MTD - O grito dos sem emprego

As famílias queriam negociar com o governo terra e estrutura para trabalhar. Não houve conflito na ocupação, pois não há moradores na área e apesar do caráter pacífico que caracterizou a ação, um contingente com mais de 50 policiais fortemente armados, cinco caminhões e uma pá mecânica chegaram poucas horas depois para retirar as pessoas do local.

Não foi possível resistir à força das armas, e as famílias não tiveram outra opção senão sair da área. Mas a avaliação dos integrantes da coordenação regional do MTD, não é negativa: "a organização e a conscientização das pessoas estão ainda mais firmes, e tão logo chegar a hora certa partiremos para outra ação.

Essa ocupação foi importante para nos apresentar ao povo do DF e sensibilizar as autoridades para a nossa situação. Todos têm direito ao trabalho", esclareceram os coordenadores. As famílias estão temporariamente em um assentamento do INCRA próximo a Brasília.

Algumas entidades sindicais, como a dos professores da Universidade de Brasília, militantes estudantis e representantes do P-SOL apoiaram efetivamente o Movimento. Embora tenha existido esse apoio, é importante que se junte o MTD outras parcelas da sociedade civil, especialmente os parlamentares distritais de esquerda que nesta ação deixaram muito a desejar.

O MTD existe há 5 anos, surgiu no Rio Grande do Sul e hoje já está organizado nos estados da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais e no DF. As principais reivindicações do Movimento são a concessão de créditos para os desempregados e a criação de estrutura para desenvolverem atividades de maneira autônoma. A idéia é organizar os trabalhadores em cooperativas divididas por área de atuação e pedir o apoio do governo para doar galpões e maquinário para trabalharem. As lideranças defendem a autosubsistência dos participantes do movimento.

"Não queremos emprego, porque ele traduz a relação de dominação do empregado pelo empregador, precisamos desenvolver as nossas habilidades", explica Antônio Soares Júnior, um dos coordenadores do movimento. Luciana GENRO

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