A Semana Revista

Putin seguro

A uma semana da eleição presidencial, em que a única dúvida será por quanto Vladimir Putin ganha, o processo governamental está pronto para um prosseguimento calmo e sem ressaltos, porque o Presidente russo soube conduzir a transição do seu primeiro termo para o segundo com grande astúcia política.

Com a nomeação de Mikhail Fradkov confirmada e aceite pela DUMA, Vladimir Putin verá no próximo Domingo e legitimação pela população do seu estatuto e do seu programa. As declarações de Fradkov são os objectivos do Presidente, nomeadamente uma reforma fiscal, diminuindo a carga sobre a população e aumentando o nível de vida, enquanto simultaneamente se procede a uma reforma das Forças Armadas.

Relativamente à política externa, a continuação de Putin é uma continuação duma Federação Russa que zela pela paz, pelo aumento de iniciativas bilaterais e por um mundo que é uma fraternidade de nações, que utilizam a ONU para a discussão dos diferendos, não as armas.

Bush inseguro

Os cem milhões de dólares atrás da campanha de reeleição de George Bush dizem tudo: o tecido corporativo que gravita a volta da Casa Branca anda inseguro. John Kerry, senador de Massachusetts, proclama que a mudança vem para a América e o campo de Bush sabe que a comunidade internacional prefere um presidente contido e racional a um desmedido e irracional como Bush se tem mostrado.

Curiosamente, a grande cartada jogada por Bush é precisamente a Segurança e 9/11 vai figurar em lugar de destaque na sua campanha, evitando os assuntos reais que afectam os norte-americanos: três milhões de empregos foram perdidos nos quatro anos de Bush, enquanto os ricos ficaram mais ricos e a classe média mais pobre.

Criando um clima de incerteza e insegurança, Bush espera que os norte-americanos irão votar numa continuação daquilo que ele chama “uma liderança forte e sólida” mas que o resto do mundo chama um regime agressiva, arrogante, incapaz de compreender a ordem internacional, incapaz de respeitar as suas obrigações perante a lei internacional, um regime que cometeu um acto de chacina em grande escala, numa guerra ilegal baseada em mentiras e tentativas de forjar documentação, fazendo de Bush um mentiroso, um assassino, um criminoso de guerra com o sangue de milhares de pessoas nas suas mãos.

Porém, Kerry tem vasta experiência em assuntos internacionais e é um perito em questões de segurança. O seu livro, a Nova Guerra, escrito em 1997, traça as linhas-guia governando a segurança nacional dos EUA no século 21. Os norte-americanos por isso não irão votar por Bush ou Kerry por razões da ordem internacional nem por medo duma repetição do 9/11 (porque se iria repetir, ter-se-ia repetido). Vão votar por razões que os afectam directamente, baseando sua decisão em argumentos relativos à economia interna.

Caos no Iraque, legado da política externa de Bush

Quem sabe ler o mapa do Crescente Fértil, sabe que remover o ponto de equilíbrio no Iraque seria provocar um caos. George Bush e seus dirigentes da política externa não souberam ler o mapa e o resultado é bem visível. O Iraque se encheu de elementos extremistas, que não estavam lá durante a presidência de Saddam Hussein, e a guerra civil parece cada vez mais provável com cada dia que passa. Só não irá acontecer se a maturidade cívica e política dos cidadãos for maior à sede de vingança pelas barbaridades perpetradas. A ver vamos.

No dia 2 de Março, quase duzentas pessoas morreram na sequência duma série de ataques por bombistas no dia de Aashoraa, o dia mais santo no calendário dos xiitas.

Se os Estados Unidos da América não tivessem travado esta guerra sem qualquer lógica ou fundamento, Iraque seria hoje um país estável. O argumento que seria também uma ditadura não tem relevância, pois cabe a cada povo escolher o seu sistema político, não cabe às forças armadas de nações estrangeiras decidir por si. Seja qual for o resultado da entrega de poder em 13 de Junho, o Iraque será um país instável por muitos anos. É este o legado de Bush. Foi longe demais, agiu depressa demais e terá de pagar pelos seus erros.

Para os que duvidam desse argumento, uma pergunta simples: onde estão as Armas de Destruição Maciça?

Voronezh – tensões étnicas

A morte dum estudante de medicina de Guiné-Bissau na cidade russa de Voronezh e o esfaqueamento duma cidadã russa por africanos fez com que esta cidade fosse o centro das atenções relativamente às relações entre a população local e os estudantes.

Há que dizer em primeiro lugar que a Rússia é um país multi-étnico e o tecido social do país não pertence a um determinado grupo ou outro, é composto por centenas de culturas diferentes, cada uma com seu lugar, cada uma orgulhosamente expressa e defendida.

O que aconteceu em Voronezh nada tem a ver com a atitude da população da Federação Russa. Tem a ver sim com um bando de elementos socialmente inadequados que rapam a cabeça, usam botas e pintam suásticas nos braços, afirmando-se como os guardiães da cultura russa. Se tivessem algo entre as orelhas, veriam que estão a usar o símbolo que causou a morte de milhões de cidadãos soviéticos.

Violência étnica não tem lugar em qualquer sociedade. Nem “skinheads” tampouco.

Moçambique – onde a vida duma criança vale o preço dos órgãos

As autoridades confirmaram e depois desmentiram que crianças de bairros pobres estão a ser mortas e seus órgãos traficados… mas as crianças continuam a desaparecer e uma freira brasileira foi violada e morta porque ficou perto demais da verdade.

Sem palavras. Não se pode culpar um país ou um governo por ultrajes destes, mas sim por encobrir a verdade.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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