Abaixo-assinado em favor da Imprensa Alternativa

Um grupo de cidadãos brasileiros, jornalistas ou não, está colhendo assinaturas nos mais diversos pontos do Rio de Janeiro e do País, em defesa do fortalecimento e viabilização da imprensa alternativa à chamada Grande Imprensa. A matéria em questão foi encaminhada ao deputado Luis Eduardo Greenhalgh e o abaixo-assinado será encaminhado ao Congresso.

Para os signatários, fortalecer a imprensa alternativa é não só da mais ALTA RELEVÂNCIA para a democracia e alternativa à grande imprensa, como é perfeitamente viável, dependendo, claro, da vontade política de se levar adiante esta idéia. Em países como o Canadá e a Venezuela, o poder público viabiliza a existência de imprensas alternativas ao grande monopólio por entender que desta forma se dá vez e voz a quem não tem vez e voz nas páginas diárias da “Grande Imprensa”.

Abaixo-assinado

Nós, abaixo-assinados, pedimos a democratização das verbas públicas para todos os meios de comunicação com o objetivo de garantir a pluralidade da informação e o direito das diferenças se verem representadas no noticiário do dia-a-dia.

Imprensa alternativa: Instrumento indispensável para o funcionamento da democracia

por Mario Deugaudio

Parafraseando Norberto Bobbio ao referir-se à imprensa, uma democracia se considera como tal quando todos os interesses e setores da sociedade podem manifestar sua opinião de maneira livre, orgânica e sem exclusões, usando de iguais oportunidades e direitos, respeitando os mesmos deveres.

Bastião de resistência contra as ditaduras do Cone Sul latino-americano, a imprensa alternativa, isto é, a imprensa partidária, dos movimentos sociais e sindicais, dos estudantes, dos bairros e comunidades, tanto escrita quanto oral, paradoxalmente longe de ter qualquer reconhecimento é um dos setores que mais foi prejudicado pela democracia. Órgãos de informação que tinham grande impacto e tiragem durante o processos de abertura fecharam depois.

Os conglomerados midiáticos que cresceram e engordaram, cúmplices das ditaduras e amparados pela censura que destruiu concorrentes e adversários, agora posam de democráticos e, o que é pior, gozam de um poder como nunca antes. Principalmente, ninguém põe em discussão o que escrevem ou dizem. Primeiro, porque quase aniquilam a capacidade de comunicação da imprensa alternativa, reduzindo-a a uma função subterrânea, praticamente clandestina. Para isso, a “Grande Imprensa”, sem maiores obstáculos, obteve fabulosos investimentos privados e públicos, seja diretamente através de ‘empréstimo a fundo perdido’, como indiretamente através da publicidade.

Investimentos astronômicos e crescentes foram realizados pelo capitalismo financeiro e grandes conglomerados econômicos mundiais na montagem e desenvolvimento de meios de comunicação de direita e ultradireita tanto nos países do Primeiro Mundo quanto nos chamados em vias de desenvolvimento.

Esses planos de valor estratégico e os recursos conjuntamente empregados pelos Estados em infra-estrutura de satélites, informatização e redes de transmissão, assim como em investigação científica, foram os propulsores da chamada ‘revolução tecnológica’ que teve seu principal impacto precisamente na comunicação, modificando radicalmente regimes e códigos de produção.

O controle praticamente absoluto desses novos e poderosos meios consolidou o domínio da comunicação por parte de um pequeno grupo de ideólogos de direita altamente profissionalizados que, enquistados nos principais centros informativos de cada país, projetam suas pautas e enfoques unilaterais através de redes globais.

O método que usam é simples e eficiente: exagerar com o sangue, o sexo, os escândalos pessoais e os espetáculos vazios de arte, talento e conteúdo. Em matéria de política econômica defendem, sobretudo, o ‘livre mercado’ de contratos e trabalho e capitais, as receitas fundomonetaristas de endividar-se e exportar para crescer, de cortar gastos sociais para pagar juros de uma dívida que, apesar de todos os esforços, continua duplicando-se a cada cinco anos.

Sustentam o financiamento público dos grandes conglomerados privados, especialmente financeiros e, em causa própria, os de comunicação. Conseguem, assim, a incrível façanha de transformar em públicas as próprias dívidas, aumentar seu próprio poder e, ao mesmo tempo, valendo-se da impressionante supremacia tecnológica alcançada, liquidar qualquer expressão organizada diferente.

Na política, essa ‘Grande Imprensa’ chantagea partidos e políticos democraticamente, ou seja, sem exceções. Se querem divulgar suas opiniões têm que ‘ajoelhar-se’ da maneira mais vil que se tenha notícia na história ante seus desígnios, idéias e projetos. Do contrário, um silêncio sepulcral se abaterá sobre eles.

Um dos objetivos dessa ‘Grande Imprensa’ autodenominada democrática é alienar o cidadão de seus interesses, da realidade, fazê-lo esquecer seus direitos mais elementares e induzi-lo ao ‘consumismo’ e à apatia política, inclusive a emitir opiniões e praticar atos que o prejudicam.

Como martelos pneumáticos esses meios se abatem sobre as cabeças promovendo o individualismo, a solução do ‘salve-se quem puder’, a expressão primeira dos instintos básicos, o racismo direto ou velado, a agressão às minorias e às maiorias sem poder econômico, a aculturação forçada.

Por outra parte, são ajudados inconscientemente pelos partidos que, longe de defender interesses populares e nacionais em função de posições táticas de poder alcançadas, renunciam a promover uma imprensa verdadeiramente independente que represente interesses claros de setores sociais presentes e não encobertos.

Lamentavelmente muitos dirigentes, talvez a maioria dos quadros políticos que lutaram contra as ditaduras, terminaram ‘convencendo-se’ de que pode existir uma ‘imprensa neutra ou imparcial’ e que nela é possível o debate, a confrontação de idéias, leal e aberta, de modo que os leitores, ouvintes ou telespectadores formem sua própria opinião.

Ante qualquer hipócrita pretensão de apresentar a ‘Grande Imprensa’ como tribuna de livre expressão, de informação plural e objetiva, de igualdade de oportunidades para defender idéias e pontos de vista diferentes, é possível observar que por detrás dessa vitrine o que predomina é a mais raivosa defesa dos interesses dos ‘poderes fortes’ a que estão aliados e os financiamentos estatais ‘a fundo perdido’ dos quais são beneficiários. As idéias, a cultura e até os gostos dos setores dominantes, da direita e ultradireita que os compactam em um ‘pensamento único’, terminam predominando e, o que é pior, sendo assumidos como seus pela maioria da sociedade, inclusive pelos adversários.

O eixo deste azeitado sistema de enganos em cadeia é a informação. Através dela o cidadão discerne, forma sua opinião ou renuncia a tê-la. Por isso é tão importante para a “Grande Imprensa” fracionar seus adversários, reduzir a concorrência ao ridículo e a ser, no melhor dos casos, pantomima da tendência imposta.

O “Irmão Maior” sabe que a política necessária para manter o ‘status quo’ significa, sobretudo, capacidade de comunicação, e que manter a hegemonia política em uma sociedade é uma luta que impõe métodos de divulgação das idéias baseados nas ciências da informação e na potência tecnológica para ocupar cada espaço de tempo e toda a atenção das pessoas e do conjunto da sociedade, de modo que todos e cada um sejam consensuais com os interesses do conglomerado midiático.

A estratégia de ocupar esta máquina monstruosa e, valendo-se da independência e consciência dos jornalistas, conduzi-la por um caminho ‘virtuoso’, evidentemente fracassou. O monstro comeu a muitos e aqueles que escaparam com vida sobrevivem nas condições mais improváveis. A imprensa partidária foi parar nas catacumbas. Órgãos de imprensa de movimentos sociais amplos e sindicatos com dezenas de milhares de filiados são divulgados como se estivessem na clandestinidade. Sobrevivem editados e distribuídos artesanalmente sem o menor apoio do Estado.

Sua periodicidade não pertence ao tempo real nem ao tempo da gente, alguns saem quando podem, são trimestrais, mensais, em casos excepcionais, semanais. Encaram uma luta praticamente inútil contra a “Grande Imprensa” que não deixa uma brecha, bombardeando sem pausas com uma infinidade de publicações e transmissões que ocupam com tenacidade cada espaço de tempo e lugar.

Sem dúvida, ainda que muitos tenham perdido a esperança, é possível reverter essa situação catastrófica. Basta ter vontade política de fazê-lo e um plano que deve, por força, ser ambicioso: construir um Sistema de Comunicação Alternativo poderoso, eficiente e de verdade independente dos grupos econômicos e financeiros internacionais.

