O PT AGORA É DE TODOS

Um fato, no entanto, se confirmou: nada mudou. A arrogância da maioria dos políticos envolvidos bem como a ânsia pelo poder, ainda persiste. Não obstante, essas pessoas são eleitas pelo povo que exprime sua vontade nas urnas. A questão é: a vontade da maioria é realmente o que deve ser considerado como o certo para o país? O povo realmente sabe o que seus candidatos se propõem a fazer para melhorar suas miseráveis vidas?

Provavelmente não, pois a maioria absoluta do povo brasileiro não é politizada. E é bem possível que apenas uma percentagem mínima esteja realmente interessada em assuntos do cotidiano brasileiro que não sejam futebol, novelas, vidas de famosos e religião. É provável também, que a maioria das pessoas que tenham seus candidatos, nem mesmo saibam a sigla a que estão vinculados. Na pesquisa que mediu a popularidade do governo Lula, por exemplo, mais de 50 por cento dos entrevistados não sabiam do caso do ex-assessor do Planalto, Waldomiro Diniz. Isto é também comprovado na baixa audiência dos programas de propaganda eleitoral na televisão e no rádio, o que se torna compreensível, pois pouco de construtivo é dito na maioria desses programas. E, por não se interessar, a população acaba por eleger prefeitos, principalmente os que não têm experiência administrativa anterior, apenas pela boa aparência, por um nome famoso, por uma boa oratória ou ainda por estarem vinculados ao partido que está no poder.

O candidato tucano à prefeitura de São Paulo, José Serra, por exemplo, não deve seu bom desempenho nas urnas a seus feitos na secretária de planejamento do governo Franco Montoro ou no ministério da saúde de FHC, mas sim ao fato de que foi candidato à presidência em 2002 e em vista disto, teve seu nome em evidência por alguns meses e se tornou famoso e o próprio presidente, Lula de todos, obteve finalmente sua vitória, apenas e tão somente, porque era o nome mais conhecido dentre seus adversários na ocasião.

A última vez que a população brasileira esteve realmente interessada em política foi na eleição presidencial de 1989 pois além da perspectiva de renovação por serem as primeiras eleições em mais de 25 anos, havia um embate de ideologias diametralmente opostas com elementos esquerdistas e direitistas na disputa, ambos com possibilidades de obter vitória. Lula e Brizola representando a extrema esquerda e Collor e Maluf., a direita. A eleição de Collor, no entanto, demonstrou que a população ainda era ludibriada por populismos.

Os partidos políticos representando ideologias somente tiveram algum significado até a queda do muro de Berlim, polarizando-se entre esquerda e direita sendo que a esquerda representada principalmente pelo PT, apoiava o socialismo soviético e os partidos de direita, apoiados pelos norte-americanos se esforçavam para manter tudo como estava. Lula, se acaso vencesse a eleição de 1989, provavelmente, não assumiria o cargo ou não terminaria o mandato. Após a derrocada do comunismo, no entanto, os partidos de esquerda adotaram um discurso mais “light”, contudo, liderados, pelo PT, fizeram oposição ferrenha e provocativa aos governos de direita que se seguiram .A propósito, o PT, foi o único dos grandes partidos, que conseguiram manter uma certa estrutura organizacional.

Alguns partidos de centro e de direita se desmantelaram. O PMDB, por exemplo, ao chegar finalmente ao poder em 1985, atraiu um grande número de políticos oportunistas, aproveitando-se do, aparentemente, bem sucedido controle da inflação pelo Plano Cruzado o que fez com que o partido elegesse a maioria dos governadores em 1986. Atraiu inclusive adversários históricos. No Rio de Janeiro, por exemplo, o então candidato derrotado a governador pelo PDS, hoje PP, Moreira Franco, na eleição seguinte, venceu, candidatando-se pelo PMDB. Após o fracasso do plano cruzado, alguns veneráveis do PMDB que haviam se beneficiado daquele estelionato político, como Franco Montoro e Fernando Henrique Cardoso, decidiram abandonar o Titanic e fundaram o PSDB, que, como seu padrinho, ao chegar ao poder, atraiu também, um grande afluxo de náufragos políticos.

O PT, entrementes, sempre esteve combatendo vorazmente qualquer direitista que ocupasse o Planalto. Mas, finalmente, o PT se tornou governo e, é claro, todos estavam ansiosos para saber como seria eis que Lula antigamente, pregava o não pagamento da dívida externa e o rompimento com o FMI, mas agora Lula é de todos e é “light” e o PT no governo é tão ou mais liberal que qualquer um dos seus antecessores e como seus antecessores começou a atrair oportunistas como o imaculado Ivo Cassol, governador de Rondônia.

O resultado das eleições municipais comprovou que quando se está no poder, um partido sempre tem força política, independentemente de ser competente ou não. E comprovou também, o quanto é necessário uma boa campanha publicitária eis que os numerosos anúncios governamentais no rádio e na TV, dizendo que o Brasil é um país de todos, mascaram a incompetência do governo. Infelizmente, o Brasil é mais um país de todos os ivos cassóis e anteros manicas, que de todos os brasileiros de bem.

Jose Schettini Petrópolis RJ BRASIL

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