Depois de episódios recambolescos, está quase a fazer três anos, em que a testemunha como que terá sido raptada, à ordem de não se sabe quem, e entregue em Vale de Judeus, para depois ser guardada no Hospital Prisional de Caxias durante muitos meses, ao abrigo de potenciais inimigos, mais recentemente denunciámos a decisão que a fez retornar antes do processo criminal estar concluído a Vale de Judeus.
Naturalmente, mesmo admitindo que os serviços prisionais são capazes de garantir a segurança dos detidos o que é manifestamente falso não pode, tal circunstância, deixar de constituir uma fonte permanente de stress e ansiedade suplementar, aparentemente facilmente evitável. Todavia, desta vez, ao contrário do que aconteceu na altura dos episódios mencionados acima, as nossas razões não tiveram consequências práticas.
O que se pode pensar, então, da informação de que estão a regressar a Vale de Judeus alguns (ou todos?) os guardas prisionais que foram nessa ocasião afastados, provavelmente devido a suspeitas de poderem querer intervir nas investigações ou no processo criminal abertos na sequência dos homicídios ainda por resolver?
O Estado português tem-se escusado a assumir as suas responsabilidades relativamente à segurança dos presos que tutela. Pode ser que assim possa continuar no futuro, incluindo a impunidade com que os seus agentes ou terceiros automaticamente possam a beneficiar, quando cometem crimes contra os presos. Pode até dar-se o caso de ser possível organizar sistemas de influência informal e paralela, onde o crime organizado e as cadeias de comando estatais se confundam, dada a ineficácia ou cumplicidade dos sistemas de inspecção. Pela nossa parte, enquanto houver democracia, com a força que tivermos e com as colaborações desinteressadas com que possamos contar, entendemos ser nosso dever moral manifestar a nossa mais profunda indignação pelas liberdades oferecidas aos criminosos que actuam à sombra do Estado português.
ACED
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter