A Semana Revista

Tragédia em África

Continente esquecido, continente espoliado, continente violado, continente ultrajado. África chora sozinha enquanto as grandes potências continuam a saquear seus recursos e teimam em criar todas as condições para a maioria dos países africanos não se assumirem como membros plenos em pé de igualdade da comunidade internacional e para não terem qualquer hipótese de competirem com os Países Mais Desenvolvidos.

O ataque contra um campo de refugiados pelos rebeldes ugandeses “Exército de Resistência do Senhor”, liderado por um louco que se chama “God” (Deus), deixa 170 pessoas mortas e como é habitual, dezenas de moças raptadas para serem escravas sexuais antes de serem infectados pelo vírus de HIV/SIDA. Um futuro risonho.

Em outras paragens da África, mais precisamente na Costa de Marfim, moças com idades entre 12 e 15 vendem seus corpos por 100 CFA (o equivalente a 20 cêntimos norte-americanos), o mesmo preço dum preservativo. O resultado: não se vende o preservativo ao cliente e se apanha SIDA. Porque tiveram de se prostituir para sustentar as suas famílias para que não morressem a fome.

Mas o circo continua. Inventam guerras e chacinas e ultrajes, continuam as batalhas e a mortandade, vendem-se os sistemas de armamento que mantêm milhares de pessoas nos seus empregos na União Europeia, nos Estados Unidos da América, disparam as armas e os morteiros, matando mas simultaneamente providenciando os alicerces das economias dos Países Mais Desenvolvidos enquanto nos menos desenvolvidos morrem a fome e com doenças.

No plano positivo, Cabo Verde viu esta semana uma alteração do seu estado para País de Desenvolvimento Médio pela ONU, fugindo assim do rótulo cruel “Terceiro Mundo”, rótulo este inventado por regimes que muitas vezes se comportam com barbaridade. Irão: O povo (não) escolheu?

Os conservadores venceram as eleições parlamentares no Irão, embora que em algumas cidades menos que 10% dos eleitores apareceram nas urnas. Para castigarem 4 anos de governo pelos reformistas? Ou porque o afastamento de milhares destes (pelos conservadores) das listas eleitorais praticamente selou o resultado ainda antes da primeira pessoa entrar na sua secção eleitoral?

No entanto, deve dizer-se que cabe ao povo iraniano eleger, ou não, quem bem entender e cabo ao resto do mundo aceitar sem comentários azedos. Se dizem que os Mullahs conservadores e o Ayatollah Khamenei são retrógrados, é uma opinião, e nada mais. Quem tem o direito de julgar outras culturas ou se intrometer nos assuntos internos de países soberanos?

Imprensa Ocidental a espera de uma catástrofe nos exercícios militares na Rússia

Pois, mas não aconteceu. No primeiro dia dos exercícios para testar os sistemas de comando e controlo, lá estavam os órgãos de imprensa cheios de tinta, citando “fontes anónimas” da Marinha Russa que afirmaram que dois mísseis tinham ficado presos nos tubos do submarino Novomosskovsk. Para dar fundamento às suas mentiras, estes órgãos foram estudar os planos militares dos exercícios, divulgados anteriormente pelas autoridades russas, e chegaram à conclusão que eram esses os mísseis que deveriam ter chegado ao seu alvo em Kamchatka, no extremo oriente russo.

Disparate. O acto de disparo destes mísseis foi planeado para ser virtual, um disparo electrónico. Outros mísseis no dia seguinte, disparados nas bases espaciais de Plesetsk e Baikonur chegaram a este alvo, enquanto outro, disparado pelo submarino Karélia, foi destruído pelo sistema automático 98 segundos depois do disparo, por ter desviado da sua rota.

Destino diferente houve no Iraque, onde um morteiro disparado pelos soldados norte-americanos desviou da sua rota e matou uma moça de dez anos e seus pais. Não se destruiu por nenhum sistema. Matou. Civis.

Com estes exercícios, a Federação Russa prova ao mundo que consegue efectuar um exercício militar de grande escala, desde a Islândia, onde estavam seus bombardeiros estratégicos com mísseis cruzeiro, até Kamchatka, no Extremo Oriente. Portanto, conseguiu realizar com sucesso uma operação em que suas forças se estenderam entre três continentes, testando os sistemas electrónicos e a cadeia de comando e controlo, que funcionou com grande precisão.

Rússia se confirma assim uma super-potência na mesma semana em que um inquérito revelou que o desejo da maioria dos russos é ver seu presidente restaurar este estado ao seu país. Temos agora uma Federação Russa que não é uma ditadura militar, uma Federação Russa que respeita todas as normas de democracia interna e externamente, respeitando a lei internacional e pregando o mesmo discurso de sempre, nomeadamente a paz e a fraternidade entre as nações – irmãos que vivem a volta dum lago comum.

Poder-se-á dizer a mesma coisa acerca dos Estados Unidos da América?

É Carnaval

Os brasileiros, como sempre, mostram ao resto do mundo o que é uma festa e que quando o Brasil quer, consegue realizar também exibições em grande escala, numa explosão não de mísseis mas de alegria, numa sintonia não de sistemas electrónicos de armas mas de calor humano.

É por isso que a Rússia ama o Brasil.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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