Bush ataca Irã e Síria mas viola a Convenção de Genebra

Irã e Síria, afirmou George Bush ontem na altura da recepção do Primeiro Ministro italiano Sílvio Berlusconi, estão a ajudar grupos terroristas, isso uma semana depois de nomear seis países na lista negra por violarem direitos humanos. Porém, um estudo do recorde do próprio Estados Unidos da América demonstra a tamanha hipocrisia do Presidente Bush.

A semana passada, George Bush afirmou que os governos de Mianmar, Irã, Cuba, Coréia do Norte, Zimbabwe e Bielorússia eram repressivos e violaram os direitos humanos, uma acusação que foi acrescida hoje pela declaração que Irã e Síria “estão a ajudar terroristas, comportamento que não vai ser permitido continuar”.

George Bush não deixou escapar a oportunidade de rotular Fidel Castro de “déspota”, que “prende opositores políticos e esmaga a oposição pacífica”. Interessante, isso dum homem cujas forças armadas são responsáveis por milhares de mortes de civis em Afeganistão e Iraque e do homem que pessoalmente enviou dezenas de Texanos para as suas mortes “para salvar vidas” (?)

Actos de vandalismo e roubo têm sido frequentes pelas forças dos EUA no Iraque, onde tem havido uma total falta de respeito pelos civis. Arrombam as portas das casas às quatro de manhã e retiram os homens, levando-os para paradeiros desconhecidos. Deixam por trás um trilho de destruição e lágrimas.

Afirmações pelos militares norte-americanos que a situação está a acalmar-se no Iraque não concorda com a manifestação anti-americana ontem por 10,000 iraquianos, nem com as declarações pelo General John Abizaid que os EUA enfrentam já uma guerra de guerrilha organizada.

No Afeganistão, três mil civis perderam as suas vidas em incidentes de “danos colaterais”, mas não só. A Amnistia Internacional noticia um acontecimento na província de Uruzgan, em janeiro de 2002, em que 16 habitantes duma aldeia foram chacinados pelas forças especiais dos EUA. “Alguns dos corpos tinham as mãos atadas atrás das costas”. Outros foram levados à base de Kandahar, “onde alegádamente receberam pontapés e murros”, enquanto “Um rapaz de 17 anos alega que foi preso num container durante oito dias”, conforme a AI.

Passando das alegações aos factos. Mais do que 600 estrangeiros presos durante ou imediatamente depois do conflito militar no Afeganistão foram detidos sem qualquer acusação, julgamento ou acesso a um advogado ou familiares em Guantanamo, Cuba, na base naval dos EUA. Nem foram declarados prisioneiros de guerra nem o Washington permitiu que um tribunal competente declarasse seu estatuto, como é estipulado pela Convenção de Genebra.

Na viagem de Afeganistão para Cuba, um voo que dura 22 horas, de acordo com a Amnistia internacional, “os prisioneiros tinham algemas nas mãos e nos pés, foram esforçados a usar luvas e tinham os ouvidos e olhos tapados”. As barbas e os cabelos foram rapados e durante cinco meses, foram detidos em celas ao ar livre, sem qualquer protecção contra os elementos e durante toda a noite holofotes poderosos foram dirigidos por cima deles.

Nos Estados Unidos da América, a pena capital ainda é aplicada a deficientes mentais ou a pessoas que cometeram seus crimes enquanto crianças. “Os EUA continua a violar normas internacionais na aplicação da pena de morte, incluindo a execução de pessoas que tinham menos do que 18 anos na altura do crime e pessoas que não receberam representação legal adequada”, disse o relatório da AI.

A arrogância de George Bush cresce a medida que ele vai recebendo as suas “mensagens de Deus”. Talvez ele deve colocar sua própria casa em ordem antes de atirar a primeira pedra, já que tem tecto de vidro.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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