DESPORTO RUSSO FACE AO EXAME OLÍMPICO

Com muitas esperanças e optimismo Moscovo despediu o primeiro grupo dos atletas que partiram à Atenas. Este optimismo é bastante fundamentado. Os resultados dos torneios, competições e certames atestam que o desporto nacional votou a ganhar terreno depois dos insucessos dos anos 90 resultantes do desmoronamento da União Soviética e da quebra do sistema bem estruturado de preparação dos atletas de alta categoria e classificação que existia nos tempos soviéticos.

Quando Vladimir Putin subiu à Presidência e sendo ele próprio um atleta renomado em duas modalidades - o judo e o sambo (versão russa de luta que combina elementos de lutas diferentes) - foram dados passos importantes no sentido de ampliar a propaganda do desporto, restabelecer as tradições gloriosas da cultura física das massas, fomentar o desenvolvimento do desporto de altas realizações. Estão em reanimação os clubes e escolas desportivos para crianças e adolescentes, outrora fechados por falta do financiamento; está em ressurgimento o sistema de capacitação de técnicos e treinadores em escolas e academias desportivas; estão em construção novos conjuntos e instalações desportivos, estádios; estão em reconstrução e modernização as instalações desportivas antigas.

O Estado aproveitando as possibilidades cada vez maiores devido à consolidação e aumento do orçamento nacional, agora é capaz de destinar somas maiores para o desenvolvimento do desporto. Vieram também em apoio os empresários russos. Digamos, a fusão do mundo de negócios e do grande futebol já é uma realidade e não causa surpresa a ninguém. Por exemplo, os magnatas petrolíferos russos - a "Sibneft" e a "Lukoil" - patrocinam tais clubes de futebol nacionais como o CSKA (campeão nacional de 2003) e "Spartak", respectivamente. O gigante russo "Gazprom" tomou a seu cargo o financiamento da equipa de futebol "Zenith", de São Petersburgo, e a grande unidade industrial dos metais não ferrosos, "Norilski Nikel", tomou conta do clube de futebol "Moskva". Os investimentos empresariais não se limitam ao futebol, mas também se estendem ao basquetebol, handebol, hóquei, voleibol e outras modalidades. O mundo empresarial e industrial da Rússia declara-se disposto a fazer investimentos chorudos para a organização dos Jogos Olímpicos-2012, caso sejam realizados em Moscovo.

Ora, ainda é cedo falar da Olimpíade-2012, pois agora todos os pensamentos dos atletas russos e dos seus admiradores estão concentrados nos Jogos Olímpicos de Atenas. E com que pode contar ali a selecção russa?

Em 2000, em Sydney, a equipa nacional ganhou 32 medalhas de ouro - ou seja, oito medalhas menos frente à selecção norte-americana. Desta vez, a selecção russa propõe-se aumentar significativamente a quantidade das condecorações olímpicas e entrar em dura batalha com a equipa nacional dos EUA pelo primeiro lugar na classificação por equipas. As modalidades em que aposta a selecção russa são o boxe, a luta livre e a clássica, a ginástica artística, a natação sincronizada, o tiro, e o voleibol. A alta direcção desportiva da Rússia opina que todos os 11 boxeadores russos têm chances sólidas para condecorações superiores em suas categorias de peso. Na luta clássica muitas esperanças são depositadas na performance do campeão mundial em peso pesado Khassan Baroev e do campeão olímpico Vartares Samurgachev, na categoria de até 74 kg. Os atletas de luta livre prometem uma boa actuação, sobretudo David Mussulbes, campeão do mundo e da Olimpíade de Sydney e os irmãos Adam e Buyvassar Saytiev tendo cada um nas suas colecções uma medalha de ouro: Buyvassar distinguiu-se dum modo brilhante em Atlanta, em 1996, e Adam em Sydey, em 2000.

Na ginástica artística os desportistas russos podem contar com 2 medalhas de ouro em modalidades múltiplas, tendo em conta as performances perfeitas de Alina Kabaeva e Irina Tchaschina. Na natação as esperanças são depositadas em Aleksandr Popov, de 32 anos, quatro vezes campeão olímpico, para quem a participação em Atenas será já a quarta pela sequência.

A julgar pelos resultados das competições que antecederam à Olimpíade de Atenas e do campeonato mundial da ginástica, realizado no ano passado, a Rússia pode contar nesta modalidade com 5-6 medalhas de ouro. Seguramente, uma distinção suprema há de vir parar na equipa feminina de salto à vara, uma vez que a detentora do título de campeã mundial nesta modalidade Svetlana Feofanova é a recordista mundial, tendo a sua amiga e colega Elena Issynbaeva, que nas últimas competições em Birmingham, subido a fasquia à meta de 4m 89cm, aproximando-se bem perto do recorde absoluto e fantástico de 4m 90cm. Tem também boas chances para a vitória Tatiana Lebedeva, tricampeã mundial e detentora do recorde mundial no salto triplo.

Ultimamente, uma boa actuação mostra a equipa masculina da Rússia em voleibol. Este ano celebra-se no país o 40.º aniversário da vitória dos voleibolistas russos na Olimpíade de Tóquio, quando esta modalidade foi incluída pela primeira vez no programa olímpico. Para assinalar esta data, a equipa russa de voleibol pretende repetir o triunfo dos seus antecessores. Ora, uma tarefa bem difícil, mas realizável.

Ao todo, irão a Atenas 460-470 atletas russos nas várias modalidades. Os critérios de escolha para a equipa olímpica são tradicionais, do mesmo modo que a metodologia de preparação e selecção. O Orçamento Federal liberou no período de ciclo olímpico (2001-2004) 1,510 mil milhões de rublos e 15,5 milhões de dólares para a preparação e capacitação dos atletas. Além disso, foram destinados 395 milhões de rublos e 1,6 milhões de dólares especialmente para a participação da selecção nacional da Rússia nos Jogos Olímpicos em Atenas. O Governo da Federação Russa estabeleceu prémios especiais para campeões e recordistas da Olimpíade-2004. Assim, cada vencedor irá obter, além de outras retribuições, 50 mil dólares, o segundo classificado 20 mil dólares e o terceiro classificado 10 mil dólares.

Para mais, o Comité Olímpico da Rússia (COR) está constituir fundos para os prémios especiais, cujos montantes serão anunciados na véspera da abertura da Olimpíade. Estes meios serão canalizados essencialmente para retribuir os técnicos e treinadores que prepararam os recordistas olímpicos. Por tradição, são também instituídos os prémios pecuniários ao nível das regiões da Federação Russa para os vencedores dos Jogos Olímpicos que moram nesta região do país. Somando tudo isso, pode-se afirmar que os atletas seleccionados para os Jogos Olímpicos têm bastante incentivos materiais.

Mas para os desportistas russos a questão não é só o dinheiro. O principal é o seu desejo e vontade de defender a honra desportiva do país, manifestando as suas capacidades máximas e, se necessário, ultrapassá-las. Só assim é que se tornam viáveis as vitórias olímpicas inesquecíveis.

Valeri Asrian observador da RIA "Novosti"

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