Os Socráticos (apoiantes do novo líder do Partido Socialista, José Sócrates, por entender que ele era a melhor hipótese deste partido conquistar o poder), os Socratados (os 20% do partido que não o apoiavam mas que têm de se calar) e os Socratóides (os que assumem que o PS é o único rosto possível da Esquerda Moderna), andaram às turras no segundo dia do Congresso do PS em Guimarães.
O renovado PS dos Socratóides se assume como o único candidato da esquerda política em Portugal dias depois do candidato mais a direita do partido (Sócrates) ter ganho o contesto para ser secretário-geral e líder do maior partido de oposição à coligação PSD (Sociais Democratas) e PP (Conservadores) no governo. Era evidente que tal posição dava bronca.
O resultado é uma divisão entre a ala esquerda do partido (defendido pelos Socratados de Manuel Alegre), a ala direita (defendido pelos Socratóides), e os anónimos Socráticos (que votaram em Sócrates porque entenderam que o ex-autarca de Lisboa João Soares e o deputado-poeta Manuel Alegre tinham menos carisma/experiência do que o ex-Ministro do Ambiente).
A assunção do PS como defensor da Esquerda Moderna é mais do que um apelo para o voto no PS. Os pesos-pesados do partido, como por exemplo os ex-ministros Jaime Gama e Jorge Coelho (Socratóides) deram agora em atacar as duas formações políticas que mais trabalham quer na Assembleia da República em Portugal, quer no Parlamento Europeu, nomeadamente o Partido Comunista Português (CDU, coligação entre o PCP e o Partido Ecológico, os Verdes, PEV) e o Bloco de Esquerda, assumidamente e sem complexos os dois partidos que defendem os trabalhadores/operários/proletariado e os menos protegidos em Portugal e os dois partidos que não andam obcecados com o poder mas sim, na defesa dos seus ideais.
A tese dos Socratóides é que os dois partidos da esquerda representam uma minoria da população (juntos angariam agora uns 10% das intenções do voto) e por isso não contam.
Esta posição dos Socratóides pode ser considerado de três formas diferentes, reflectindo as três vertentes do Partido Socialista: arrogância e falta de competência política (posição dos Socratados); uma tentativa de conquistar a maioria absoluta nas próximas eleições (coisa que o PS nunca conseguiu sozinho, posição defendido pelos Socráticos) e o lançar do repto ao Primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, tentando bi-polarizar o cenário político em Portugal entre o Partido Social Democrata e o Partido Socialista (estratégia dos Socratóides).
Porém, em vez de estarem a atacar as únicas formações que lutam por valores da esquerda em Portugal (CDU e Bloco de Esquerda), o PS faria melhor em defender seu próprio espaço político que pelas suas declarações Socratóides, assumiu: a Nova Direita, nunca a Esquerda Moderna.
Quando uma formação política se auto-analisa, elege um líder com tendências assumidas da direita e ataca a esquerda política, dizendo que tem competência para representar toda a esquerda, há qualquer coisa que tem de estar mal.
E o mal na esquerda portuguesa se resume em duas palavras: Socráticos e Socratóides. Os Socratados que mudem de partido.
Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru
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