O Ricardo Azevedo é o responsável pelo marketing do rubro-negro da Bahia que após o sufoco dos pênaltis perante a Coxa-Branca conseguiu avançar numa outra fase da Taça Sul-Americana focando a atenção no River Plate de Montevidéu. Como representante do time, o Mario Silva vai viajar para Montevideo acompanhando o equipe. Ricardo Azevedo fica na Bahia.
PRAVDA : As comemorações do primeiro século já aconteceram. O que ocorreu na quarta 13 de Maio de 2009? Compraram o bolo para lembrar os 110 anos?
RICARDO : Essa data é muito importante para nós. Tradicionalmente temos uma missa e a entrega de uma medalha às pessoas que se destacaram no apoio ao clube. Este ano não tivemos nenhum evento específico, pois o time jogou exatamente neste dia no Rio de Janeiro. Era uma partida importante e concentramos as atenções no jogo.
P : Compartilhe conosco o histórico do clube, antigas sedes (endereços), ainda existem?
RICARDO : A história do clube é uma das maiores do Brasil, pois somos o quinto no histórico das fundações. Na atual diretoria não há familiares dos fundadores, mas temos famílias tradicionais que ajudaram o clube ao longo de sua história. O atual presidente, por exemplo, é filho de um ex-presidente. Da fundação até hoje as sedes mudaram e temos propriedade somente na nossa atual, que é o Complexo Benedito Dourado a Luz, um parque esportivo com 400 mil m².
P : Salvador acabou sendo uma das cidades sedes da Taça do Mundo Brasil 2014? Como acha que o clube vai se envolver nessa marcação histórica do futebol brasileiro?
RICARDO : Já temos a promessa de que algumas seleções usarão nosso CT para treinamentos e, com isso, algumas obras deverão ser feitas. Fora isso, devemos nos beneficiar das melhorias viárias que a cidade irá sofrer.
P : Lembre alguns dos jogadores internacionais que vestiram a camisa do Vitória. Uruguaios tiveram?
RICARDO : Não temos muitos casos de atletas estrangeiros no clube, pois sempre fomos formadores de atletas, e isso nos deu muita base para os elencos. Marcantes tivemos o argentino Buticce, goleiro na década de 1970, o atacante nigeriano Rick, na década de 1980, e o sérvio Dejan Petckovic, na década de 1990, que hoje joga no Flamengo.
P : O Esporte Clube Vitória, trata-se de um time de futebol ou tem mais esportes na estrutura? Complexo poliesportivo? Números de sócios? A média de torcedores que acompanha o time no Estádio?
RICARDO : Somos tradicionais no remo, esporte que praticamos desde 1903, e por isso não abandonamos o esporte. Temos também vôlei e futebol de salão. Destes, apenas o remo possui uma sede. Os demais devem ser beneficiados com a construção de nosso ginásio, previsto para 2010. Quanto à média, tivemos, em 2008, uma média de 18 mil pessoas.
P : Qual é o clássico da cidade? Como é conhecido o Vitória no ambiente?
RICARDO : Temos duas grandes torcidas na cidade. Além da nossa, a do Esporte Clube Bahia. Porém, somos o maior destaque de nosso Estado e também da região. Somos uma equipe com um histórico de muito forte em nossos domínios e, por isso, nossa arena é conhecida como um caldeirão.
P : Como está o time no Brasileirão 2009 e qual é o objetivo nesse torneio? Na Sul-Americana tem possibilidades de continuar progredindo além do River Plate?
RICARDO : Nosso projeto é ficar entre os quatro primeiros, o que garante vaga para Libertadores. Na Sulamericana temos pretensões maiores a de ser campeão.
P : Tem montado parcerias com outros times de futebol fora Brasil? Quais? Como funcionam essas parcerias?
RICARDO : Temos algumas escolinhas de garotos parceiras, mas nada com times e clubes profissionais.
P : Os principais apoios financeiros são do Estado? Acha que se mantendo nas Taças Internacionais poderiam conseguir apoios nacionais importantes?
RICARDO : Não contamos com apoio de governos, pois este não é um modelo de negócios no Brasil. Mas, o apoio com certeza será facilitado com a presença internacional do clube.
