As dificuldades enfrentadas na OMC (Organização Mundial do Comércio) pelo grupo G-21 (grupo dos países em desenvolvimento, liderados pelo Brasil, que entraram juntos nas negociações da rodada de Cancún, na OMC) não foram suficientes para desanimar a delegação brasileira, chefiada pelo chanceler Celso Amorim.
O jornal Folha de São Paulo, desta segunda-feira, destacou que, segundo Amorim, o G21 ou G20Plus (com a adesão da Nigéria e Indonésia), como prefere o chanceler saiu fortalecido pelo fato de que a criação do G21 "aumentou nossa capacidade de negociação".
Para Amorim, a intenção do G21 é continuar as negociações sobre agricultura "do ponto em que paramos", o que significa aprofundar as negociações a partir do esboço, cujas emendas discutidas em Cancún caminham na direção de uma diminuição gradual dos subsídios agrícolas, ainda segundo divulgou a Folha.
O jornal o Estado de São Paulo destacou o que o chanceler chamou de "revés", em vez de fracasso. Destaca que o ministro reconheceu progressos para os países em desenvolvimento. "Fomos capazes de mostrar o que pode fazer um grupo de países em desenvolvimento unidos não por uma bandeira ideológica, mas por um tema concreto, a agricultura, o mais importante assunto ainda inconcluso da OMC", afirmou Amorim.
Polêmica
O ponto que se esperava maior polêmica a questão dos subsídios agrícolas acabou se encaminhando para uma decisão que aponta para negociar a redução gradual dos subsídios.
No entanto, o que foi chamado de "fracasso" pelos participantes, principalmente pelos Estados Unidos e União Européia, ficou por conta das discussões sobre investimentos, regras de concorrência, facilidades para o comércio e transparência nas compras governamentais.
OMC em xeque
Para o ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, um dos integrantes da comitiva que participou das discussões em Cancún, a falta de um acordo sobre a redução dos subsídios agrícolas na reunião de Cancún, no México, coloca a Organização Mundial do Comércio (OMC) em "xeque".
Segundo Rodrigues, em entrevista à Agência Brasil, o que vem ocorrendo na OMC "é uma espécie de procrastinação (adiamento) da efetiva discussão dos assuntos".
Rodrigues diz que, embora a equipe técnica do organismo multilateral venha trabalhando de forma "adequada", os países desenvolvidos não têm se importado com as atividades da OMC.
O ministro, destacou, também, a criação do G21. "Pela primeira vez , um grupo poderoso de países liderou e se articulou de maneira consistente a partir de uma ação do Brasil. O fato foi visto no mundo inteiro como a grande novidade da OMC. Foi a grande vedete", concluiu.
Partido dos Trabalhadores
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