A Dança das CPIs

Geralmente, ou melhor, quase sempre, é o governo e sua base aliada no Congresso que tentam impedir a instalação da mesma com base no argumento de que os trabalhos no Congresso irão paralisar-se com uma investigação desse porte, como foi o caso das CPI’s das privatizações e do Banestado, impedidas pelo governo FHC, que dispunha de ampla maioria no Congresso, embora tivesse o barulhento PT na oposição.

Entretanto, algumas CPI que não são de interesse contrário do governo como a CPI do Futebol, por exemplo, são até mesmo incentivadas, pois todos, à exceção dos cartolas do futebol, ficam felizes. Os integrantes desta CPI por exemplo, estavam sempre na mídia pois estavam tentando solucionar o problema do esporte mais popular do país, Houve até mesmo o importante depoimento do jogador Ronaldo Nazario de Souza, que foi convocado pela CPI, não se sabe porque cargas D’água, mas, inquirido porque o Brasil perdeu a Copa de 1998, simplesmente respondeu: “Porque a França fez 3 gols e nós, 1”. A CPI do Banestado que investigou remessa ilegal de divisas ao exterior, cujo relatório final teve 91 indiciamentos, foi uma das principais bandeiras do PT nos tempos de oposição, juntamente com a das privatizações, mas quando chegou ao poder, o PT não estava assim tão disposto a apoiar esta CPI, pois poderia atingir alguns elementos de partidos de sua base aliada que poderiam ser investigados à vontade quando eram da base aliada do governo FHC, mas mesmo com o pretexto de que a CPI poderia atrapalhar a aprovação das propostas que estava encaminhando ao Congresso, o PT teve de apoiar a implantação desta CPI, pois se estava próximo demais da posse para demonstrar incoerências. A CPI do Banestado foi válida pois investigou um poderoso esquema de desvio de recursos públicos mas, uma vez que um banco estadual foi objeto de investigação, este padrão deveria ser seguido e deveríamos ter também, a CPI do Banerj, do Banespa, do Bemge, do Baneb etc, pois bancos estaduais sempre serviram aos interesses dos governadores de estado servindo de caixa de deposito pessoal de muitos deles. Talvez seja melhor não promover tais investigações, pois, do contrário, muitas questões teriam de ser respondidas como por exemplo, como o governador de Minas Gerais, que tinha convenientemente, três bancos estaduais, Hélio Garcia, nas eleições de 1994, conseguiu que seu candidato, Eduardo Azeredo, revertesse uma vantagem de 49 por cento que seu adversário, o deputado Hélio Costa, havia conseguido no primeiro turno.das eleições e que segundo denuncias de Hélio Costa, a quantia gasta por Hélio Garcia era de cerca de 500 mil dólares. Os recursos não poderiam ter sido sacados da Minascaixa, pois estava sob liquidação após ter seus cofres esvaziados por tanto tempo. e tabém não poderia ser do Credireal, pois estava sob intervenção do Banco Central. Então, restava somente o pobre Bemge, que foi privatizado em 1998 e assim se deu com Orestes Quércia e seu Banespa, Antonio Carlos Magalhães e seu Baneb Moreira Franco e seu Banerj e muitos outros mais, mas as privatizações vieram para salvar a todos. A propósito, a CPI das privatizações, que causa tanto horror ao tucanato, realmente é algo que jamais irá se concretizar pois muitas cabeças iriam rolar com o favorecimento dado aos compradores com avaliações subvalorizadas, principalmente em relação aos bancos estaduais que somente seriam adquiridos se o ativo ficasse para os compradores e o passivo para o estado mas vender-se algo assim é até compreensível, contudo, vender-se um patrimônio do povo brasileiro como era a companhia-mineradora Vale do Rio Doce. Uma empresa extremamente lucrativa que gerava receitas para o governo e colaborava no superávit fiscal como a Petrobrás, mas foi vendida sob desaprovação total do povo brasileiro, por R$ 3,3 bilhões, que, a propósito tem sido, a média do lucro anual auferido pela empresa nos últimos anos. Esta venda foi um crime e os responsáveis deveriam ser punidos. Desta feita, o alvo são os Correios que, a propósito, é um dos poucos setores do governo que funciona adequadamente. Uma investigação desencadeada por uma simples declaração do ex-diretor da entidade Mauricio Marinho que declarou receber propinas para facilitação de vitórias em licitações (como se tal procedimento fosse muito raro no Brasil) envolvendo o presidente do PTB, Roberto Jefferson, que declarou que se orgulha em ser amigo íntimo do presidente Lula e cujo partido, faz parte da base aliada do governo. A propósito, o PTB do amigo Roberto Jefferson, faz parte da base aliada de qualquer governo. A oposição deseja com esta CPI, colocar o governo Lula em cheque e já que estamos na véspera de um ano eleitoral e que esta investigação perdurará por alguns meses, a oposição espera tirar disto, o máximo de dividendos políticos possíveis mas, pelo que está se delineando, isto não gerará os frutos que a oposição espera pois o amigo Roberto Jefferson, que é o principal alvo, parece não estar tão preocupado pois foi um dos primeiros a assinar o requerimento da CPI e já foi até mesmo inocentado pelo depoimento de Marinho na Polícia Federal e o governo Lula, ao final, talvez possa sair fortalecido do episódio. Seria melhor a oposição desistir de tentar derrubar o governo Lula por meio destes artifícios e concentrar-se, por exemplo, em fortalecer suas próprias pre´-candidaturas à presidência. Por exemplo, os tucanos deveriam orientar a seu pré-candidato, o governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, a comunicar-se mais com a linguagem do povo; falando mais de futebol, por exemplo, pois é assim que Lula conquista o povo.

Jose Schettini Petrópolis RJ BRASIL

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