É a história que se repete?

É a história que se repete?


Uma das frases mais repetidas de Karl Marx é de que a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda, como farsa (O 18 Brumário de Louis Bonaparte).
Muito se disse também que Bolsonaro repete os métodos de Adolf Hitler. A tragédia seria o governo de Hitler e a farsa, o do Bolsonaro.


No nazismo, Htiler deveu muito da sua subida ao poder, a Ernst Rohn (1887/1934). Naquele longo período de instabilidade política da República de Weimar, na década de 20, Rohn se destacou com líder dos grupos fascistas dos Freikorps, responsáveis por ataques armados a membros do Partido Comunista e líderes centristas.


Praticamente todos historiadores concordam que foi Rohn um dos maiores responsáveis pela ascensão política de Hitler, fazendo com os grupos dos camisas pardas, que organizou a partir dos anos 30, as SA (Sturmabteilung) o trabalho sujo de solapamento da débil democracia alemã.


Quando Hitler se tornou chanceler, as ambições de Rohn se ficaram cada vez maiores. Ele falava abertamente numa segunda revolução, que teria um caráter socialista. Seria uma espécie de retorno à uma sociedade utópica mais igualitária. Obviamente, esse posicionamento desagrava os grandes industriais que apoiavam Hitler e principalmente ao exército, a Wehrmacht, que se sentia ameaçada pelas SA, na época com mais de 2 milhões de homens armados. O fato de Rohn ser assumidamente homossexual, desagradava ainda mais os dirigentes nazistas próximos de Hitler.


Pressionado pelos seus generais, pelos grandes empresários e pelo presidente Hindenburg, Hitler determinou a eliminação física dos principais líderes das SA. Foi o chamado episódio da Noite das Facas Longas (30 de junho/ 1 de julho de 1934) quando mais de 100 pessoas foram mortas.


Não precisamos ir muito longe para pensarmos em Sérgio Moro. Foi muito pela sua atuação na Lava Jato que Bolsonaro chegou à presidência com a eliminação política de Lula. Quase 100 anos depois da ascensão do nazismo na Alemanha, aqui no Brasil os métodos são outros, mais civilizados.


Bolsonaro chegou ao governo usando o apoio jurídico de Moro e quando não precisou mais dele, não mandou matá-lo como fez Hitler com Rohn, simplesmente o demitiu do governo.

Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS

 

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