P : Faz «pouco» tempo que os apoios financeiros acreditam num time inserindo a logomarca na camisa dos clubes? Com futebol profissional já, como é que as Diretorias do passado conseguiam montar grandes equipes sem esses tais apoios? Ainda ficam «românticos» que lembram a camisa do clube sem logomarcas? Lembra quanto começaram as camisas estampadas com logos no Vitória?
RICARDO : Seguimos modelos de negócios do esporte. Assim, começamos com logo nas camisas junto com outras equipes, ainda na década de 1980.
P : Fala das Categorias de base? Quantos craques surgiram nos últimos anos?
RICARDO : A base é nosso grande orgulho. Já revelamos mais de 100 atletas que serviram a Seleção Brasileira. No Mundial Sub 20, que começa esta semana, o zagueiro titular, Victor Ramos, foi criado e formado aqui, chegando aos 110 anos no clube. Ganhamos dois torneios em agosto último na Alemanha, vencendo Barcelona e Bayer de Munique. Muito ainda está por vir.
P : Como é o estilo de trabalho do time quanto acompra e venda dos jogadores? Veiculizam tudo com os agentes e representantes? É impossível o negócio do futebol sem eles?
RICARDO : Como disse antes, reproduzimos o modelo do negócio futebol e os empresários e agentes são parte dele. Não sei dizer se infelizmente, mas não podemos inovar quando o mercado é único.
P : Da para acreditar que a imprensa do Estado tem relacionamento ótimo com o clube? Mas o resto da imprensa das grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo? Sabia que um jornal famoso russo como o PRAVDA tinha uma versão portuguesa faz dez anos?
RICARDO : Temos sim um bom relacionamento com a imprensa, inclusive a nacional. Quanto ao Pravda, não sabíamos, mas estaremos acompanhando dentro de nossos feeds.
P : Vamos focarmos na Sul-Americana? Prefere um rival com o River Plate sem aquela torcida toda pulando os 90 minutos nas arquibancadas ou times «grandões» com torcidas que incomodam bastante até na prévia jogando foguetes barulhentos nas redondezas dos hotéis?
RICARDO : Tenho certeza que quanto menos pressão melhor para a equipe em campo, mas gostaria de enfrentar equipes com torcida, pois isto motiva a nossa no jogo em casa. De qualquer forma, o importante é classificar, pois cada fase é uma história diferente.
P : Conhece o River Plate de Montevidéu? É treinado pelo Juan Ramón Carrasco (Jota Erre) que ficou na frente da Seleção uruguaia naquele empate 3 x 3 perante o Brasil, com estilo diferente ao futebol uruguaio da gema. Sintoma de risco?
RICARDO : Vi o último jogo da equipe pela Sulamericana. Posso dizer que acredito muito em nossa classificação. Nossa fase é excelente no Campeonato Brasileiro e estamos com um padrão de jogo muito bom. Podemos nos impor.
P : Nesse ida e volta de confraternização que acontece entre as Diretorias dos clubes, vão aceitar uma picanha gostosa do uruguaios numa churrascaria de Montevidéu? Como vão retribuir lá na Bahia?
RICARDO : Não temos nenhuma programação ou convite para isso, mas estamos prontos para recebermos muito bem os uruguaios por aqui.
P : Estádio lotado para o jogo perante o River Plate na Bahia? Quantos torcedores da para imaginar torcendo no próprio Estádio? Quanto pode arrecadar o time pela venda dos ingressos? Torcedores é quase sinônimo de pagantes?
RICARDO : Com certeza teremos um bom público no jogo daqui. Acredito que mais e 20 mil, como temos feito nos últimos jogos da atual temporada. Se vendermos todos os ingressos, arrecadamos aproximadamente U$ 400 mil.
P : Sabia que o Club Nacional de Football de Montevidéu é quase gêmeo do Esporte Clube Vitória? O Nacional nasceu o dia 14 de Maio de 1899 e alguém estava colocando a primeira fralda no Vitória desde o dia 13. Poderia nascer uma parceria com o time «tricolor» uruguaio pelo fato de ser quase gêmeos?
RICARDO : Estamos à disposição para parcerias, principalmente com times grandes e tradicionais como o Nacional.
Foto: Ricardo Azevedo
Gustavo Espiñeira
Correspondente PRAVDA.ru
Montevideo - Uruguai
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