Luciana condena reajuste de R$ 20,00 no mínimo e apoia a greve dos servidores

Irresponsável é quem promete dobrar o poder de compra do mínimo em 4 anos e no segundo ano de governo repete um aumento real de 1%.

Irresponsabilidade mesmo é fazer, nos primeiros três meses do ano, um superávit primário de mais de R$ 20 bilhões de reais - R$ 6 bi a mais do que o exigido pelo FMI. Enquanto isso a execução orçamentária do mesmo período foi menos de 2% do orçado, sendo que a maior parte do que foi efetivamente gasto foi para pagar o luxuoso avião do Presidente.

A grande irresponsabilidade é o governo oferecer aos 16 milhões de aposentados e 4,5 milhões de trabalhadores que ganham salário mínimo um aumento real de R$ 4, após 13 meses de salário congelado. As justificativas para isso são falaciosas. Primeiro porque a previdência do INSS não é deficitária, como insiste em dizer o Presidente. É superavitária, inclusive contribuindo com o ajuste fiscal ao perder 20% de suas receitas, desvinculadas pela DRU, para pagar os juros da dívida. Aliás, era isso mesmo o que o PT dizia ao denunciar o arrocho de FHC. Agora, usa os mesmos argumentos que combateu! E o Ministro José Dirceu ainda tem a coragem de defender a desvinculação do mínimo com os benefícios da previdência. Querem maltratar ainda mais os aposentados!

Em estudo, o economista Márcio Pochmann prova que se o mínimo fosse reajustado para R$ 300, o impacto para a União e os Estados seria "desprezível", já que a despesa ficaria em 0,01% e 0,14% respectivamente.

Para os municípios, o acréscimo na folha salarial seria de 1,08%. Em compensação, a dinamização econômica e o ganho social seriam importantes. Mais comida na mesa dos pobres, mais impostos arrecadados pelos governos. Para cada real consumido, corresponderá 24,3 centavos em impostos.

Já os "privilegiados", segundo a visão do presidente, aqueles que pagam imposto de renda, amargam o congelamento da tabela. Se fosse reajustada segundo a inflação, milhares de pessoas que ganham mil e poucos reais deixariam de pagar IR, subindo para R$ 1.600 a primeira faixa de pagamento.

Já os servidores públicos, arrochados há anos, saíram à luta. A Polícia Federal está em greve há quase dois meses e agora com o salário cortado em vários estados. Junto com eles os servidores do INSS, auditores da Receita Federal, Advocacia Geral da União. No próximo dia 10, servidores de diversas categorias farão uma paralisação unificada. Também pudera! O valor reservado pelo governo para reajuste ao funcionalismo é 87 vezes menor que o reservado para pagar a dívida pública. A ordem é cortar! Gastos sociais, investimentos, reajustes ao funcionalismo, salário mínimo.

Tudo é secundário em relação ao único compromisso que o governo vem cumprindo com muita irresponsabilidade": juros, juros e mais juros ao banqueiros internacionais.

E mesmo assim, os mal agradecidos ainda fazem turbulências, elevando o Risco Brasil e ameaçando retirar seus preciosos capitais especulativos para portos mais seguros. Também, a dívida cresce tanto que eles começam a desconfiar que não vai dar para pagar. Antes que o país quebre, é preciso dar um basta.

Moratória é a única saída. O Brasil pode e deve ter uma posição de força diante dos credores. Já pagamos muito e devemos cada vez mais. O dinheiro dos "mercados" só serve para rolar esta mesma dívida com os próprios bancos.

Viveremos muito melhor sem eles, basta ver os números: No ano passado os gastos totais do governo com funcionalismo, saúde, educação, investimentos, custeio, etc, foram de R$ 139 bilhões. Se os R$ 68 bilhões que entregamos aos banqueiros e que não cobriram nem a metade do total de juros devidos (o resto eles nos "emprestaram" para pagar eles mesmos) fossem usados para causas mais justas não iria faltar dinheiro para aumentar o salário mínimo, para reajustar o funcionalismo, investir na educação, saúde, segurança, estradas... Dinheiro não falta, mas parece que tal qual FHC e seus amigos do PSDB e PFL, Lula acha que os banqueiros precisam mais que o povo brasileiro.

A turma do Fernando Henrique acha que esquecemos dos seus desmandos e que vamos deixar o povo cair na sua conversa mole em defesa dos pobres.

Hipocrisia feita no palanque oferecido pelo PT, que mudou de lado dando de bandeja discurso fácil para estes sem-vergonhas. Nós, com a coerência dos que sempre defenderam os trabalhadores e não mudaram de lado, não hesitamos em denunciar a direita carcomida e o New PT.

Vamos construir uma alternativa, uma oposição de esquerda e intensificar a luta em defesa do emprego, salário, reforma agrária, moradia, saúde e educação. Esta luta é nossa!!

Luciana Genro, deputada federal (RS)

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