Diante da catástrofe da Primeira Guerra Mundial, uma voz isolada, na contramão da maioria dos partidos da esquerda européia (que acabavam de votar os créditos de guerra), surpreendeu a todos ao dizer que naquela situação catastrófica era preciso "não ter medo de triunfar". Este homem exilado na Suíça era Lênin, a pessoa que, mesmo em uma situação de traição e adaptação dos partidos da esquerda européia, vislumbrou as possibilidades revolucionárias, "resultados de singulares circunstâncias contingentes" (como disse Slavoj Zizek). Não se trata de copiar Lênin sem nenhuma crítica, mas de "recuperar o mesmo impulso na constelação atual".
Para não sucumbir ao fracasso do governo Lula em realizar as mudanças necessárias e recolocar com mais força a necessidade da transição ao socialismo, é preciso compreender a indeterminação deste período da realidade brasileira, que abre possibilidades não só da direita tradicional retomar o comando político do Estado, mas abre também possibilidades para a esquerda socialista, os movimentos sociais e os trabalhadores obterem importantes conquistas.
A possibilidade do triunfo dependerá da ordenação dos objetivos imediatos recuperando não só a esperança do povo na transformação efetiva para derrotar o modelo neoliberal, mas também apontando as tarefas históricas da revolução brasileira, tais como a soberania nacional, a democracia participativa e direta, a igualdade social e a diversidade racial, de gênero e sexual. Além disso, imagino que dependerá da combinação adequada das formas de luta que faça avançar desde já a emancipação do povo trabalhador e a organização da sociedade futura, recolocando o socialismo com força na história
Gilberto C.Franca Cortesia de Luciana GENRO
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter