Lula: Responsabilidade da ONU no oriente Médio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, durante comemoração dos 50 anos do clube A Hebraica, em São Paulo, que a ONU tem que assumir seu papel no processo de negociação entre Israel e a Autoridade Palestina. O "problema da paz" no Oriente Médio, segundo o presidente, não pode ser uma preocupação exclusiva dos Estados Unidos, mas de todos os países do mundo. Lula disse que irá cobrar essa posição das Nações Unidas quando for à Assembléia Geral no próximo dia 23. "Eu acho que os inocentes judeus e os inocentes palestinos merecem uma chance de viver em paz", disse ele, sendo ovacionado por centenas de empresários e lideranças judaicas e árabes.

"Eu tenho defendido em todos os fóruns internacionais que o problema da paz no Oriente Médio não é dos Estados Unidos, mas de todos os países do mundo. Nós temos a obrigação de fazer com que a ONU assuma seu papel de se responsabilizar por tentar garantir a paz no Oriente Médio", afirmou.

Bem humorado, o presidente disse que se tivesse algum jornal de Israel acompanhando o evento na Hebraica, que "estampasse" uma foto de todos os presentes, talvez inspirasse e "arejasse a cabeça dos políticos de lá". Em sua opinião, isso mostraria que, apesar das diferenças, é possível que todos convivam em paz. Ele afirmou que gostaria que a experiência judaica no Brasil servisse de inspiração para os povos do conturbado Oriente Médio, de que "violência só gera violência". "Vocês mostram que encontraram um lugar que lhes permite viver em paz junto seus irmãos árabes", disse.

O presidente ressaltou o fato de ter encontrado uma fundadora do PT no clube, que se dizia muito orgulhosa de recebê-lo ali. "Sou a peça de uma relação nem sempre cordial com a comunidade judaica", disse, acrescentando que sua visita era uma demonstração viva da "evolução do ser humano" e da superação do preconceito. "Nada pode ser melhor para o ser humano que a harmonia, a compreensão, a convivência política, mesmo na adversidade". O presidente provocou risos ao dizer o jantar mais parecia uma "torre de Babel" de autoridades prestigiando meio século da entidade.

Contribuição judaica Com o "coração palpitando de alegria" Lula agradeceu à comunidade judaica por tudo que tem feito pelo programa Fome Zero e pela cidade de Itinga, no Vale do Jequitinhonha. Ele reafirmou a necessidade da sociedade assumir a responsabilidade de resolver os problemas do país e de combater a fome. "É impensável imaginarmos que o poder público por si só vá resolver os problemas que vêm se arrastam ao longo de décadas. Eu estou convencido de que a sociedade brasileira precisa assumir a responsabilidade de recuperar o tempo perdido. Combater a fome é uma dádiva de Deus", afirmou.

O presidente questionou o custo para o país de não ter alfabetizado seu povo e não ter feito a reforma agrária, além de manter 50 milhões passando fome. O presidente criticou os políticos que preferem gastar bilhões para destruir, em vez de minimizar a fome de milhões pelo mundo.

Neste ponto, o presidente emocionou a platéia ao lembrar a perseguição milenar que persegue o povo judeu. "O povo judeu, mais do que ninguém, sabe a importância de um gesto de solidariedade, por isso reitero o apelo, pois a luta contra a fome está apenas começando".

Vale do Jequitinhonha Durante o evento, a Hebraica exibiu para os convidados um vídeo sobre a cidade de Itinga, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A Hebraica integra projeto de adoção de cidades carentes e, em Itinga, contribui para melhoria dos sistemas de distribuição de água e da saúde, além de projetos educacionais da cidade de 14 mil habitantes. "Itinga é uma comunidade miserável, mas de uma competência cultural e criativa que só precisa de uma oportunidade, e vocês a estão dando", declarou Lula.

450 anos de diversidade A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, falou da importância da comunidade judaica na história de São Paulo e do trabalho de solidariedade que realizam. Ela arrancou aplausos dos convidados ao citar duas colaborações recentes aos Centros Educacionais Unificados (CEUs), vindas do Hospital Albert Einstein e do empresário Ivo Rosset. Foram doações de exames médicos gratuitos e cem mil maiôs para as crianças carentes das escolas, que não poderiam usar as piscinas municipais por falta de vestuário adequado. "Foi uma demonstração da solidariedade do povo judeu", disse.

Também participaram do jantar comemorativo os ministros da Casa Civil, José Dirceu; do Trabalho, Jacques Vagner; do Desenvolvimento, Luís Fernando Furlan; da Segurança Alimentar, José Graziano; do Planejamento, Guido Mantega, e dos Tranportes, Anderson Adauto e O governador Geraldo Alckmin.

Partido dos Trabalhadores

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