Três produções russas são exibidas no DocLisboa 2004

O II Festival Internacional de Cinema Documental, que se realiza entre 24 e 31 de Outubro na Culturgest, em Lisboa (Edifício Sede da Caixa Geral de Depósitos, Rua Arco do Cego), vai mostrar três produções russas.

“In The Dark” (“V temnote”) é uma co-produção russo-finlandesa de 2004 e gira em torno do quotidiano de um idoso já cego que vive sozinho com o seu gato. O realizador, Sergey Dvortsevoy, nasceu no Cazaquistão e “In The Dark”, a ser exibido dia 25 de Outubro, às 23h, é o seu quarto trabalho.

Estreou em 1996 com “Paradise”, filme que mostrava o dia-a-dia de uma tribo nómada nas estepes do Cazaquistão. Em 1998 lançou o elogiado “Bread Day”, obra que documentava a vida de uma aldeia nas estepes russas, onde somente os idosos permaneciam. Em 1999 realizou “Highway”, que acompanhava a trajectória de cinco crianças pertencentes a um circo que perambulava através do Cazaquistão.

No dia 27, às 23h, são exibidos o curta-metragem “The Wheel” (“Kola”) e o média-metragem “Landscape” (“Pejaz”). “The Wheel”, de 2003, é uma produção bielo-russa onde a temática das aldeias parcamente povoadas é também o foco central. Filmado em preto-e-branco, é o segundo filme de Victor Asliuk e traz duas premiações do Festival de Documentários de Leipzig, ocorrido em 2003. O primeiro trabalho do realizador, “We Are Living On The Edge” (“My zhivem na krai”), lançado em 2003, havia recebido o Grand Prix do Festival de Atenas e nomeado para melhor curta-metragem pelo European Film Award.

Dos três realizadores cujos trabalhos estarão representados no DocLisboa 2004, Serguej Loznitsa, de “Landscape”, é o mais conhecido e premiado internacionalmente – tendo acumulado elogios em festivais europeus e norte-americanos. Os seus dois primeiros filmes, “Segodnya my postroim dom”, de 1997, e “Life, Autumn” (“Zhizn, osin”) de 1999, ambos realizados em parceria com Marat Magambetov, receberam premiações em Cracóvia (Polónia), Mediawave (Hungria) e Molodist (Ucrânia).

O reconhecimento em festivais acompanhou os seus quatro lançamentos posteriores: “Postulanok”, de 2000 (premiações no Leipzig DOK Festival, Alemanha, e no Festival de Cracóvia), “The Settlement” (“Poseleine”), de 2001 (galardoado no Leipzig DOK Festival), “Portrait” (“Portret”), de 2002 (Melhor Documentário do Festival de Karlovy Vary, República Checa, Grande Prémio do Festival de Curtas-Metragens de Oberhausen, Alemanha, prémio do Leipzig DOK Festival.

“Landscape”, de 2003, é o último projecto desenvolvido pelo realizador, uma co-produção russo-alemã que também chega premiada do Festival de Leipzig (Melhor Trabalho de Câmera). Uma paragem de autocarros é o cenário onde pessoas se encontram e parte em pleno rigor do inverno russo.

De forma geral, o trabalho de Loznitsa acompanha a vida dos russos após a queda do comunismo e o fim da União Soviética. Para ele, os primeiros instantes de euforia e de vontade de mudar foram aos poucos substituídos por uma profunda letargia, como uma incapacidade de realmente efectivar mudanças pretendidas. Conforme disse no lançamento de “Postulanok”, “… eu tenho a terrível impressão de que nada está realmente a mudar”.

Roni Emerson Nunes

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