Estava mais uma vez presente no Jornal Nacional desta segunda o desprezo da Rede Globo por pobres. Um enorme incêndio numa favela da zona leste de São Paulo, que deixou 180 famílias desabrigadas, mereceu apenas dez segundos da edição de 21 de fevereiro e nem sequer é lembrado na página do JN na internet. Pessoas que não tinham quase nada estão passando neste momento por dificuldades incalculáveis, mas que poderiam ter sido pelo menos gravadas.
Se houvesse o mínimo de sanidade, os repórteres pesquisariam a fundo a causa do incêndio, tentariam achar responsáveis e levantariam soluções. Necessária seria uma contextualização rápida sobre a questão da moradia nas favelas de São Paulo. Isso se houvesse sanidade entre os editores.
E quem disse que alguém foi no local do incêndio? Passaram de helicóptero, de longe, até porque pobreza é contagioso. Como se não bastasse, a Globo se preocupou em culpar os próprios moradores pelo "fato" - se bem que, com dez segundos, é impossível dizer qualquer coisa, apenas dar uma manchete vazia.
Não se sabe qual foi a causa. Repito: não se sabe qual foi a causa. Mas o Jornal Nacional nem se preocupou com isso: foi logo dizendo que o problema foi na rede elétrica, que é supostamente clandestina. Pronto: culpa dos moradores, quem mandou não ter dinheiro para ficar dentro da lei?
Em outro momento, dez leões apreendidos pela IBAMA no interior de Minas Gerais e doados a um zoológico na África do Sul receberam generosos dois minutos. "Não deve ser muito bom ter um companheiro desse na viagem", brincou um homem, sem saber que ainda pior é esta emissora que, apesar do discurso de um diário popular, "para as massas", prefere leões a pobres (nada contra os bichos).
Péssimos "companheiros de viagem", os editores do JN tratam os telespectadores como selvagens e se consideram os reis da selva.
fonte: www.consciencia.net
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