Revista cria lista para sistematizar casos de corrupção

Millôr Fernandes sustenta que “a corrupção começa no cafezinho”. Corrupto, diz um dito popular, quando morre vai para o paraíso fiscal.

O vocabulário ligado ao tema da corrupção é grande. E não é por menos. No Brasil, a corrupção já é tanta que muitos já a enfrentam como uma espécie de “comissão” necessária para que se consiga serviços mais rápidos ou resultados de forma mais eficiente.

Combatendo a cultura da corrupção, por um lado, mas sempre com a preocupação de ressaltar a importância dos políticos austeros, a Revista Consciência.Net criou em meados de 2003 o “Mapa da Corrupção”, um trabalho de sistematização de informações sobre corrupção que visa armar os cidadãos contra políticos, empresas e quaisquer outras instituições corruptas.

Cidadania e informação

“É a pior das traições, pois o ‘traíra’ ataca pelas costas exatamente aqueles a quem deveria defender, servir. Utiliza da própria investidura para fazer o jogo do inimigo. É a mais perversa das violências. A que corrói os alicerces da sociedade. Mina a confiança nos agentes públicos, promove a descrença, constrói o império do desinteresse e da desmotivação no meio social”, sustenta Marcos Silvio de Santana, morador de Patos de Minas (MG) e leitor da revista.

Em texto enviado à publicação, em janeiro de 2004, Marcos afirma que o melhor remédio “contra essa praga que assola todos os níveis de poder é a informação, a cidadania”. Lamenta o leitor: “No nosso caso, ainda capengam”, mostrando, no entanto, confiança no presente que faz o futuro: “Resta-nos apostar pesado na educação, na conscientização das gerações futuras, pois só assim poderão livrar-se desse mal”.

O economista da USP, João Sayad, propôs inclusive uma abordagem diferente num artigo em março de 2003, também adotada pela revista: “O país gasta 9% do PIB com o pagamento de juros, imprime dinheiro para pagar juros e não tem dinheiro. O que é corrupção?”.

Funcionamento

O “Mapa da Corrupção” tem 37 seções que sistematizam todas as informações, entre as quais as principais notícias dos 26 Estados e do Distrito Federal. As outras dez seções são “especiais”, como menções ao governo FHC (1995-2002) e aos recentes escândalos do governo Lula.

“Não há ideologização. Trata-se apenas de armar o cidadão com informações que muitas vezes caem no esquecimento e ajudam a reeleger políticos corruptos”, afirma Gustavo Barreto, um dos idealizadores do projeto e co-editor da revista, ao lado de Renato Kress, ambos de 22 anos.

Além das denúncias, a página apresenta uma lista de entidades e ações que visam combater à corrupção. É o caso do Movimento Voto Consciente, entidade cívica e apartidária fundada em 1987 e formada por voluntários de diversos Estados. O “Mapa da Corrupção” também indica páginas de órgãos de fiscalização do governo, cartilhas que divulgam a importância do voto ético e a página da campanha pelo cumprimento da Lei 9840, de 29 de setembro de 1999, originária de um Projeto de Lei de iniciativa popular contra a corrupção eleitoral.

Lista de divulgação

Com o tempo, o número de informações foi crescendo e, com ele, as dificuldades apareceram. “São muitos os casos de corrupção. Cidadãos de lugares realmente distantes nos procuram para mostrar documentos e denúncias”, afirma Gustavo, que trabalha na sede única da revista, no Rio de Janeiro. “Nós temos 7 mil páginas que freqüentemente são usadas por pesquisadores e professores. Temos uma média de 100 visitações diárias e muitos elogios. Só não temos financiamento”, diz.

Com isso, sistematizar os casos recebidos fica mais difícil. A saída foi criar uma lista de discussão que fosse voltada para o tema, onde pudessem ser armazenadas as informações, de forma que não se perdessem. O editor informa que não se trata de uma lista de debates, pois a página já oferece, para isso, o “Café Consciência”. “Mas isso não anula o debate. Porém, a lista é uma forma de dar referência. É para esta lista que orientamos nossos leitores e cidadãos a enviar notícias e textos pertinentes”, finaliza. Se achar excessivo o número de informações, o próprio usuário poderá optar pela opção “digest”, que possibilita o recebimento de apenas um e-mail por dia, com o resumo do dia.

Gustavo BARRETO A seção “Mapa da Corrupção” e a lista para envio das informações podem ser encontradas logo na primeira página da revista, em www.consciencia.net

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal