é – ki – na, ki – nimôtérría

é – ki – na, ki – nimôtérría (tradução do êmácúa padrão: há coisas que mentem)

Lêmos estupefactos a notícia no jornal Vertical do dia 11.04.05 nº 798 de segunda-feira: - … “Deputadas da RUE recusam flores – (Maputo) As mulheres da bancada parlamentar da Renamo – União Eleitoral (RUE) na Assembleia da República (AR), num gesto condenável e sem justificação plausível, recusaram na semana passada flores oferecidas pelo Presidente da Assembleia da República (PAR), Eduardo Mulémbwè por ocasião de 7 de Abril, dia da Mulher Moçambicana, comemorado na última quinta-feira”...

Segundo ainda a mesma fonte (Arménia Mucavele) o Lanche comemorativo em Homenagem às senhoras deputadas da AR, simbolicamente representando a Mulher Moçambicana, também seria “manchada” pela ausência das mesmas senhoras da RENAMO. Mais adiante o jornal / fax Vertical informa: - …”

Questionámos à chefe da RUE, Maria Moreno sobre as razões da recusa do presente, tendo respondido que não está contra a ideia de existir um dia dedicado à Mulher Moçambicana: “só que o dia da mulher não devia ser no dia em que morreu Josina Machel”, acrescentando que “heróis (ou seria heroínas?) não são só aquelas que combateram para a independência de Moçambique. Há outras e várias mulheres que foram aniquiladas e que também combateram para a independência, a Joana Simeão por exemplo.” Para Moreno, “deve-se incluir outras lutadoras como heroínas e mesmo as que lutaram para a democracia”.

É de se perguntar às nossas “super democratas de hoje” – de 1962 a 1975 de que lado se encontravam quando as Josinas Mutembas (Machel) combatiam?

Sobre “aniquilação” se entramos por aí a RENAMO terá muito que justificar em termos de atrocidades em tempo de guerra cometidas contra as populações que dizia defender…”which between 1975 and 1992 maintained a bloody insurrection against the central government. An estimated 1 million Mozambicans lost their lives to that war, and many of these deaths were truly atrocious. Torture, mutilation, sex-slavery, forced relocations, forced starvation, and enslavement were just some of the means that Renamo used in its warmaking. Renamo was generously backed by South Africa's apartheid regime – and also got some help from the Reagan administration”- in Helena Cobban - The Christian Science Monitor, February 14, 2002, USA.

(http://www.people.virginia.edu/~hc3z/Hague-Milosevic.html).

Esta citação foi retirada de revista Cristã Americana estimando em 1 milhão as vítimas da guerra e se refere aos métodos da RENAMO como atrozes utilizando Tortura, Mutilação, Escravatura – Sexual, Deslocados à Força, Morte por Jejum Forçado e Escravatura como “Estilo” de guerra.

Da FRELIMO já todos presumimos saber. Não é por acaso que nos Acordos de Roma se “perdoaram mutuamente”, a RENAMO e a FRELIMO, passando uma esponja sobre as ATROCIDADES …” Both sides agreed to a blanket amnesty for all acts committed during the war”... Melhor não irmos por aí senão ainda sobra mais para a RENAMO comparada aos Khemers vermelhos do Cambodja por observadores imparciais e Internacionais dos Direitos Humanos. Sem esquecermos Slobodan Milosevic da ex – Jugoslávia detido por crimes de guerra.

Já é tempo de deixaram de evocar em vão o nome da “coitada” da Joana Simeão a torto e a direito por pessoas ressentidas com a Independência resultante da Luta Armada conduzida pela FRELIMO. Por vontade delas, Moçambique, continuaria a ser colónia de Portugal. O cronista desta coluna está à vontade para assim dizer porque é Independente e não precisa de agradar a nenhum grupo político.

A intervenção citada no Vertical é rematada com uma afirmação no mínimo demagógica: - …” Quanto às flores, Moreno sublinhou que preferia que no lugar de recebê-las, “o dinheiro usado para a compra das mesmas fosse revertido para compra do leite para as 11 crianças filhas de mães reclusas no Centro Prisional de Dhlavela”. Se há uma preocupação muito grande com as mães – reclusas (o que é legítimo), já agora, que passem a doar os seus salários de Deputadas às desfavorecidas a começar pelas mães -reclusas do Centro Prisional de Dhlavela com quem se solidarizam.

De um ponto de vista de CORTESIA, CULTURA e de CIVISMO DEMOCRÁTICO, no mínimo, as senhoras da bancada da RENAMO deveriam ter aceite as flores como senhoras que são, introduzindo à posteriori as suas agendas políticas de nihilismo negando tudo relacionado com a Independência aliás apanágio da RENAMO na AR, misturando “alhos com bugalhos”. Não se compreende o que faz a RENAMO na Assembleia da República. Coerência seria não participar na AR assumindo o seu ressentimento abertamente. É mesmo para se dizer `”é – ki – na, ki-nimôtérría: há coisas ou atitudes que enganam”.

*João Craveirinha e cronista do ZOL http://www.zambezia.co.mz/, Correio da manhã de Maputo e O Autarca da Beira

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