Licitação da maior estatal brasileira está sob suspeita

O vazamento de informações sigilosas colocou sob suspeita a licitação para a escolha das agências publicitárias da Petrobrás, da ordem de R$ 250 Milhões, maior contrato de uma empresa pública do Brasil. Publicitários reagem ao vazamento e querem a nulidade da licitação.

Os nomes das três primeiras agências colocadas na primeira etapa da licitação (Heads, Quê e Dentsu) foram publicados no site Propaganda & Marketing às 11h51 de quinta-feira, 28, mais de duas horas antes da abertura dos envelopes com as propostas, marcada para às 14horas.

Apesar da desconfiança das outras 15 agências concorrentes, em comunicado, a Petrobrás informou que o processo seguirá seu curso normal. Na primeira etapa, que vale 70 pontos, os melhores resultados foram da Heads (60,9 pontos), Dentsu (55,7) e Quê (54,6), e na etapa seguinte estarão em disputa os 30 pontos restantes.

As duas primeiras colocadas (Heads e Dentsu) já têm a conta da estatal e lutam pela renovação. Fontes da Petrobrás asseguram que "não havia a menor possibilidade de o site ter conhecimento dos nomes das empresas vencedoras do processo antes da abertura das propostas", uma vez que os nomes ficariam desconhecidos da comissão de licitação até a abertura dos envelopes na sessão pública.

O vazamento gerou desconfiança e protestos por parte das demais agências participantes da licitação, que ameaçam pedir a suspensão da licitação. Para alguns publicitários, isso pode indicar um jogo de cartas marcadas. Em tese, tanto a comissão técnica como as 18 agências envolvidas no processo de licitação teriam acesso à informação sobre a primeira etapa do processo de concorrência somente à tarde, e não às 11h51.

"Não foi uma questão de vazamento de informação", diz um dos participantes. "Os envelopes estavam lacrados. Logo, ou o jornalista deu uma sorte enorme ao chutar com tanta precisão, ou as agências que deveriam ganhar a concorrência tinham seus números de identificação conhecidos e obtiveram as melhores notas."

As agências pediram à comissão de licitação da Petrobrás que constasse em ata que o resultado havia sido divulgado antecipadamente pela imprensa. Na nota publicada no site não há referências às notas atingidas: "As três agências, segundo fonte do propmark que acompanha o processo de perto, foram as mais bem pontuadas na etapa técnica da licitação encerrada quarta-feira, 27."

A editora Referência, dona do site, informou que as agências teriam recebido da Petrobrás, individualmente, as notas técnicas atingidas. Agências consultadas dizem que não conheciam sua pontuação.

O presidente do Grupo Ogilvy no Brasil, Sergio Amado, disse que, se for verdade que isso aconteceu, “é inaceitável, e a Petrobrás deve cancelar a concorrência e fazer um novo processo de licitatório".

ANTONIO CARLOS LACERDA

PRAVDA Ru BRASIL

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