Jornalistas reagem a abusos de empresas

"O Jornal do Brasil e a Gazeta Mercantil, dois jornais que representam muito na história da imprensa livre no Brasil, estão servindo de partida para uma investida inimaginável contra a diversidade de opinião", afirmou na sexta (27/8) o Sindicato dos Jornalistas.

Segundo os dirigentes, a demissão em massa no centenário JB — 64 no total — revelou "a ponta da trajetória que o sr. Tanure montou para dominar parte da opinião pública brasileira". O Sindicato pretende iniciar uma campanha nacional contra a intenção de Tanure de comprar veículos dos Diários Associados e reduzir o pessoal para equilibrar contas.

No mesmo dia, uma matéria no site jurídico "Consultor Jurídico" informa que empresas jornalísticas de São Paulo respondem a 5.408 reclamações trabalhistas movidas por seus ex-empregados. Desde 2001, foram demitidos pelo menos três mil jornalistas no estado, segundo o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Fred Ghedini.

Ele diz ainda que muitas dessas demissões foram convertidas em outro tipo de contratação. "O jornalista trabalha como empregado, mas recebe como pessoa jurídica". Na segunda, foi a vez da revista IstoÉ anunciar a demissão de cerca de pelo menos 24 profissionais, sendo 20 no Rio e 4 em Brasília.

Apesar disso, alguns fatos mostram que os jornalistas estão organizados. E reagindo. Os profissionais do "Jornal de Londrina" demitidos em meados de agosto já podem comemorar a determinação do juiz Francisco Roberto Ermel, da 2ª Vara do Trabalho de Londrina, que anula demissões de 14 jornalistas. O "JL" deve, segundo a decisão do juiz, anular as dispensas ou reintegrar os demitidos.

Na briga com os proprietários do JB, quem saiu na frente foi a repórter especial Nice de Paula, da editoria de Economia. A indignação com a demissão em massa e com as ilegalidades explícitas anunciadas pela direção, como montar uma editoria só para dois jornais e acabar com o décimo-terceiro salário, levou Paula a pedir demissão no início da noite desta sexta (27/8). "Como boa profissional que é, certamente conseguirá uma rápida e boa colocação no mercado de trabalho. Pela atitude, merece o respeito, o apoio e a admiração de todos os colegas", concluiu o sindicato carioca em nota à imprensa.

Eduardo Ribeiro comenta, apreensivo, no site Comunique-se: "Não há hipótese de se alavancar tiragens e anúncios com o caminho escolhido, com cortes e mais cortes e mais cortes. Ou não é verdade que as tiragens despencaram nos últimos anos e que, com veículos de pior qualidade, elas continuarão despencando?"

Gustavo Barreto

editor da revista Consciência.Net (www.consciencia.net), colaborador do Núcleo Piratininga de Comunicação (www.piratininga.org.br), estudante de Comunicação Social da UFRJ e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Inciação Científica (PIBIC) pela ECO/UFRJ Jornalismo Propositivo.—.Consciência.Net

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