Meio copo d’água, porque nunca se sabe

Foi nesta sexta-feira, um dia frio de junho de 2005. Geladeira de pobre, quando vê coisa muito colorida, logo desconfia. Simplesmente apareceu. Não sei como. Era um daqueles sucos coloridos de caixinha. “Néctar de manga”. A última vez que eu cruzei com um desses o Lula ainda acreditava no socialismo e não chamava banqueiro de companheiro. Tempos em que o guarda-chuva materno proporcionava alguns ‘privilégios’ no final de semana. A priori, mantínhamos uma relação de respeito. Eu e o suco, de longe, para não dar problema. Cada um na sua, levando a vida. Depois pensei: “Que diabos! Eu moro sozinho!” Ou seja, se ninguém o bebesse, ia ficar lá. Com todas aquelas cores, ao lado dos bravos companheiros de luta – o leite e a água. Porque, até hoje, líquido para mim era leite e água. Sem contar aquela gosma que sai do queijo minas, que acompanha o pão de ontem e o biscoito com sal. Mas acho que esse líquido não conta. Então tá. Alguém esqueceu aí, deu mole, é meu. Mas como é néctar, não custa nada colocar meio copo d’água, pra durar mais. Até porque nunca sabe-se lá quando que o Lula vai voltar a acreditar no socialismo e parar de chamar banqueiro de companheiro.

Gustavo Barreto 26/6/2005

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