. Desta vez, quando a economia russa continua a ganhar força (cerca de 7 por cento em 2004), o Presidente russo e outros participantes do presente Fórum irão ter posições muito mais fortes.

Dmitri Kossyrev observador político RIA "Novosti"

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