Sobre nossos futuros astronautas

O astronauta norte-americano Steve Robinson realizou na última quarta, 3 de agosto de 2005, o primeiro conserto em órbita no exterior de um ônibus espacial. Robinson conseguiu remover os dois pedaços de tecido especial que se desprenderam das placas térmicas isolantes da parte inferior do "Discovery".

A missão foi acompanhada atentamente por 200 técnicos da Nasa, que monitoraram cada movimento do astronauta. O propósito era nobre: salvar a nave e seus três tripulantes, que poderiam sofrer um acidente fatal na volta. E um detalhe importante: nenhum dos 200 técnicos que acompanharam meticulosamente a missão tinha parentesco com nenhum dos 3 astronautas em órbita.

Já aqui embaixo, nunca na História do planeta tivemos tanta gente trabalhando assim, unidos, com um orçamento estratosférico, para dar uma esperança de vida a milhões de crianças - mais de 10 milhões, para ser mais exato - que morrem de doenças passíveis de serem prevenidas. 600 milhões delas vivem na pobreza e mais de 100 milhões – na sua maioria meninas – não vão a escolas. A descoberta - em inglês, "discovery" - da vida certamente está nos planos de todos eles, mas a maioria não irá encontrar nada de extraordinário pela frente.

200, que é o número de técnicos que acompanharam a vitoriosa missão da "Discovery", é também o número aproximado de países contados pela Organização das Nações Unidas. Os técnicos desta organização - a ONU - descobriram http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u79092.shtml], por exemplo, que mais de 27 milhões de crianças vivem abaixo da linha da pobreza no Brasil, e fazem parte de famílias que têm renda mensal de até meio salário mínimo. Aproximadamente 33,5% de brasileiros vivem nessas condições econômicas no país, e destes, 45% são crianças que têm três vezes mais possibilidade de morrer antes dos cinco anos.

No mundo, temos (pelo menos) 5 bilhões de pessoas que dizem estar interessadas em resolver o problema da infância sofrida, penosa, particularmente aquela na qual se perde o brinquedo e se ganha um trabalho injusto e desumano, ou ainda uma arma. Onde o sonho em ser astronauta é substituído pelo sonho por um prato de comida, amor incondicional, compreensão. Certamente, nem todos são técnicos. Mas são 5 bilhões de pessoas que podem fazer alguma coisa. Podem reagir. Podem pensar em saídas, detalhes, princípios, rumos, tarefas.

São 5 bilhões de pessoas que, unidas e atentas, poderiam monitorar cada movimento de quem mais precisa da gente. O propósito é nobre: salvar os pequeninos tripulantes da nossa grande mãe, a Terra, que poderiam sofrer um acidente fatal no curso da vida. E um detalhe importante: nenhum dos 5 bilhões de homens e mulheres que podem acompanhar meticulosamente essa missão precisa ter parentesco com nenhum dos, quem sabe, futuros astronautas em Terra.

Por Gustavo Barreto, 4/8/2005, na Revista Consciência.Net Ref. http://www.consciencia.net/2005/mes/11/gb-astronautas.html

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