Não é exagero dizer que a chamada Comunidade Internacional mais uma vez fracassou em impôr o respeito à lei internacional. A Coreia do Norte amedronta com suas ameaças por ter a bomba atômica. O engajamento diplomático não dá resultados. O Irã ignora todas as iniciativas visando convencê-lo a desistir de sua aparente determinação de se transformar em potência nuclear e ser o maior poder na região. Segundo foi noticiado, Mubarak, presidente do Egito, disse que Teerã quer engolir o mundo árabe.
Além de xiita, seita oposta à sunita que é a maioria dos muçulmanos, o Irã é um país persa. Os árabes são semitas. Obama assumiu em público que negociaria com qualquer iraniano que vencesse as eleições. Ele pode ter sido mal informado.
A reação do governo dos aiatolás contra as manifestações de rua pela anunciada reeleição do atual presidente, Ahmadinejad, vem sendo de extrema violência. Obama levantou sua voz em protesto. Mas a posse deverá ser no fim de julho ou princípio de agosto. Com ele, os americanos vão retomar o diálogo até agora fracassado. O iraniano reeleito vinha virando herói da massa árabe que admira quem desafia o mundo e, principalmente, Washington.
Acho graça quando comentaristas, principalmente americanos, dizem que o grande discurso de Obama no Cairo enfraqueceu o antiamericanismo. Criou sim, certas expectativas nas chamadas classes dirigentes: lideranças políticas, empresariais, setores da intelectualidade secular. Para a massa nada mudou. Talvez poucos tenham conhecimento da visita do presidente americano. Palavras é o que mais escutam. Admiram os movimentos radicais que lutam pela imposição da lei muçulmana, a Shaaria, que fala e promete igualdade. A maioria vive na miséria.
O presidente iraniano tem vasto prestígio. É provável que as maiorias tenham aceitado a versão de manifestações populares, inspiradas pelos americanos e israelenses. Não é grande o acesso a televisão ou a informações de origem estrangeira. Se os americanos retomarem tentativas diálogo estarão provando que Ahmadinejad tem razão em sua orientação anti-ocidental e ódio à Israel. Vale a força.
Há um consenso no Irã sobre a bomba atômica e o poder. A revolta reflete um conflito interno. A Comunidade Internacional - Estados Unidos e Europa - demorou a protestar contra a violência. Foi surpreendida. Não sabia o que fazer. Existem as mais diversas especulações sobre quando a bomba iraniana fará sua estreia. E se Obama vai conseguir comprar uma mudança de rumo o que não se conseguiu em anos. Mas vai prestigiar o governo iraniano.
O paradoxal é que o perigo mais imediato não está sendo divulgado. A ameaça maior no momento é o arsenal atômico paquistanês. O Taleban, a Al Qaeda e, ainda, versões de que o próprio Osama bin Laden, estão dentro do Paquistão. É notória a ambição dos movimentos terroristas de ganharem acesso às armas de destruição em massa. As químicas, as biológicas, as nucleares.
John Murtha, deputado americano e presidente do poderoso subcomitê da Câmara dos Deputados, cometeu o que pode ser uma indiscrição. Ele levanta como possível a hipótese do governo paquistanês perder o controle do seu arsenal nuclear. E que então seria absolutamente essencial que intervenhamos militarmente. E que é o que sugeriria.
Estima-se, de acordo com a Global Security Newswire do dia 24/4 e 12/5, que o Paquistão tenha o bastante para montar 60 bombas. O porta-voz do Pentágono, o Departamento de Defesa, é citado como tendo declarado que os Estados Unidos confiam na capacidade paquistanesa de defender seu arsenal. Murtha com 19 mandatos de deputado em sua carreira, ou 38 anos, é cético quanto a isto. O Paquistão tem 170 milhões de habitantes, é um país muçulmano com fronteira com o Afeganistão.
Além disso, como aliado dos americanos, o Paquistão não aceitaria se quer uma insinuação de falta de confiança de Washington. Mas que existe o arsenal, existe. As forças paquistanesas estão em combate com a Al Qaeda e o Taleban. E não há informações de que estão vencendo.
por Nahum Sirotsky, correspondente em Israel
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