Desde a sua criação em 1947 que existe uma permanente tensão entre as duas grandes potências da Ásia do Sul, derivada de uma profunda rivalidade religiosa, da disputa fronteiriça e das reivindicações que cada um dos países tem sobre o território da Caxemira.
Essa permanente conflitualidade já levou a Índia e o Paquistão a três guerras e a várias situações de quase-guerra, constituindo uma das áreas mais sensíveis do planeta.
Nos últimos anos verificou-se uma escalada crescente na tensão entre os dois países com acusações e ameaças mútuas, incluindo o uso da arma nuclear que ambos os países passaram a deter.
As relações diplomáticas e económicas entre os dois países têm estado cortadas e nas suas fronteiras estacionam fortes efectivos militares.
Porém, o Paquistão deu recentemente um primeiro passo no sentido da normalização das relações entre os dois países, ao convidar o Primeiro-Ministro indiano Vajpayee a visitar Islamabad para conversações e ao declarar a sua disposição de destruir o seu arsenal nuclear se o seu rival o fizesse também.
A reacção indiana foi cautelosa mas positiva. Falando no Parlamento indiano, Atal Vajpayee anunciou que a Índia não aceitava a proposta paquistanesa de desnuclearização da Ásia do Sul, porque o seu programa nuclear não é contra o Paquistão, mas pretende ser uma resposta aos desenvolvimentos que se verificam em outros países vizinhos, sem contudo os citar. No entanto, considerou que o restabelecimento da confiança e o incremento das relações bilaterais seriam passos positivos.
Na sequência destas declarações, a visita à região do Secretário de Estado Adjunto americano Richard Armitage, parece confirmar que se aproximam conversações indo-paquistanesas num contexto bem diferente daquele que tem norteado a conflitualidade entre os dois países desde há meio século.
Luis MACIEL Pravda.ru LISBOA [email protected]
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