Congresso do PSB: Casa arruma Santana

Pedro Santana Lopes, o primeiro-ministro de Portugal convocou o 26º Congresso do seu partido, o Partido Social Democrata, para arrumar a casa antes do próximo ciclo político, que trará três eleições: as eleições Municipais em Outubro próximo, a eleição Presidencial em Janeiro de 2006 e as eleições legislativas, no mesmo ano. No entanto, sua proposta de casamento com o seu aliado na coligação deste governo da Direita assumida, o Partido Popular de Paulo Portas, não teve o aval dos restantes membros do PSD, que se lembram da altura quando Portas era adversário e pouco amigo.

Paulo Portas é, de facto, uma espinha na garganta de Santana Lopes, que iniciou este Congresso a tentar preparar seu partido para uma continuação do casamento com o PP, falando em “alargar a plataforma política” a outras forças políticas, partidos e movimentos e afirmando que agora não é o tempo de excluir os outros duma aliança para as próximas eleições legislativas em 2006, esta decisão devendo ser tomado mais tarde, “na devida altura”.

No entanto, ninguém no partido apoiou esta hipótese, sendo unânime a vontade do PSD recorrer às próximas eleições sozinho. Se bem que Santana Lopes também falou na hipótese do PSD tirar as lições políticas da sua coligação com o CDS/PP, seu partido deixo claro que não quer fazer a decisão mais tarde, porque já a fez.

O tiro Portas tendo saído pela culatra, Santana Lopes atirou outro carvão para a fogueira, o ex-Primeiro ministro, Aníbal Cavaco Silva, que referiu como o candidato melhor posicionado para vencer a eleição presidencial em 2006. Tem razão, em parte. Durante dez anos, entre 1985 e 1995, Cavaco Silva deixou uma imagem de competência para gerir, embora com um excesso de zelo monetarista que no final do seu consulado viu seu partido (PSD), a formação política mais odiada no país, provocando sua saída da vida política, com razão.

Só que Cavaco Silva, que não foi a Barcelos para participar no Congresso porque estava no Clube de Madrid, com 43 ex-Chefes de Estado, não parece muito disposto a entrar outra vez nesta vida, estando inteiramente feliz como docente universitário, Professor de Economia em Lisboa. Graças a Deus.

Em entrevista com o Diário de Notícias, declarou que se sente “muito bem” como está, fora da vida partidária e que “a vida partidária hoje em Portugal está muito, muito pouco atractiva, nada estimulante”, acrescentando que “Neste momento não faz parte do meu projecto de vida regressar à vida política activa”.

Uma resposta clara a Santana Lopes. Quem então poderá apoiar para ser Presidente? O ex-Primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão, que teria menos hipóteses de ganhar como uma boneca de borracha insuflável? Ou Marcelo Rebelo de Sousa, ex-líder e histórico rival no partido? A lembrar, que foi recentemente silenciado das suas críticas azedas ao governo, quando o canal de televisão onde fazia seu comentário semanal pediu que ele ou mudasse o conteúdo dos comentários, ou se calasse. Preferiu demitir-se. Claro, não foi o governo o responsável, como não foi o Ministério da Educação o responsável pelo caos no início do ano lectivo…quando faltavam 50.000 professores por colocar. Foi o software.

O novo Tribuno do Partido Social Democrata e assumido candidato a substituir Santana Lopes se tudo correr mal em 2006, é Luís Marques Mendes, antigo rival pela liderança do partido, que criticou duramente a liderança de Santana Lopes. Declarou que não teria escolhido a opção económica de diminuir a vertente “austeridade e rigor” e escolher o paliativo de reduzir os impostos, mas sim, manter a linha dura.

Este então com estas declarações se demarcou plenamente como alguém em quem não votar. Depois duma declaração ultra-direitista desses, teve a lata de afirmar que o Santana Lopes deixou o Partido Socialista assumir o controlo do centro político, por não ter convocado um Congresso logo quando Durão Barroso fugiu para Bruxelas, deixando para trás a porcaria que fez.

Comentários leves e pueris, sem substância alguma, duma figura que já deveria ter apercebido que não tem qualquer futuro político em altas cargas, por falta de estatura e falta de consistência. Se Santana é demasiado direitista, então o que seria Marques Mendes, senão Fascista?

Se este é o senhor que segue no PSD, Santana pode agora preparar o partido para muitos anos no deserto político, a não ser que ele consiga utilizar seus consideráveis poderes como orador e comunicador e vencer a próxima eleição daqui a um ano e pouco mais. Falta-lhe cada vez mais tempo e parece que o partido, embora quase inteiramente com ele, não está disposto a deixá-lo ter demasiada autonomia e vincular seu marco pessoal no PSD.

Se Santana se deitasse mais cedo e se tivesse melhor cara nas reuniões do seu governo, teria mais hipóteses das pessoas acreditarem nele.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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