COMUNICADO DAS FARC-EXÉRCITO DO POVO

Aplicando a formula fascista de "uma mentira repetida 500 vezes torna-se verdade", Álvaro Uribe ordena mentir sistematicamente às forças militares e de polícia sobre a realidade da confrontação armada em Colômbia e pressiona os grandes meios de comunicação para que se submetam às diretrizes do escritório de imprensa da Presidência da República. Trata-se de criar o falso ambiente de uma guerra que o Estado está “prestes a vencer " contra uma guerrilha "descontrolada, sem razões políticas, nem sócio-econômicas de existência".

E assim, enquanto a elite uribista de Colômbia e o mundo cobiçam os negócios do Estado, e leiloa a preço de banana e utilizando sinuosos caminhos os bens do patrimônio coletivo do país, e arrebata aos trabalhadores até os mais mínimos benefícios conquistados depois de longas e duras lutas, e monopoliza mais a terra fértil, também pretende adormecer a raiva, o desespero, a fome e a indignação popular com cifras manipuladas sobre o desemprego, a cesta básica familiar, a inflação e o crescimento econômico, enquanto o 60 % dos colombianos se afunda na miséria e que um de cada 4 só se alimenta pela metade , que não há onde trabalhar, nem há vagas nas escolas, nem há atendimento em clínicas nem hospitais, nem muito menos se lhe põe fim à corrupção nem a tanta impunidade. Agora, os ministros e conselheiros, os grupos econômicos, institutos de pesquisa, meios de comunicação e os militares lançaram a perversa iniciativa da reeleição presidencial, em causa própria , fundindo nela o afã ianque de liquidar o pouco que nos fica de soberania, o interesse do capital internacional por ampliar suas vantagens a custa da miséria do povo, o entusiasmo dos "riquinhos" da Colômbia, o sentimento nazista do atual presidente e a cega ambição dos negociantes das armas e a violência."

Porque a esquizofrênica obsessão de Álvaro Uribe é a guerra, sonha com a paz dos cemitérios , com a terra arrasada; sua grave doença mental é visível nas fascistas detenções em massa com que pretende intimidar a luta popular; é também nas reiteradas exigências aos comandos militares por resultados medidos em litros de sangue derramado, ignorante ele das realidades do campo de batalha; seu estado mental também se manifesta nas fulminantes e humilhantes destituições públicas de oficiais, pelos fracassos sofridos numa confrontação que diariamente enfrenta em múltiplos cenários as forças em conflito, onde não tem o sabor da vitória para o Governo. No ano 2003, por exemplo, as FARC combateram em 4.447 oportunidades contra a força pública e os paramilitares (média de 12,18 por dia), em onde teve 5.291 mortos entre militares, polícias e paramilitares e 4.701 feridos. Sem contabilizar nestes totais, as baixas não confirmadas em mais de 919 situações (combates, emboscadas e minados onde é fisicamente impossível saber os resultados). Em todas estas ações recuperamos 356 fuzis, 7 morteiros, 6 metralhadoras e 12 lança-granadas, avariamos helicópteros em 99 ocasiões e destruímos 12, derrubamos 5 aviões e avariamos 41, destruímos uma embarcação blindada e avariamos 4, também destruímos um tanque blindado e danificamos seis.

No ano 2003 morreram em combate 542 guerrilheiros e 77 milicianos, e foram feridos 321 e 13 milicianos, cifras que indicam a dureza da confrontação Nos três primeiros meses do ano 2004 os choques se apresentaram da seguinte maneira: Ações militares 1.152 (12,8 por dia) que fizeram 1.373 mortos entre militares, polícias e paramilitares e 818 feridos. Nas FARC tivemos 43 mortos e 29 feridos. E assim, enquanto Colômbia contínua adentrando-se nos imprevisíveis espaços de uma guerra civil, gasta-se mais de 4.5 % do PIB no terror da violência oficial (sem contabilizar as ajudas do Governo dos EUA).

Enquanto crescem de maneira alarmante as estatísticas por mortes violentas em todo o território nacional, pretende-se no imediato e pelas vias parlamentares, ampliar os poderes autoritários do presidente e dos altos comandos militares, para atropelar ainda mais à população civil, porque na verdade, estas erradas decisões ditatoriais, em pouco ou em nada afetam a quem estamos levantados em armas contra a ignomínia oligárquica.

Ante o descontrolado gasto uribista na guerra, orientamos a sabotagem econômica que procure pôr freio ao ilimitado crescimento do orçamento oficial para a execução do Terrorismo do Estado. Nesse marco, entre o ano 2003 e o que vai corrido do 2004, entre outras ações, derrubamos 151 torres de comunicações e energia, também golpeamos em 77 ocasiões poços de petróleo, oleodutos, poliductos, sonda, subestações da Empresa Petroleira ECOPETROL, estações de bombeamento de petróleo e, no caso particular do oleoduto transandino, destruímos-lhe 3.510 metros.

Com a autoria intelectual do Departamento de Estado e do Pentágono, e com a intervenção direta de oficiais de inteligência do exército norte-americano, está-se realizando uma gigante operação militar com a força mercenária oficial. Por exemplo, para o sul-este do país estamos informando que por ordem presidencial dita força avança em procura dos prisioneiros de guerra em poder das FARC, têm mobilizado forças conjuntas nos seguintes lugares:

San Vicente Las Delicias Cortina Verde. San Vicente-Campo Formoso. San Vicente Porto Lozada y Maríbás I e II. Macarena Morrocoy Jordán La Zorra El Turpial Yaguará e Filo Quinche. Desde a Macarena pelo rio Guayabero abaixo. Uma brigada móvel enviada para Cachicamo - Bocas do rio Perdido - com o rio Lozada e pela via de Tober. Pelo sul apareceram tropas de Cartagena do Chaira no lugar chamado Los Cauchos, rumo aos Lobos, com a finalidade de consolidar um corredor com as tropas que estão em Cidade Yarí e a pista aérea de Caquetania.

Há 40 anos que o Estado Colombiano, de maneira cíclica e recorrente desata frenéticas ondas de violência contra o povo colombiano sob o pretexto de liquidar as guerrilhas revolucionárias das FARC. Para isso, entregou a soberania nacional ao governo de Washington, aproximando o país cada vez mais aos umbrais da invasão norte-americana.

Por isso, estamos convocando os colombianos que se unam a nós contra a agressão norte-americana que de maneira disfarçada está domesticando Uribe Vélez e que avança inexorável em forma de assessoria militar principalmente através do Plano Colômbia.

Chamamos aos Oficiais da força pública, que amam de verdade a Colômbia, que juraram fidelidade à causa bolivariana e que anseiam a solução política do conflito, a que dialoguemos, como o tem proposto o Comandante Manuel Marulanda.

A crueza das cifras referidas à confrontação militar em Colômbia nos leva a reiterar nosso apelo por construir um Novo Governo que conduza o país rumo à solução política do conflito, a democracia, a soberania e a justiça social. SECRETARIADO DO ESTADO MAIOR CENTRAL DAS FARC-EXÉRCITO DO POVO. MONTANHAS DA COLÔMBIA, 18 DE ABRIL DE 2004

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