PT só assumirá dívidas formais, anuncia Tarso

Segundo declaração pública de Delúbio, entre 2003 e 2004 ele tomou empréstimos da ordem de R$ 39 milhões junto às empresas de Valério. O dinheiro teria sido revertido para pagamento de despesas de campanhas regionais.

Os empréstimos não entraram na contabilidade do partido nem foram informados aos seus dirigentes, segundo disse o presidente do PT, Tarso Genro, após a reunião da Executiva.

“Não podemos assumir uma dívida que não foi contraída formalmente. Isso é um princípio elementar de direito. Quem assumiu essas dívidas sem mandato do partido, assumiu ilegalmente”, afirmou.

Tarso lembrou que, se Delúbio de fato pegou empréstimos com Valério, o fez à revelia da direção partidária. “Ele assumiu uma responsabilidade e terá de responder por ela”. Segundo o dirigente, até o momento o ex-tesoureiro não apresentou nenhum documento relativo a esses empréstimos não-contabilizados.

Ele disse que, se houver algum documento que mostre a destinação de tais recursos para alguma instância partidária, isso será investigado. “Se o dinheiro foi drenado para dentro do partido, nós vamos querer saber quem recebeu e com que autoridade”, frisou.

Segundo Tarso, é possível que tais transações apareçam na Comissão de Ética instalada para investigar os procedimentos internos de Delúbio e do ex-secretário-geral Silvio Pereira. A comissão tem 60 dias para concluir seus trabalhos.

Hoje, surgiu a proposta de um afastamento preventivo de Delúbio durante os 60 dias em que será investigado. A proposta foi rejeitada porque não obteve aprovação de dois terços dos membros da Executiva (sete pessoas votaram a favor e 11 contra).

Controle e dívida real

Para o presidente do PT, o fato de Delúbio ter tomado empréstimos sem o conhecimento da direção demonstra a “absoluta falta de controle da Executiva” sobre as atividades da Tesouraria, bem como a “absoluta informalidade das relações financeiras” – erros que a nova direção espera corrigir.

Uma das decisões tomadas ontem pela Executiva foi a criação de um grupo de trabalho para elaborar um Regimento Interno de Gestão Financeira, o que permitirá maior controle das operações.

“A falta de controle permitiu a gestão temerária das finanças. Se fôssemos uma empresa, isso nos levaria a uma situação de insolvência”, afirmou Tarso, referindo-se apenas às dívidas contabilizadas e, portanto, assumidas. Tais débitos somam R$ 38.996.761,91.

A Executiva também estabeleceu ontem um calendário de pagamentos para essa dívida, que, segundo o novo secretário de Finanças, José Pimentel, já estão sendo retomados.

Corte de gastos

Além disso, o partido vai tomar uma série de iniciativas para reduzir gastos. A primeira delas é a redução dos salários dos dirigentes, que passam de R$ 9 mil para um teto de R$ 7 mil mensais.

Segundo Tarso, será desativada a sede do partido em Brasília e feito um estudo sobre a necessidade de se manter, ou não, todos os atuais funcionários do Diretório Nacional. Em Brasília, trabalham 26 pessoas. Em São Paulo, 136. O PT estuda ainda a possibilidade de vender alguns de seus automóveis.

Ministros

Outra resolução desta terça-feira diz respeito ao maior acompanhamento do trabalho realizado pelos ministros do partido no governo Lula, conforme decisão anunciada quando da eleição da nova diretoria.

Segundo Tarso, estão sendo convidados para um debate, nos dias 6 e 7 de agosto, os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento). Eles deverão falar sobre gestão orçamentária e política econômica.

PT

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