Tortura, prisão sem processamento legal, sem acusação, sem acesso a advogados ou familiares. Não é Auschwitz e os guardas não são o SS de Hitler mas sim, a basa norte-americana de Guantanamo e os guardas são dos Estados Unidos da América.
Começou há 18 meses, com a maioria dos 660 prisioneiros levados a Guantanamo, Cuba, a partir do Afeganistão, depois do fim do conflito entre a coligação anglo-americano contra os Talebã, privados de sono pela falta de sombra contra os hotofotes à sua volta.
Sem acesso a advogados, sem sequer serem sentenciados, alguns vítimas de alegados abusos corporais, sem qualquer informação sobre o início do processamento jurídico e sem qualquer ideia sobre quando poderão sonhar em iniciar uma nova etapa das suas vidas com princípio e fim, os prisioneiros de Guantanamo representam o grupo de detidos que mais tentativas de suicídio fizeram – 32 em 18 meses.
Donald Rumsfeld já declarou que os prisioneiros poderão ser detidos até que acabar a guerra contra o terrorismo, uma afirmação tão vazia como o olhar deste...senhor. De facto, Guantanamo está encoberto por uma manta de secretismo, uma mortalha de escuridão em que morrem, lentamente, os detidos.
Se bem que alguns deverão saber a razão por estarem em Guantanamo, não é de descartar que também há outros que não sabem. Porque na ausência dum processamento judicial, não há factos concretos para servir como fundamento para um caso legal e de qualquer forma, de acordo com as normas legais internacionais, os detidos são inocentes até que for provado o contrário.
A situação para os detidos (provenientes de cerca de 40 países) começa a preocupar a Cruz Vermelha Internacional, que declara “as autoridades dos EUA colocaram os detidos em Guantanamo fora do alcance da lei. Isso quer dizer que após mais do que 18 meses de captividade, ainda não sabem nada sobre seu futuro e não têm qualquer possibilidade de aceder a qualquer processo de recurso através de qualquer mecanismo legal”.
As autoridades dos Estados Unidos da América afirmam que os detidos estão em Guantanamo porque têm informação que poderá ser muito útil a Washington. Dezoito meses depois, ainda se lembram dessa informação e ainda será relevante?
O regime de George Bush em Washington é não só uma vergonha para os estados Unidos da América mas também para toda a Humanidade. Esta onda de pura Maldade Que grassa a volta do mundo é uma revisitação do íncubo de Fascismo, um renascimento do Demónio em carne humana.
Meio século depois, temos entre nós na comunidade internacional um paria perigoso que desrespeita as normas legais, diplomáticas e humanas. É preciso as forças do Bem se unirem e basear sua acção nas linhas-guia já traçadas pela ONU. Unidos e firmes, vercerão o Mal.
Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru
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