Porque Rompemos com o PT e aderimos ao P-SOL

Num momento triste para nós, tornamos pública e explicamos nossa saída do Partido dos Trabalhadores. Momento triste porque nos sentimos forçados a deixar aquele que já foi considerado o maior partido de esquerda da América Latina e que foi construído a partir da luta e da resistência à ditadura militar. É triste constatar que a subida do PT ao governo possa transformá-lo no grande aliado das elites e do mercado financeiro nacional e internacional. O PT deixou de ouvir os trabalhadores para se unir a empresários, se aliando a ex-adversários da direita cujos desmandos não mais denuncia. Nos recusamos a aceitar isso!

Como aceitar um superávit primário gigantesco, utilizado para aumentar o pagamento de juros de dívidas absurdas, questionáveis e impagáveis, contrariando tudo o que o PT sempre pregou?

Como aceitar a reforma da previdência que não foi discutida com os servidores e foi feita apenas para acalmar e saciar os “sonegadores”?

Como aceitar os sucessivos aumentos das taxas de juros, em outros tempos tão combatida pelo PT, cujo objetivo também é acalmar os “mercados”?

Como aceitar a liberação dos transgênicos que trazem grandes danos ao meio-ambiente e nos tornam dependentes de grandes empresas, sem falar nos riscos que acarretam a nossa saúde?

Como aceitar que um alto dirigente de um grande banco estrangeiro se torne presidente do Banco Central, ditando a política econômica que devemos seguir?

Como aceitar a expulsão de parlamentares corretos, coerentes e que discordaram do partido para defender direitos dos servidores públicos?

Como aceitar que no atual governo os bancos lucrem cada vez mais, acumulando bilhões e bilhões à custa dos trabalhadores?

Como aceitar o desmatamento descomunal de nossas florestas que ocorre justamente sob um governo do partido que sempre defendeu a conservação do meio-ambiente?

Como aceitar as PPPs (parcerias público-privadas) que o governo oferece aos empresários para garantir um capitalismo sem risco?

Como aceitar que o PT tente se coligar com a direita em nosso município, com partidos como o do Maluf, numa inocência absurda que permite que sejamos traídos, por dinheiro, por quem nunca esteve do nosso lado?

Por que ficar num partido onde um cargo, um emprego ou um salário valem mais que a convicção política?

Como aceitar que enviemos soldados ao Haiti, substituindo o exército americano e liberando os soldados do Bush para a nefasta guerra do Iraque?

Como aceitar uma reforma trabalhista feita apenas para tirar direitos dos trabalhadores, uma reforma sindical que enfraquece os sindicatos e restringe o direito de greve e uma reforma universitária que, como o Prouni, enriquece empresários ao invés de fortalecer e ampliar as Universidades Públicas?

Como aceitar um governo que apregoa crescimento econômico, mas que não percebe que a desigualdade entre ricos e pobres só aumenta e que um eventual crescimento beneficia apenas os mais ricos?

Sabemos que a crise política atual, gerada pelas denúncias de corrupção, é fruto da opção do governo pelas elites retrogradas e corruptas que sempre usurparam o poder em nosso país. Os empresários tinham medo de um governo do PT que poderia mostrar à população uma administração feita para os trabalhadores com uma melhor distribuição de renda, combate à sonegação e à corrupção, e uma maior eficiência dos serviços públicos. Hoje o PT não assusta mais nenhum empresário porque governa com as elites e se contamina com as suas práticas corruptas.

Por não aceitarmos esta traição do PT, a negação de suas bandeiras históricas e a degradação pela qual passa o PT, anunciamos a nossa saída. Não estamos abandonando a luta. Estamos reafirmando nosso compromisso com os trabalhadores e entendemos que não podemos cumprir este papel se ficarmos neste partido, que não mais nos representa. Por isso estamos aderindo ao PSoL (Partido Socialismo e Liberdade).

· Fora todos os corruptos!

· Nem mensalão, nem dívida externa!

· Unir na luta da esquerda combativa e independente de governos e patrões!

Assinam esta carta:

Marcos Leonardo da Silva, Roberto Tavares da Costa, Girlene da Silva Souza, Odair Ambrósio, Alexandre Eiji Onodera, Maria Antônia Alencar de Souza

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