O governo guineense assinou um Memorando de Entendimento ontem a noite com as entidades representando os militares rebeldes que lançaram uma insurreição na quarta-feira passada (6 de Outubro) que garante uma amnistia geral para os que se envolveram no motim e todos os militares que participaram em motins desde 1980.
O documento tem ainda de ser apresentado ao parlamento. O Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior assinou o MoU, que estipula que um novo organismo militar deveria ser nomeado pelo Presidente Henrique Rosa.
O novo organismo pode ou não incluir os chefes dos ramos das forças armadas que se refugiaram em Embaixadas estrangeiras em Bissau durante a insurreição. Vai ser preciso nomear um novo Chefe do Estado-Maior do Exército, já que General Veríssimo Correia Seabra foi assassinado durante o incidente, juntamente com o chefe dos recursos humanos, Domingos Barros.
A revolta militar foi alegadamente provocada pelas reivindicações dum grupo de 600 soldados que tinham participado numa missão em Libéria, mas que ainda não tinham sido pagos. No entanto, aconteceu no mesmo dia do julgamento de oito oficiais que fizeram uma tentativa de golpe de estado contra o ex-presidente Kumba Ialá.
Agora, com o Memorando de Entendimento, estes oficiais saem livres do julgamento, juntamente com os assassinos do homem que fez o golpe de estado.
Parece uma sessão de limpeza geral do quadro. Ninguém foi culpado, ninguém viu nada. O documento reconhece a existência de corrupção nas forças armadas e promete pagar os salários em atraso.
O facto que duas pessoas foram assassinadas em Guiné-Bissau durante esta semana e que o assunto é varrido assim por baixo do tapete diz tudo sobre o estado do nosso país nos dias de hoje.
Não tenho eu hoje orgulho de ser guineense.
Djibril MUSSA PRAVDA.Ru GUINÉ-BISSAU
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