Manifestando-Se ´Horrorizada´ pela Extrema Violência Estatal nos Complexos do Alemão e da Penha, ONU Cobra Investigação Independente
Em nota oficial emitida na última quarta-feira (29) sobre a extrema violência das forças de ordem do Rio nos complexos do Alemao e da Penha na última terca-feira (28) que deixou 121 mortos, o Alto Comissariado pelos Direitos Humanos da ONU instou autoridades brasileiras a conduzir ¨investigação rápida, autônoma e imparcial com o objetivo de garantir a responsabilização pelos crimes, interromper práticas de violência institucional e proteger testemunhas, familiares das vítimas e defensores de direitos humanos¨.
“Estamos particularmente preocupados com as represálias contra as famílias e testemunhas. As autoridades devem garantir a vida deles, a segurança e a integridade pessoal além de impedir qualquer forma de intimidação, assédio ou criminalização”, afirmam os especialistas da entidade. Acrescentando: “É responsabilidade das autoridades preservar o local para posterior exame forense¨.
E alertou ainda: “Relembremos às autoridades suas obrigações sob o direito internacional dos direitos humanos, e instamos a realização de investigações rápidas e eficazes”.
Manifestando´se ¨horrorizada¨ com o que ocorreu no Rio dias atrás, mais letal ataque policial da história do Rio, a ONU afirmou também que as políticas públicas em áreas marginalizadas do Brasil são ¨extremamente fatais¨ . Para o órgão, o resultado da chamada Operação Contenção no Rio “reforça a tendência de consequências extremamente fatais das ações policiais nas comunidades marginalizadas do Brasil”.
A ONU ressaltou ainda que o massacre afetou áreas habitadas principalmente por pessoas negras e de baixa renda, fazendo com que a entidade tema pela instalação de um padrão de violência policial radicalizada nas periferias cariocas e nas metrópoles de todo o País.
O comunicado faz referência a denúncias recebidas por relatores da organização que incluem corpos com marcas de execução, mãos amarradas e tiros na nuca, além de invasões de residências sem mandado judicial, detenções arbitrárias e uso de helicópteros e drones em disparos.
“A escala da violência, a natureza dos assassinatos relatados e as consequências para as comunidades pobres afrodescendentes que vivem em áreas periféricas urbanas expõem um padrão profundamente arraigado de policiamento racializado”, diz a nota.
A Human Rights Watch qualificou a ação policial nas favelas da Zona Norte carioca de ¨tragédia¨. Afirmou a ONG: “A sucessão de operações letais que não resultam em maior segurança para a população, mas que na verdade causam insegurança, revela o fracasso das políticas do Rio de Janeiro. O Rio precisa de uma nova política de segurança pública, que pare de estimular confrontos que vitimizam moradores e policiais”.
Já nesta sexta-feira (31) o governador do Rio, Cláudio Castro, afirmou: “Nosso trabalho é livrar a sociedade do tráfico, da milícia, de todo aquele que prejudica o nosso direito de ir e vir. Nós continuaremos trabalhando com técnica e respeito à lei, para que a gente possa estar devolvendo o direito de ir e vir”. Nada poderia ser mais cínico. Porém, nada além disso se poderia esperar do governo carioca agora.
Edgar Alves de Andrade, um dos chefes do CV conhecido como Deco, o principal alvo da ¨megaoperação¨ que conseguiu escapar deste ¨sucesso¨ (eleitoreiro?) do governador do Rio, deve estar morrendo de rir da cara de Cláudio Castro.
O futuro próximo não dará razão a Castro, pelo contrário: será repetição trágica, e piorada da velha história que, parece, determinados setores das classes dominantes desejam perpetuar no País. Para continuar oprimindo o povo estando, assim, mais livres para usurpar o poder (e em diversos casos, comandar o próprio narcotráfico). Quem viver, verá. Quem viver, verá.
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