Precisa-se: Agência Internacional para Mulheres

É verdade que nos anos recentes tem havido muito progresso no sentido do desenvolvimento do continente africano, especialmente devido ao novo impulso providenciado pela União Africana e os projectos elaborados sob a NEPAD. No entanto, a discriminação sexual em partes da África Sub-Sahariana se traduz na morte de milhões de mulheres. Enquanto em termos de desenvolvimento, o continente africano faz grandes passos em muitas áreas e enquanto que algumas cidades sejam impossíveis de reconhecer quando comparadas com uma década atrás, em termos de igualdade de género, há ainda muito a fazer, especialmente quando nascer mulher pode ser um bilhete de sentido único para o inferno.

Stephen Lewis, enviado especial da ONU sobre VIH/SIDA em África, falou recentemente do seu “sentimento de horror” quando viu a situação de mulheres no continente africano, vítimas da SIDA devido à resposta lenta às necessidades no terreno.

Em Swazilândia, por exemplo, a taxa de prevalência de SIDA entre as mulheres que têm entre 25 e 29 anos de idade é de 56,3% - uma situação descrita por Stephen Lewis como “aterrorizadora” e “uma lembrança clara dos efeitos da discriminação sexual”, que irá criar uma “inundação de órfãos”.

Atrás desta taxa de prevalência, que não só destrui as sociedades de hoje mas também cria um cenário terrível para futuras gerações, é a discriminação sexual na sua forma mais inaceitável – violação e violência sexual, muitas vezes doméstica – que deixa as mulheres vulneráveis, desprotegidas e em risco.

Para Stephen Lewis, a comunidade internacional deve fazer mais para inverter a situação, como por exemplo criar uma Agência Internacional para Mulheres. Enquanto elogiou o trabalho das agências da ONU, UNIFEM e UNFPA, o enviado especial disse quando regressou da sua viagem à África austral que é preciso criar um organismo mais poderoso e que tenha mais alcance para fazer frente às necessidades urgentes.

A comunidade internacional em geral e grupos de defesa da mulher em especial precisam de apoiar os grupos de defesa das mulheres no continente africano para apoiar e galvanizá-los nas suas acções, não só providenciando suporte para vítimas mas também, através de programas de consciencialização pública e grupos de pressão, inverter as tendências actuais chocantes que deixam as mulheres sem defesa contra ataques sexuais que colocam sua própria existência – e a das suas crianças – em risco de vida.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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