Ao discursar por ocasião do Dia do Mar e do 130º aniversário da morte de Eduardo Abaroa, herói boliviano que combateu justamente durante o conflito com o Chile - travado entre 1879 e 1883 - o presidente Evo Morales reiterou o objetivo de obter o "retorno soberano ao [Oceano] Pacífico".
Ele reconheceu que "é muito difícil resolver um erro histórico promovido por uma guerra injusta", mas defendeu a negociação com o país vizinho para resolver o impasse de maneira pacífica.
"À margem destes problemas históricos, em primeiro lugar está a integração, e é lógico esperar que mediante o diálogo de país a país, sob o controle de nossos povos, resolvam-se estes problemas", disse ele.
O mandatário ressaltou, porém, que existem fatores "internos e externos" que dificultam o acordo. No cenário internacional, citou a discussão entre Chile e Peru que também diz respeito a questões territoriais.
Na semana passada, Lima apresentou ao Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda, um relatório em que defende o redesenho de sua fronteira marítima com o Chile. Para o presidente boliviano, a questão poderia "atrasar" a solução para o problema particular de seu país.
"Não quero pensar que ainda existam alguns países da região que tenham a intenção de prejudicar. Apenas eles saberão a que motivos se deve esta demanda", disse.
Ao falar sobre o contexto doméstico, o mandatário voltou a criticar os governos e comitês cívicos dos departamentos (estados) controlados pela oposição, que segundo ele disseram à imprensa chilena que teriam interesse em adiar a solução com o Chile "para evitar que Evo [Morales] se eternize o poder".
Devido ao conflito territorial, Bolívia e Chile mantêm relações diplomáticas rompidas desde 1962. Houve apenas um intervalo de reaproximação, entre 1975 e 1978, quando os países eram então governados respectivamente pelos ditadores Augusto Pinochet e Hugo Banzer.
Nos últimos anos, os agora presidentes Evo Morales e Michelle Bachelet tentam restabelecer a confiança mútua mediante uma agenda bilateral de 13 pontos básicos, entre os quais foi incluída a questão marítima.
Ontem, em entrevista à rádio estatal, o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, reconheceu que "houve avanço" no diálogo com o vizinho, mas indicou que as negociações específicas sobre a saída para o mar não foram bem-sucedidas.
"Estamos falando de mais de 100 anos de negociações e sucessivos fracassos diplomáticos. Foram promovidas várias reuniões, houve diálogo, mas não tivemos êxito", explicou o chanceler.
Texto: Ansa Latina
http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=ba304f3809ed31d0ad97b5a2b5df2a39&cod=3639
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