Lula e Lagos defendem diálogo com Cuba

Em declaração conjunta assinada nesta segunda-feira (23), os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Chile, Ricardo Lagos, defenderam a abertura do diálogo do Grupo do Rio – formado por chanceleres de 19 países das Américas do Sul e Central – com Cuba, informou a Agência Estado. Ambos afirmaram ainda que a relação entre o Chile e o Mercosul precisa ser ampliada política e institucionalmente. Durante a visita que faz hoje à capital chilena, Lula voltou a defender também a criação de um Fundo Mundial de Combate à Fome e à Pobreza.

No evento, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, destacou a afinidade que existe em relação a Cuba. Na semana passada, ele propôs, durante reunião do Grupo do Rio, que fosse criado um grupo de países Amigos de Cuba. O objetivo seria unir várias nações para acabar com o isolamento do país caribenho. Amorim contestou informações publicadas pela imprensa dizendo que a idéia não teria recebido apoio na ocasião. O ministro explicou que apenas três países se declararam contrários à idéia, sem revelar quais foram.

Tanto no Palácio de La Moneda quanto no Congresso, o presidente Lula destacou o apoio do governo chileno à proposta brasileira de se criar um Fundo Mundial de Combate à Miséria e à Pobreza. "Vamos lançar as bases para uma grande iniciativa, que mobilizará a comunidade internacional contra as maiores chagas de nosso tempo: a fome e a pobreza", disse o presidente brasileiro, segundo a Agência Brasil. A proposta – defendida por Lula em diversos fóruns internacionais desde que ele assumiu a presidência, em 2003 – já conta com o apoio da França, da Espanha e da Organização das Nações Unidas (ONU). "A fome é um problema político que precisa ser enfrentado", completou Amorim.

No discurso que fez no Senado, o presidente Lula destacou ainda a importância da aliança entre o Brasil e o Chile "na luta por um mundo menos injusto e mais democrático". No dia 20, um grupo de trabalho formado por quatro países (Brasil, Chile, França e Espanha) apresenta suas sugestôes de financiamento para criar o Fundo Mundial de Combate à Fome e à Pobreza.

De acordo com a Agência Estado, durante assinatura da declaração conjunta dos dois países e também na visita que fez aos presidentes da Câmara e do Senado, Lula reafirmou a identidade entre Chile e Brasil na busca da estabilidade política para o Haiti. Ele destacou também o apoio recebido de Lagos para que o Brasil participe, como membro permanente, do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Direitos humanos

Lula e Lagos assinaram no Palácio La Moneda um acordo de cooperação bilateral em diversos setores, inclusive os direitos humanos, informou a Agência Brasil. "Essa área é uma prioridade absoluta para nós e o Chile tem sucessos com o programa Chile Solidário", disse Lula.

A secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome, Ana Fonseca, e o ministro do Planejamento e Cooperação do Chile, Andres Irarrazaval, assinaram um memorando que viabilizará trocas de experiências entre os programas sociais de cada governo.

Outros acordos também foram assinados. Um deles, entre a Embrapa e o Instituto de Investigações Agropecuárias do Chile, de cooperação em biotecnologia e agricultura familiar campesina, e outro que promove o comércio e o investimento entre os dois países.

No final da manhã, Lula depositou uma coroa de flores ao pé da estátua do general Bernardo O´Higgins, na Praça da Liberdade, que fica em frente ao Palácio de La Moneda. O militar participou das lutas pela independência do país em 1818. Outros presidentes que passaram pela capital chilena, como Hugo Chávez, da Venezuela, também já prestaram a mesma homenagem.

Equador

Nesta terça-feira (24), Lula desembarca em Quito, capital do Equador. As conversas com o presidente Lúcio Gutiérrez tratarão do desenvolvimento de cooperações técnicas nos setores de saúde, telecomunicações e energia, segundo informou à Agência Brasil o diretor do Departamento da América do Sul do Itamaraty, ministro Ênio Cordeiro.

Um financiamento concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) viabilizou o andamento da construção da usina hidrelétrica de San Francisco no Equador. Dos US$ 325 milhões previstos para as obras, US$ 243 milhões são financiados pelo BNDES.

O governo equatoriano quer agora financiamentos do banco de fomento brasileiro para a construção de aeroportos em Quito e Tena e também para a construção de uma nova hidrelétrica. As três obras somariam empréstimos da ordem de US$ 409 milhões.

O diplomata informou que também serão discutidos acordos para modernização administrativa da Petro Equador (estatal petrolífera) e modernização gerencial na área de telecomunicações. Ênio Cordeiro disse que o Brasil quer incrementar as relações comerciais com o Equador. Segundo ele, hoje o país tem um comércio desproporcional com os equatorianos, exportando muito mais do que importa.

PT

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