Diante de especulações de que a comissão teria sido criada para reduzir poderes do secretário-geral do partido, Sílvio Pereira, e do secretário de Finanças e Planejamento, Delúbio Soares, Genoino afirmou que o procedimento é normal e visa apenas a divisão de tarefas.
O dirigente petista também comentou as últimas acusações feitas durante sessões da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), que investiga denúncias de corrupção no Correios. O que está acontecendo é um vendaval de mentiras e acusações, sempre buscando um alvo que é atingir o PT. Tudo isso vai ficar esclarecido. A investigação e a verdade vão ser a maior defesa do PT, disse.
Segue a entrevista
Como vai funcionar a comissão política que vai ajudar a administrar o partido durante esta crise?
Não se trata de administrar o partido, porque o PT tem várias funções e várias tarefas. O processo de mobilização do partido está sendo encaminhado com os dirigentes estaduais, com os prefeitos, com os vereadores e deputados estaduais, que é uma tarefa da presidência - e sempre foi -, com a assessoria de todos os membros da Executiva. A tarefa de defender o PT, participar de todas as investigações, defender a imagem do PT - porque nós queremos que a verdade toda apareça, diante de tantas acusações infundadas - é outra tarefa. E [também haverá] a realização da eleição direta no PT. Portanto, são muitas tarefas. O que nós estamos fazendo é uma divisão de tarefas no partido. Por exemplo, a relação da Executiva com a bancada precisa ser mais cotidiana. Portanto, nós vamos ter mais reuniões permanentes com a liderança na Câmara e com a liderança no Senado. Não há nada que foi criado de novo, é apenas uma divisão de tarefas na Executiva Nacional.
Há quem diga que esta comissão teria a função de diminuir o poder do tesoureiro e do secretário-geral.
Não é verdade. Esta é uma questão resolvida no Diretório Nacional. O Diretório Nacional não deliberou nem votou sobre este assunto, e não se está diminuindo o poder de ninguém aqui. Aliás, precisávamos de mais gente aqui. Nós estamos com muitas tarefas e o que estamos fazendo é uma divisão de trabalho para todas as tarefas do PT neste momento.
O que muda nas funções de Delúbio Soares e de Sílvio Pereira com esta comissão?
Nada. Porque esta comissão vai fazer o acompanhamento político com a bancada na Câmara e a bancada do Senado. Vou repetir: não houve remanejamento de nenhum dirigente da Executiva Nacional.
Fala-se que ela teria uma nova composição, inclusive o Silvio Pereira seria até afastado.
Ele não foi afastado, porque a comissão política que nós estamos conversando e que... Aliás, isto foi anunciado na reunião do Diretório Nacional em entrevista coletiva, que eu dei no sábado. (A tarefa) é com os vices-presidentes do partido, com o líder da bancada na Câmara e do Senado. É só isso. É a comissão política que encaminha as questões diretamente ligadas à bancada da Câmara e do Senado, e sempre foi assim. Agora, como nós estamos num processo de eleição direta, nós vamos fazer todos os encaminhamentos consultando os representantes de todas as tendências no PT. Porque nós estamos fazendo um processo unitário e ao mesmo tempo temos uma disputa interna. Nós vamos combinar as duas coisas. Por isso que é necessário a gente ouvir o Joaquim Soriano, que é líder de uma das tendências, o Valter Pomar, o Romênio Pereira, os companheiros que apóiam a candidatura do Plínio de Arruda Sampaio, para a gente conduzir o processo de maneira unitária. Só por isso.
Em Brasília, em depoimento, o Marinho, ex-funcionário dos Correios, está dizendo que todas as licitações da empresa eram licitações de cartas marcadas. Como o PT vê isso?
Isto tem que ser investigado pela CPI. Isto tem que ser provado. Isto é tarefa da CPI e nós não vamos opinar sobre isso. Aliás, o que está acontecendo é um vendaval de mentiras e acusações, sempre buscando um alvo que é atingir o PT. Tudo isso vai ficar esclarecido. A investigação e a verdade vão ser a maior defesa do PT. É interessante, as pessoas são incriminadas e para se livrar do crime começam a acusar o PT. Isto é inaceitável. Por isso é que nós já estamos entrando na Justiça com várias ações. Por exemplo, os dirigentes citados pela ex-secretária vão entrar na Justiça. O PT, quando for citado vai entrar na Justiça. Porque nós não podemos aceitar este vendaval. É depoimento desmentido, é depoimento reafirmado, é entrevista desmentida, é entrevista reafirmada. Aonde nós vamos parar com este vendaval de pré-julgamento, que tem alvo, que é atingir o PT? Mas nós vamos nos defender em todos os lugares.
O governo não estaria envolvido nestas licitações fraudulentas?
Eu não sei! Isto é uma tarefa da CPI e da investigação que tem que ser feita. O PT não vai opinar sobre assunto de uma CPI. Até porque é a CPI que tem os instrumentos para investigar e nós confiamos na investigação da CPI.
Sobre as denúncias da ex-secretária do Marcos Valério, o que o senhor tem a dizer?
Quem vai falar sobre isso são os dirigentes citados. Vão falar através de nota e vão falar na Justiça. Em relação ao PT, não tem nada. Histórias e depoimentos, feitos, desfeitos e recolocados, nós vamos nos defender na Justiça através dos dirigentes que foram citados.
Ela voltou a dizer que malas de dinheiro eram entregues a dirigentes do PT.
Ela tem que provar isso e os dirigentes do PT citados vão se defender na Justiça. Porque nós não podemos aceitar que uma pessoa fique fazendo vários depoimentos que têm como objetivo acusar dirigentes do PT. Cada um dos dirigentes vai se defender na Justiça e vai tomar as providências legais.
O Marinho acabou de dizer que o Sílvio Pereira fazia indicação, também, na área tecnológica.
Isso é objeto de investigação na CPI. Portanto, a CPI vai investigar, vai ouvir os depoimentos e eu repito, o PT vai fazer de tudo para que a verdade toda seja esclarecida. Sílvio Pereira representou o PT nas negociações com os partidos. O que acontece é que algumas pessoas acusadas estão virando acusadores. A verdade e a investigação são os maiores amigos e aliados do PT.
Indicações como essa são moeda de troca em Brasília?
O PT não fez indicação como moeda de troca. Isto vai ser esclarecido na investigação e nos depoimentos quando estes companheiros falarem nestas investigações.
Existiram estes encontros entre o Marcos Valério com alguém do PT?
Encontros, certamente, teve vários, mas não é tarefa da presidência do PT ficar fazendo levantamento de encontros. Os encontros nossos com esses, outros empresários ou outras empresas de comunicação, sempre se pautaram pelo assessoramento na área de comunicação ao PT.
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