Camilo Duarte, candidato do PCO a prefeito de João Pessoa

Camilo Duarte, candidato do PCO a prefeito de João Pessoa


"É necessário barrar o golpe, e a forma de fazer isso é com o Fora Bolsonaro e, como falamos na conferência, trazer uma unidade da esquerda em torno da candidatura do Lula em 2022"


Por: Redação, Diário Causa Operária


Confira, na íntegra, entrevista do companheiro Camilo, candidato do PCO à prefeito em João Pessoa, Paraíba.


Entrevistador: Quem é o companheiro Camilo? Fale um pouco sobre você.


Camilo: Conheci o PCO em 2002 através de um cartaz sobre o passe livre. Tinha acabado de ingressar na Universidade Federal de Paraíba e achei a discussão pertinente, achei interessantes os argumentos que eram colocados e me aproximei do partido nessa época. Estou no partido desde 2002. Sou da cidade de João Pessoa, moro aqui e estou defendendo a candidatura do PCO ao cargo de prefeito. Minha formação foi Física, mas o que foi importante em minha formação foi a parte política, a formação que o partido me deu, o tempo de militância que eu tive e as experiências, como a ocupação da reitoria da USP, a minha primeira ocupação com mais de 51 dias. Isso foi relevante na minha história política, na minha história geral.


Entrevistador: poderia falar um pouco mais sobre essa ocupação da USP e a importância dessa experiência política na vida do companheiro?


Camilo: a importância dessa ocupação foi que foi a primeira vez em décadas em que o movimento estudantil realmente enfrentou o governo. Ou seja, houve um levante independente do movimento estudantil. Ela acabou anunciando o levante de outras categorias. Além de ser estudante de física, fui da categoria dos correios, trabalhei de 2009 até 2015 na categoria. Também tivemos uma atuação, uma presença com a corrente Ecetistas em Luta, que fazia todo um trabalho de independência da categoria em defesa da empresa pública e foi outro campo político sindical no qual tivemos uma experiência importante com a política do partido e como essa política reflete na luta real da classe trabalhadora.


Entrevistador: por quanto tempo o companheiro trabalhou nos Correios e participou do movimento sindical? Participou de alguma greve importante?


Camilo: 6 anos. Participei de todas as greve do período. Inclusive, cheguei a ser transferido pela direção da empresa para o interior na época das retaliações. Foi toda uma luta para poder retornar à unidade de origem.


Entrevistador: foi aí que você voltou para João Pessoa?


Camilo: Sim. Na verdade, morava em João Pessoa e trabalhava no interior, não era fácil não.


Entrevistador: a experiência da USP foi enquanto você fazia o curso de Física, certo?


Camilo: na verdade, entrei no curso de Física, cursei 6 períodos e tranquei, só fui terminar bem depois. Depois dos trancamentos, fui morar em São Paulo. Até iniciei o processo de transferência, mas, em seguida, começou a ocupação na reitoria, então logo abandonei o processo e não fiz a transferência. Fui para São Paulo mais para conhecer a política do partido, ter uma imersão maior. E, como São Paulo era o centro político da época, foi uma experiência muito importante e enriquecedora.


Entrevistador: a sua candidatura em João Pessoa se sustenta em quê? Qual a razão dela existir?


Camilo: não é a minha candidatura, é a candidatura do PCO. O que acontece é que, entre os dias 15 e 16 de agosto, houve a conferência nacional do partido. Eu fui um dos delegados e lá aprovou-se todo um programa a ser defendido nessa eleição de 2020. Esse seria o programa do partido para denunciar, organizar e para intervir na eleição. Lá foi sugerido também que em João Pessoa houvesse o lançamento de candidaturas e foi sugerido meu nome como o candidato. Tanto que meu pedido de desincompatibilização foi no mesmo dia 15, no último dia possível, que foi no dia da Conferência. Essa orientação foi referendada pela Conferência municipal e pela Conferência estadual. Lançamos a candidatura e meu nome foi o escolhido para defender o programa do partido. Na verdade, estou emprestando meu nome para o partido, nada mais.


Entrevistador: quem serão os companheiros de Paraíba que estarão com você nessa eleição?


Camilo: por uma série de motivos, entre tantos, a justiça eleitoral extremamente antidemocrática que temos, estamos lançando candidaturas em apenas 2 cidades: João Pessoa e Campina Grande. Nossas candidaturas não diferem muito da militância do dia a dia. Hoje, um dos pontos da agenda de minha candidatura é contribuir com o Diário Causa Operária, o que eu faço regularmente. Quer dizer, o programa do partido é o mesmo, a militância é a mesma. A diferença é que temos mais espaço para discutir durante a candidatura, essa é a grande mudança. E assim, nem tanto espaço. Agora, com a cláusula de barreira, a justiça eleitoral, a legislação eleitoral que já era antidemocrática, ficou ainda mais dura e acabou cortando um monte de espaço que a gente tinha.  Na verdade, não temos mais nenhum espaço de propaganda eleitoral gratuita, o que nos torna candidatos legais, mas legalmente invisíveis. Estamos nas eleições mas não aparecemos nos programas, o que demonstra como o nosso sistema eleitoral é antidemocrático e promove a desigualdade entre os candidatos.


