A Semana Revista

Os resultados da sede de ingerir nos assuntos internos de estados soberanos, sintoma do movimento expansionista anglo-saxónico, que de vez em quando surge nos anais da história, se viram mais uma vez em Kosovo, na mesma semana em que fez o primeiro aniversário da guerra no Iraque, baseada em falsos pretextos.

Kosovo – onde a NATO nunca deveria ter entrado

Em 1999, Presidente Clinton e Primeiro-Ministro Blair deram início ao primeiro acto visível da existência da onda imperialista anglo-saxónica, atacando a República Federal da Jugoslávia sem qualquer razão, um acto de chacina que vitimou milhares de pessoas, deixando largas áreas do território inabitáveis devido ao uso de armamentos com Urânio Empobrecido.

Nunca entenderam que Kosovo é o berço da nação sérvia e nunca entenderam que os kosovares albaneses co-existiram em paz com os sérvios até que apareceu o KLA (Kosovo Liberation Army), ou ELK (Exército de Libertação de Kosovo) ou UÇK (Ushtria Çlirimtare ë Kosovës). Este “exército” foi responsável por actos de chacina, não só contra sérvios. Um número substancial dos “refugiados” albaneses em 1999 se dirigiram para Leste (na direcção da Sérvia) e não para o Oeste (Albânia), principalmente grupos de mulheres mais bonitas, que procuravam refúgio junto às forças de ordem, nomeadamente os polícias e militares sérvios. Para fugir do UÇK, que vendia sua própria gente para redes de prostituição em Itália.

Não impediu membros do Congresso norte-americano receber membros do UÇK em Capitol Hill, para programar o desmembramento da Jugoslávia, apoiando forças muçulmanas (que contavam também com o apoio de elementos fundamentalistas islâmicos, que os EUA gosta de rotular de “Al Qaeda”) no seu ataque contra as forças sérvias eslavas.

O resultado deste acto imperialista e assassino, em que milhares de civis morreram nos assim-chamados “danos colaterais” , foi o desmembramento do tecido social da Província de Kosovo, culminando na expulsão dos sérvios das suas casas e um jorrar de albaneses para dentro da região. Cinco anos mais tarde, o mundo testemunhou a barbaridade dos acontecimentos desta semana: 28 mortos, 600 feridos, centenas de lares destruídos…numa região em que os dois povos (entre outros) viviam em paz durante décadas.

Um belo exemplo da ingerência de Washington.

Só falta saber agora aonde vai o dinheiro proveniente das redes do tráfico de heroína que seguiu ao aparecimento do UÇK…admirem-se.

Rússia: Ganhou V V

Vladimir Vladimirovich ganhou as eleições presidenciais russas. Deixou de ser notícia, foi um dado adquirido. Apesar do disparate escrito em vários órgãos internacionais, Vladimir Putin é o homem em que a maioria dos russos depositam suas esperanças que num futuro próximo, possam viver com alguma semelhança do conforto que tiveram na União Soviética.

Primeiro aniversário da Operação Iraque Livre

Liberdade e Democracia à americana, começou há um ano. Depressa se viu que nem tudo corria bem, pois as manifestações visíveis nas estações de TV não norte-americanas ou britânicas em apoio a Saddam Hussein eram muitas e quem viu aquela cena do derrube da estátua de Saddam Hussein numa praça em Bagdade duma câmara não controlada pelas forças invasoras, teria visto que “a multidão de milhares de pessoas a gritar em alegria” não foi mais do que 34 pessoas estupefactas e dois desordeiros, que pediram ajuda aos norte-americanos para fazer um acto de vandalismo.

Dez mil pessoas foram chacinadas pelas forças invasores, num ataque tão violento que até hoje, passado um ano, muitas infra-estruturas civis ainda estão por construir, nomeadamente redes de saneamento básicas, redes de fornecimento de gás, de água, de electricidade. Desde quando eram infra-estruturas civis alvos militares?

Liberdade e Democracia à americana se traduzem na obliteração de dezenas de milhares de pessoas, mortas ou mutiladas, no uso de bombas de fragmentação em áreas civis. Liberdade e Democracia à americana se traduzem em 30% da população sem emprego. Liberdade e Democracia à americana se traduzem na imposição duma constituição sem sufrágio público, na escolha dum conselho governativo sem qualquer processo democrático, no acto de tirar todos os membros do Partido Ba’ath das suas posições, arbitrariamente, sejam eles dirigentes ou professores, funcionários públicos, escriturários…

Liberdade e Democracia à americana viu firmas como o Halliburton ganhar contratos no Iraque sem qualquer concurso…essa não é liberdade, essa não é democracia.

As manifestações a volta do mundo depois do derrube do governo fascista de José Maria Aznar na Espanha viu que vale a pena os dirigentes políticos da esquerda manterem sua fé e motivarem as pessoas, que sabem responder porque o espírito democrático está bem vivo e bem capaz de reagir às acções do clique cripto-fascista dirigido pelo regime de Bush e suas sicofantas nojentas em Portugal, no Reino Unido, na Austrália, em Polónia, na Itália, já não na Espanha.

O povo espanhol disse Basta! no Domingo passado, fazendo eco da vontade popular a volta do mundo. Bush, Cheney, Rumsfeld, Rice, Wolfowitz, Powell (que foi contaminado), Blair, Barroso, Berlusconi sabem que a escrita está na parede. Resta agora saber se vão com dignidade democrática ou se vão cozinhar mais algum prato.

África Acorda

A sessão inaugural do Parlamento Pan Africano foi uma afirmação concreta do despertar deste continente, que toma as rédeas do seu destino firmemente entre as mãos, que enfrenta os desafios com solidariedade e camaradagem, que tem orgulho de ser africano. A escolha da tanzaniana Gertrude Mongella como presidente do Parlamento Pan Africano no dia 18 de Março foi uma confirmação do empenho deste continente na vontade da implementação de igualdade de género. Já não é promessa, é um facto.

Cabe ao resto do mundo ajudar a União Africana na instalação da Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano (NEPAD), nos termos seguidos por este continente, não os padrões ocidentais, que levaram a África para o caos em que tem vivido até hoje.

Lição na gestão de crises

Os líderes da Geórgia e da Adzharia deram uma lição ao resto do mundo sobre a resolução das crises, sem tiros, sem mortos, sem invasões. Falaram, conversaram. Debate, diálogo, discussão – os preceitos fundamentais da democracia, viva e tangível entre estes estados da CEI, onde os Estados Unidos da América teimam em interferir.

Novruz – Primavera

Novruz, o Novo Ano, foi celebrado este final de semana na Ásia central. É uma celebração que data dos tempos pré-islâmicos, reconhecendo o novo ano agricultural. Come-se trigo e legumes, num festival de alegria, da paz e de renovação. A ver se em 2004 o estado de direito é reposto neste mundo, onde as normas diplomáticas e a lei internacional levaram uma facada nas costas do grupo de fascistas e sicofantas acima referido.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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