Carvalho da Silva: Trabalhadores não são cidadãos de segunda

"O desenvolvimento do país tem de reflectir-se no bem-estar social e não apenas nos lucros das empresas, obtidos à custa de cada vez mais sacrifícios dos trabalhadores"!

Disse esta quinta-feira, em Lisboa, Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, perante uma manifestação de 20 mil pessoas.

A CGTP convocou hoje para entre 12 e 17 de Dezembro uma semana de greves e outros protestos contra a política económica e social do Governo.

A iniciativa, que deverá incluir greves ou outras acções de protesto a nível sectorial, foi aprovada no final da manifestação que decorreu ao longo da tarde de hoje em Lisboa.

Este protesto faz parte de uma resolução aprovada por mais de 20.000 manifestantes, número avançado pela polícia e pela organização, frente à Assembleia da República.

No documento, entregue no Parlamento, os manifestantes repudiaram "a parcialidade da resposta" do primeiro-ministro às propostas da CGTP sobre o Salário Mínimo Nacional (SMN).

A maior central sindical portuguesa reivindicou o aumento do SMN para os 500 euros até 2010, o que foi considerado uma proposta demagócia pelo primeiro-ministro, José Sócrates, do Partido Socialista.

Esta afirmação mereceu uma resposta do secretário-geral da CGTP, no discurso que fez perante os milhares de manifestantes em frente ao Parlamento.

Manuel Carvalho da Silva considerou a resposta de José Sócrates como um bom exemplo da postura do Governo e mostra que os trabalhadores têm razões profundas para protestar.

"Npaís em que os salários são tão baixos, como é que o primeiro-ministro pode dizer que é a proposta gradual do SMN para os 500 euros é demagógica?", um questionou o sindicalista, acrescentando que esta proposta pode perfeitamente ser discutida.

"Portugal não é um país rico, mas tem riqueza suficiente para valorizar os salários e melhorar as condições de vida e de trabalho", disse.

Carvalho da Silva considerou as manifestações de hoje, em Lisboa e no Porto, muito oportunas, para chamar a atenção do Governo e do patronato.

"Porque os trabalhadores merecem ser bem tratados, não podem continuar a ser tratados pelo Governo como cidadãos de segunda, têm direito a ser tratados com dignidade", afirmou aos jornalistas no final do protesto.

Prometeu que a contestação vai continuar até o Governo perceber que tem de mudar de atitude.

"O desenvolvimento do país tem de reflectir-se no bem- estar social e não apenas nos lucros das empresas, obtidos à custa de cada vez mais sacrifícios dos trabalhadores, porque isto não é desenvolvimento social", defendeu.

Luís CARVALHO PRAVDA.Ru

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