Quase 100 anos depois da primeira comemoração do Dia Internacional da Mulher, ainda continuam por cumprir muitas das reivindicações originais e as mulheres continuam a ser o alvo preferencial de cada crise. Em Portugal, onde têm uma presença mais reduzida no mercado de trabalho, as mulheres representam mais de metade dos desempregados, ganham menos do que os homens com as mesmas habilitações e estão quase afastadas dos cargos de chefia.
A composição da Assembleia da República que irá tomar posse daqui a dois dias é exemplificativa a este respeito. Dos 230 deputados, apenas 49 são mulheres, ou seja, 21,3% da composição do hemiciclo, fazendo do parlamento português um dos menos paritários de toda a Europa. Se virmos só os partidos da direita, que ignoram ostensivamente a representatividade social das mulheres na sociedade portuguesa, a percentagem desce abaixo dos 10%. PSD e PP apenas elegeram 7 deputadas, pouco mais do que as 4 que o Bloco elege com menos 79 representantes que estes dois partidos .
Este atraso civilizacional está também patente na perseguição e humilhação judicial das mulheres que abortaram, fazendo de Portugal um caso único na Europa. No dia 31 de Março, em Setúbal, mais 3 mulheres serão julgadas por terem, alegadamente, abortado. O Bloco de Esquerda reitera, mais uma vez, o seu compromisso para que se consiga encontrar a mais rápida resolução que evite esta situação que envergonha Portugal e as mulheres portuguesas, preparando-se para apresentar na Assembleia da República os projectos legislativos que permitam a realização de um referendo e a alteração da lei.
Bloco de Esquerda
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