O cúmulo da injustiça

Um homem velho, enfermo e fraco está sentado num edifício junto a um tribunal, sua cara avermelhada espelho da pressão arterial que resultou da injustiça dos últimos quatro anos, tentando defender-se dos “crimes” que é acusado a cometer por um “tribunal” ilegal e inconstitucional, que não tem qualquer legitimidade, que nem tem o apoio dos Estados Unidos da América, que tenta convencer outros países a não o reconhecer mas no entanto utiliza este instrumento para realizar acções que lhe são convenientes.

A figura velha e enferma no tribunal está frequentemente demasiado doente para continuar sua defesa, devido à maneira como tem sido tratado, depois de ganhar as primeiras eleições democráticas no seu país em 1990 e outra vez em 1992, e depois de tentar resolver as questões étnicas na região explosiva em que seu país se situa.

Slobodan Milosevic, o homem enfermo na Haia, foi raptado ilegalmente da Sérvia em 2000, depois duma fracção do governo jugoslavo ter aprovado “legislação” que precisava sob a lei da República Federal da Jugoslávia e da República da Sérvia, do aval de todo o governo ou pelo menos da maioria. Ao menos, Slobodan Milosevic deveria voltar a Belgrado um homem livre, para o devido processo de extradição iniciar.

Contudo, dado que ele tem sido detido ilegalmente durante quatro anos, há que pagar-lhe uma indemnização e seria correcto exigir que esse mal fosse corrigido antes do caso continuar. Senão, a justiça internacional pode ser considerada estar fundamentada em fundamentais falsos: rapto e detenção ilegal, com danos pessoais e físicos.

As tentativas de Milosevic de parar o conflito na Bósnia-Herzegovina, Croácia e Kosovo foram bloqueadas por um ocidente intrusivo e agressivo, que armou e financiou o Exército da Croácia, enviando mercenários, que ajudaram a massacrar civis sérvios – depois ajudaram a Al Qaeda e os terroristas albaneses a infiltrar na Bósnia e em Kosovo. O grande crime de Milosevic foi que ele tentou lutar contra os terroristas que foram e são protegidos por Washington, e na altura, Bin Laden.

Quando a OTAN, o fantoche de Washington, decide rotular um grupo terrorista como organização legítima, qualquer coisa que mexe contra ela é classificada como paria. Por isso a Ushtria Çlirimtare ë Kosovës, o Exército de Libertação de Kosovo (KLA), organização das mais bárbaras que alguma vez existiram, fazendo da Máfia italiana uma reunião das tias e avós por comparação, ganhou a bênção de Washington e assim seus líderes, criminosos e assassinos, traficantes de pessoas, armas e drogas, jantaram em Capitol Hill, que através deles começou a controlar o tráfico de heroína através da Turquia. A única peça do puzzle que faltava era Afeganistão.

Não se fez referências aos albaneses aterrorizados, os Kosovares, que fugiam deste bando de criminosos para leste, onde estava a relativa segurança das forças federais da Jugoslávia. Não se fez referências às moças albanesas que cobriam as caras para não serem vendidas para redes de prostituição na Itália, precisamente pelos terroristas da Ushtria Çlirimtare, os queridos de Washington.

Os crimes de guerra da OTAN, os crimes contra a humanidade perpetrados pelas forças armadas desta Organização, que bombardearam comboios cheios de civis, que lançaram foguetes contra autocarros, edifícios civis, escolas, matando centenas de pessoas, não importam porque não estão no tribunal da Haia.

Pois não. Foi mais fácil culpar um homem, isolá-lo e raptá-lo, mantê-lo detido ilegalmente e depois inventar um rol de acusações para atirar na sua cara. Esse foi a Liberdade e Democracia do Clinton. O de Bush, bem, a história recente fala por si.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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