Entrevistador: achei interessante um dos pontos que o companheiro colocou que a sua candidatura não representa uma candidatura própria, mas uma candidatura do Partido. Poderia falar mais um pouco a respeito disso? O que isso significa na prática?


Camilo: Na prática, inclusive, essa é a principal diferença entre o PCO e os outros partidos. Primeiro que nós somos um partido que trabalha em torno de um programa, que se move em torno desse programa e que tem unidade em torno desse programa. Nossas candidaturas são todas em torno desse programa. Isso diverge da demagogia que a direita faz de, por exemplo, lançar candidatos identitários, negros e mulheres e não ter um programa para defender esses segmentos. Na verdade, é só demagogia que a direita e a esquerda acabam fazendo. Eles não têm unidade nem programa reais. Você não vê hoje nenhum partido que tem um programa e uma unidade programática nacionalmente. Você vê o PCdoB: cada lugar do país é uma identidade visual diferente. O PT chegou a usar branco ao invés de vermelho, o que é vergonhoso. O fato de termos uma candidatura programática, de unidade, é justamente isso. É só uma identidade, é só um programa, é só uma defesa. E não como é nos outros partidos, em que cada cacique, cada regional local defende os seus interesses, defende os seus pontos.


Entrevistador: o companheiro citou, de forma complementar, essas candidaturas do partido como fazendo uma atividade, uma atividade nas eleições. Queria que você falasse um pouco o motivo pelo qual essa atividade eleitoral não difere da atividade do partido. Além disso, quais são suas considerações e suas experiências práticas dessa dificuldade, dessa ditadura do TSE em relação às candidaturas do partido?


Camilo: o Partido em si é um Partido do trabalho. A unidade do Partido é o trabalho em torno do socialismo, em torno do comunismo e do trotskismo e essa unidade é em fazer as coisas, é puro trabalho. No nosso dia a dia em militância, fazemos toda a propaganda, toda a organização, toda a intervenção. A grande diferença no período eleitoral é que esse trabalho se intensifica. Se abre espaço na sociedade, embora num período muito curto, que são de 45 dias, que não abre espaço para nenhuma discussão política real, mas se abre um pouco mais de espaço para discutir política, o qual utilizamos em defesa de nosso programa, em defesa da luta dos oprimidos. A diferença é essa, é o mesmo trabalho da militância, só que um pouco mais intensificado em alguns aspectos. Quanto à legislação do TSE, o que posso falar? O regime hoje tem mais desigualdades do que na época da ditadura militar. Na época da ditadura você tinha dois candidatos: o outdoor que tinha pra um tinha pro outro. Hoje, chega ao absurdo de um partido ter horas de programa eleitoral gratuito e o outro não ter espaço nenhum. Quer dizer, um partido tem todo um tempo, fora os recursos, para intervir, para chegar na população e o outro não tem nada. Essa cláusula de barreira não atinge apenas o programa eleitoral, mas também tem a questão da distribuição dos recursos do fundo partidário, a qual somos prejudicados. Na realidade, o que você tem no regime, o que essa legislação faz é proteger os grandes partidos, os partidos tradicionais da direita, que estão falidos, e impedir que partidos pequenos, que partidos novos ganhem espaço eleitoralmente. É pra isso que essa legislação serve, para tentar dar uma sobrevida aos partidos da direita e impedir que os partidos da classe trabalhadora tomem espaço no terreno eleitoral.


Entrevistador: Faça suas considerações finais.


Camilo: estamos num processo eleitoral municipal e o que mais vemos nesse momento é demagogia da direita, dizendo que vai resolver um ou outro ponto, e uma parte da esquerda seguindo essa demagogia. Chega a ser triste você ver partidos de esquerda  terem a mesma fala, a mesma identidade que partidos da direita. Isso é um problema. O que a gente coloca aqui é demarcar que esse não é o caminho que a população e a esquerda têm que seguir. Nesse momento, é mais do que necessário trazer a discussão do cenário político nacional, quer dizer, estamos vivendo um golpe desde 2016, que foi continuado e aprofundado com a eleição fajuta do governo Bolsonaro, e esse golpe é um ataque sistemático às condições de vida da população. Para mudar isso, para acabar com esses ataques à estrutura do trabalhador brasileiro, é necessário barrar o golpe, e a forma de fazer isso é com o Fora Bolsonaro e, como falamos na Conferência, trazer uma unidade da esquerda em torno da candidatura do Lula em 2022. Acho que esse é o ponto essencial que precisamos discutir nessa eleição.


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