Fica Temer

As principais lideranças políticas de esquerda do País, estejam elas no PT (Lula, Dilma, Tarso Genro, Olívio, Lindberg  Farias,Fernando Haddad), no PSOL ( Luciana Genro, Marcelo Freixo, Luiza Erundina), no PCdoB (Vanessa Graziotin e Jandira Feghali) no PDT (Ciro Gomes) na Rede (Randolfe Rodrigues) e até  mesmo no PMDB (Roberto Requião),  têm o compromisso histórico de encontrarem uma agenda comum para impedir que se consume o golpe dentro do golpe que está sendo gestado, cada vez com mais rapidez, no Brasil.

Eles e os principais representantes dos movimentos sociais, como Guilherme Boulos e João Pedro Stedile, além de acadêmicos, artistas e jornalistas de esquerda, devem urgentemente  unirem suas forças para impedir que se acelere o movimento golpista ainda mais, destruindo os resquícios de democracia que persistem no Brasil.

Os slogans como "Fora Temer," Volta Dilma"," Não ao golpe" e "Lula 2018", já ficaram envelhecidos, antes que ganhassem algum significado político maior.

Com, cada vez mais velocidade, o golpe dentro do golpe, destinado a transformar o Brasil numa nova "república das bananas", cumpre suas etapas e vai pondo de lado os agentes que o ajudaram nas primeiras etapas do processo.

Primeiro, foi o principal mentor do golpe sujo dentro do parlamento, Eduardo Cunha, hoje na cadeira, depois de comandar o impeachment de D Ilma naquela delirante sessão da Câmara de Deputados. Agora, ainda com os aplausos da esquerda, se prepara a queda de Michel Temer e sua corte de corruptos do PMDB.

Mais adiante, quando tiverem também cumprido seu papel de escolha de alvos seletivos a serem eliminados, será a vez da Operação Lava Jato ser neutralizada e seu líder, o juiz Moro mandado de volta à mediocridade de sua vida anterior.

Teremos então o serviço completado: a infra-estrutura  industrial do país desmontada, a  Petrobrás destruída com a correspondente entrega de suas riquezas ao capital estrangeiro e uma política de arrocho em salários e retirada dos direitos dos trabalhadores.o

Tudo que o grande capital internacional, com o apoio de seus agentes internos no parlamento, no judiciário e principalmente na mídia, sempre quiseram

O PSDB, que espera herdar esse espólio, vai servir no máximo como gerente de uma massa falida.

Como, obviamente, todas essas políticas recessivas vão gerar o empobrecimento geral da população brasileira em ritmo acelerado, será preciso novamente, como foi no passado, apelar para uma força armada, que possa estabelecer um mínimo de normalidade para que os grandes negócios não sejam prejudicados.

A segurança para que os ricos continuem ganhando seu dinheiro será a prioridade máxima. Saúde e educação passam a ser necessidades supérfluas para a maioria da população.

Como dizia aquela música do Caetano, o Haiti é cada vez mais aqui.

Quem acha que isso seja um exagero, deveria lembrar o que aconteceu com a República de Weimar na Alemanha, depois da Primeira Grande Guerra.

Após a derrota militar, a Alemanha se viu convulsionada por uma série de movimentos de grupos armados que tentaram assumir o poder, basicamente divididos em segmentos de direita, os "freikorps", antecessores em linha direta dos nazistas e a  ala radical do Partido Comunista, a Liga Espartaquista, comandada por Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht e Clara Zetkin e um grande agrupamento de políticos sociais democratas, reunidos em torno do SPD, nominalmente um partido socialista, mas executores de uma política conservadora.

Influenciados pela vitória dos bolcheviques na Rússia, a Liga tentou assumir o poder através de um golpe de estado em Berlim, em 1918, mas foi derrotada pelo exército, chamado pelos sociais democratas.

Nesse episódio, Rosa Luxemburgo e Liebknecht, que em princípio eram contra o desencadear do movimento naquele momento, foram assassinados por membros dos "freikoprs".

A partir daí, até 1933, a República de Weimar foi comandada pelos políticos do SPD, sempre com forte oposição do novo partido comunista alemão, o NKD.

A semelhança que imaginamos com a realidade brasileira de hoje é que as forças democráticas daquela época - sociais democratas e comunistas - foram incapazes montar uma concertação política (como gosta de dizer Tarso Genro) para impedir a ascensão dos nazistas.

Assim, em 1933, também através de um golpe parlamentar, apoiado pelo empresariado alemão, Adolfo Hitler foi eleito Chanceler da Alemanha por um Reichstag (Parlamento) tão acovardado quanto é hoje o brasileiro.

Dizem que a história, quando se repete,é como farsa, mas não custa ficar atento aos seus ensinamentos, porque, como a Alemanha em 1933, o Brasil nunca esteve tão perto, desde 1964, de uma nova e grande virada em direção à extrema direita, o que tornaria o governo Temer até mesmo democrático.

Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS

 

 

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