(com o apoio inicial dos jornalistas e cidadãos brasileiros Maria Luiza Franco, Mário Augusto Jakobskind, Irene Cristina, Clara Marinho, Carlos Magno, Cristina Duque Estrada, Ricardo Soca, Ana Clara Oliveira, Jesus Antunes, Zilda Ferreira, Elza Neves Moraes, Ana Clara Polakof, Oseas de Carvalho)

PS: as assinaturas começaram a ser recolhidas no começo de abril de 2004.

Mande um e-mail com o título "Abaixo-assinado em favor da Imprensa Alternativa" com nome completo, cidade/estado/país onde reside e ocupação para incluir seu nome nesta página.

Quem já assinou, por ordem de nome e local --------------------------------------------------------------------------------

Vinicius Carvalho d'Alcantara Freire — Salvador/BA — Universitário João Arnolfo Carvalho — Brasilia/DF — Jornalista e economista José Luiz Dias da Silva Lima — Brasilia/DF — Jornalista Leonardo Araujo — Brasilia/DF — Jornalista Raquel de Almeida Moraes, Profª. Dra. — Brasilia/DF — Faculdade de Educação (FE) da Universidade de Brasília (UnB), Departamento de Planejamento e Administração (PAD) Lígia Benevides Batista — Goiânia/GO — Estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás (UFG) Ana Paula Vitorino — Piracanjuba/GO — Editora do Jornal O Pouso Alto Diogo Diniz Ribeiro Cabral — Raposa/MA — Educador popular, membro do Movimento de Libertação da Democracia Rodrigo de Assis Costa Rocha — São Luís/MA — Bibliotecário e estudante de Comunicação da UFMA Juliana Moreira — Belo Horizonte/MG — Administradora Petrônio Souza Gonçalves — Belo Horizonte/MG — Jornalista Viviane Viaut — Amambai/MS — Jornalista Jônatas Domingos Barbosa Campos — Tamandaré/PE — Jornalista; Rádio Comunitária Costa Dourada FM - 104,9 Mário Lopes Amorim — Curitiba/PR — Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (CEFET-PR) Antonio Ozaí da Silva — Maringá/PR — Editor da Revista Espaço Acadêmico (www.espacoacademico.com.br), Departamento de Ciências Sociais, Universidade Estadual de Maringá (UEM) Adhemir Rebello — Niterói/RJ — Editor de fotografia/ Jornal da Cidade Áthila Rocha Trindade — Niterói/RJ — Mestrando em Ciência da Computação Claudio Salles — Niterói/RJ — Músico, radialista e vídeo maker Jane Duarte — Niterói/RJ — Funcionária Pública e Jornalista Leonardo Caldeira e Sousa — Niterói/RJ — Diretor da MLR Comunicação e colunista do Jornal da Cidade Mário de Sousa — Niterói/RJ — Editor do Jornal da Cidade Therezinha Bittencourt — Niterói/RJ — Colunista do Jornal da Cidade Alice Franca Leite Cafezeiro — Rio de Janeiro/RJ — Professora Aposentada da Universidade Federal do Rio de Janeiro / Letras na Pós-Graduação Achille Lollo — Rio de Janeiro/RJ — Presidente da Associação para o Desenvolvimento da Imprensa Alternativa (ADIA) e diretor da Revista Nação Brasil, dos suplementos trimestrais Conjuntura Internacional e Crítica Social e do site www.portalpopular.org.br Eduardo Pereira da Silva — Rio de Janeiro/RJ — Músico e estudante Evandro Vieira Ouriques, Prof. Dr. — Rio de Janeiro/RJ — Coordenador do Centro de Estudos de Comunicação e Consciência/Escola de Comunicação/UFRJ Fernanda Isabel Marques Teixeira — Rio de Janeiro/RJ — Estudante de Direito PUC-RJ Gustavo Barreto — Rio de Janeiro/RJ — Estudante de Comunicação, colaborador do Núcleo Piratininga de Comunicação e editor da revista Consciência.Net José Ribamar Bessa Freire — Rio de Janeiro/RJ — Jornalista, fundador e ex-editor do jornal Porantim, ex-repórter do jornal O SOL Joyce Enzler — Rio de Janeiro/RJ — Representante da APEDEMA (Assembléia Permanente em Defesa do Meio Ambiente) nos Fóruns de Comunicação do Rio de