A Semana revista

Vladimir Putin mostra aos russos e ao mundo que ele é o grande protagonista da cena política russa e que todo o sistema gravita a volta dele, a três semanas das eleições presidenciais, em 14 de Março. Fora da Rússia, a farsa do caso contra Slobodan Milosevic chega ao segundo ano, Londres e Washington são acusados de espiar contra a ONU, Washington conhece mais um desastre na sua política externa chamada Aristide e a gripe das aves continua a assustar a comunidade científica.

Vladimir Putin demite governo

Para chegar a Mikhail Kasyanov, o último político no executivo ainda ligado a Eltsin, Vladimir Putin teve de demitir o governo. Por assim fazer, deixa espaço para dar legitimidade ao executivo durante as eleições presidenciais, porque de certa forma, a equipa que ele escolhe terá o sufrágio da população no acto de votar nele, o que é já uma certeza.

Viktor Khristenko, 47, de Chelyabinsk, economista, é o escolhido para substituir Kasyanov, pelo menos interinamente. Um homem de Putin, não de Eltsin. Terminou a era do Eltsinismo, colocou-se um ponto final sobre as políticas feitas por ligações pessoais e não necessariamente no benefício do país.

Milosevic: A farsa continua

O Tribunal Penal Internacional da Haia é um utensílio da OTAN, a organização que cometeu chacinas contra civis na Jugoslávia e que decidiu levar Slobodan Milosevic a Tribunal para encobrir seus próprios crimes. A ironia é que foram os EUA que pressionaram Dzindzic para passar a legislação necessária para levar Milosevic ao TPI na Haia, um tribunal que Washington não pode reconhecer porque tem medo das consequências – não quer ver norte-americanos julgados pelos crimes de guerra que cometem.

Nem a legislação de Dzindzic estava em ordem – sob a lei federal jugoslava e da Sérvia, era necessário uma decisão por uma maioria do governo, que não foi o caso. Por isso, Milosevic está preso ilegalmente, vítima dum acto de rapto. A farsa começou ainda antes do caso iniciar, com a procuradora Carla del ponte a declarar publicamente que Milosevic era culpado, demonstrando que tipo de advocacia ela pratica.

Dois anos depois, a acusação termina seu caso, não tendo sido capaz de provar nada contra Milosevic, que tem dois anos para apresentar sua defesa.

Washington e Londres, os maus rapazes outra vez

Não acertam nenhuma ultimamente, estes dois. Faz pensar que durante a Guerra Fria, terão sido estes dois os anjos dourados da liberdade e democracia, ou terá sido a União Soviética afinal um bastião de legalidade que lutava sozinho contra estes dois seguidores do Mal?

Esta semana, Claire Short, ex-ministra de Blair no governo do Reino Unido, fez declarações chocantes, que espiões britânicos tinham feito escutas no escritório de Kofi Annan e nos escritórios utilizados por membros do Conselho de Segurança, para arranjar material para servir de pressão para apoiarem a guerra favorecida por Washington e Londres. A mando de Washington, claro.

Desafiada por Blair, que não confirmou as declarações mas chamou-as um acto de grande irresponsabilidade, Claire Short agora diz que vai fazer cair o Primeiro-ministro britânico se ele terminar a carreira política dela.

Quanto mais baixo podem os Estados Unidos da América e o Reino Unido descer?

Aristide, mais um desastre preparado por Washington

Por quê será que Washington não consegue deixar as outras nações gerirem os seus assuntos internos?

Jean-Bertrand Aristide, um antigo padre que foi tão impopular com a igreja que foi expulso da sua ordem religioso em 1988, seis anos após seu ordenamento, teve agora de fugir de Haiti pela segunda vez na sua curta carreira política de 14 anos.

Ganhou as eleições de 1990 mas quatro anos depois, um golpe de estado militar esforçou-o a procurar refúgio nos Estados Unidos da América, que o instalou outra vez por força, com 20.000 tropas. Não pôde participar na eleição de 1995, por ser o segundo termo consecutivo mas conseguiu ser reeleito em 2000, numa eleição boicotado pela oposição, que contestou os resultados.

Desde então, as reclamações contra seu estilo autoritário têm aumentado e pela segunda vez é expulso do país para exílio. Por qualquer razão será. Washington do lado errado mais uma vez.

Gripe das Aves – a grande ameaça

A comunidade científica continua a vigiar a gripe das aves por perto, enviando especialistas para a região do sudeste da Ásia, depois da morte de 22 pessoas e milhões de aves.

Mais preocupante, pela terceira vez conseguiu saltar a barreira da espécie, saltando para humanos, porcos e agora felinos, matando dois gatos domésticos e um leopardo em Bangkok.

O vírus, H5N1, fortemente patológico, ainda não se ligou ao vírus de gripe humano. Se conseguir fazer esta mutação, teme-se outra pandemia da escala da gripe espanhola em 1918/1919, que matou cerca de cinquenta milhões de pessoas a volta do mundo.

Se o homem juntasse todos os seus recursos e não desperdiçasse tanto em armas de destruição maciça, se sentasse com seus irmãos em vez de lançar revoltas que mais cedo ou mais tarde, criam monstros, o mundo seria muito mais seguro e muito melhor.

O eixo formado por Moscovo, Brasília, Paris, Berlim e Pequim parece ter cada vez mais razão e cada vez mais substância. José Barroso cobardemente fez com que Lisboa seguisse obedientemente os passos do seu mestre, perdendo qualquer razão e qualquer estatura nos anais da diplomacia internacional. Estragou assim qualquer coisa de bom que ele fez no passado.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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