Janeiro; Militante da rádio Bicuda Mauro Franco — Rio de Janeiro/RJ — Jornalista, editor do Jornal Posto Seis (jornal comunitário do bairro de Copacabana), com tiragem de 30 mil exemplares, quinzenalmente. Tiago Andre de Melo Bahia — Rio de Janeiro/RJ — Estudante universitário Virgilio de Souza — Rio de Janeiro/RJ — Jornalista Responsável pelo Jornal Capital Cultural Joaquim Pinheiro de Araújo — Natal/RN — Engenheiro agrônomo, com Mestrado em Ciências Sociais; Coordenador da Cooperativa TECHNE Frei Pilato Pereira — Canoas/RS — Frade Capuchinho, Equipe de "Outras Vozes" (www.outrasvozes.hpg.ig.com.br) Márcio José da Rosa Barreto — Flores da Cunha/RS — / Roberto Quevedo — Pelotas/RS — Estudante de Filosofia Janice de Cândido — Porto Alegre/RS — Servidora pública estadual Jefferson Kologeski Pinheiro — Porto Alegre/RS — Jornalista Vera Cardozo — Porto Alegre/RS — Jornalista Wladymir Ungaretti — Porto Alegre/RS — Jornalista, editor do sítio www.pontodevista.jor.br Volnei Batista de Carvalho — Barra Velha/SC — Advogado, Economista e Filósofo David Eastwood Gruginski — Florianópolis/SC — Estudante Ana Maria Lima de Carvalho — Tubarão/SC — Trabalhei 2 anos com comunicação alternativa em Rádios Comunitárias, hoje estou cursando a faculdade de Jornalismo em Tubarão e sou militante da União da Juventude Socialista Eliane Aparecida de Almeida Barros — Bauru/SP — Estudante de jornalismo da UNESP Raquel Villela — Cruzeiro/SP — Jornalista Walter Estevam Junior — Santo André/SP — Presidente da ABRARJ (Associação Brasileira de Revistas e Jornais) e Presidente do Conselho da ADJORI (Associação de Jornais do Interior do Estado de São Paulo); Residência: Ribeirão Pires/SP Camila da Cunha Almeida Azevedo — Santos/SP — Estudante de Jornalismo da UniSantos Carlos Gustavo Yoda — Santos/SP — Jornalista e Coordenador do Centro de Imprensa Alternativa (CIA) Fabiana de Souza Silva — São Bernardo do Campo/SP — Concluindo o curso de Pedagogia, assessora da vereadora Fátima Araújo, do PT de SBC (SP) Nelson Reis C. Pedroso — São Bernardo do Campo/SP — Jornalista e Psicólogo Ricardo Faria — São José dos Campos/SP — Jornalista Bruno Constantino Leonardi — São Paulo/SP — Contador e Moderador da Rede Virtual Setor Social (BR_Setor3). Daniel Zanini Filho (Zanini H.) — São Paulo/SP — Jornalista, editor do www.guevarahome.org Daniela Ramos Teixeira — São Paulo/SP — Analista Fernando Proni — São Paulo/SP — Operador de triagem dos Correios e estudante universitário; residente do bairro de Pirituba Jesus Carlos de Lucena Costa — São Paulo/SP — Repórter fotográfico Mara Cristina Nunes — São Paulo/SP — Jornalista voluntária do Depto de Comunicação da Pastoral da Criança Arquidiocese de S. Paulo Maria Angela Abduch — São Paulo/SP — Professora universitária e de curso técnico profissional; consultora Michelle Carrasco Mancini — São Paulo/SP — Estudante do Último Ano de Jornalismo na Universidade São Judas Tadeu (USJT) Patrícia Marini — São Paulo/SP — Jornalista, com passagens pela 'grande' e pela 'pequena' imprensa. Rosana Telles — São Paulo/SP — Jornalista; assessora de imprensa da ONG Clube de Mães do Brasil. Silvia Andreasi — São Paulo/SP — Médica Ute Craemer — São Paulo/SP — Professora Waldorf, palestrante internacional, fundadora da Associação Comunitária Monte Azul, membro do Conselho Década pela Cultura de Paz na Assembléia Legislativa, co-fundadora da Aliança pela Infância no Brasil e no Japão e do Fórum pela Humanização do Social no Brasil

http://www.consciencia.net/midia/imprensaalternativa.html Gustavo BARRETO

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