1.
O Congresso fundador do partido da Esquerda Europeia que vai decorrer em Roma no próximo fim de semana, 8 e 9 de Maio, no Aurelia Convention Centre, constitui um acontecimento de importante significado e alcance políticos. Trata-se do culminar de um processo de construção, à esquerda das correntes social-democratas, de um novo sujeito político europeu, assente na convergência de diferentes organizações e movimentos de esquerda. E do primeiro passo no sentido de uma mais vasta agregação à esquerda de forças políticas e sociais e de uma mais aprofundada confrontação das suas análises e coordenação das suas orientações.
Recorde-se que esta iniciativa foi decidida num encontro realizado em Berlim, em Janeiro, por onze partidos políticos de vários países da Europa: Refundação Comunista de Itália, Partidos do Socialismo Democrático da Alemanha e da República Checa, Esquerda Unida de Espanha, Partido Comunista Francês, coligação de esquerda Sinaspysmos da Grécia, Partido da Esquerda do Luxemburgo, Partido Social-democrata do Trabalho da Estónia, e Partidos Comunistas da Aústria, da Eslováquia, e da Boémia e Morávia. No apelo então aprovado pode ler-se que na Europa e no mundo, há uma crescente resistência às guerras, à destruição do estado social, ao rearmamento e ao fundamentalismo do mercado e que nós da Esquerda europeia somos parte dos movimentos por uma outra política. Estamos convencidos que um outro Mundo, uma outra Europa, é possível: uma Europa de paz, democrática, social, ambientalista, feminista uma Europa solidária.
2.
A primeira novidade deste processo é que se trata de uma convergência de partidos e de outras organizações políticas democráticos de uma esquerda alternativa e progressista, que toma como referência os valores e tradições do movimento socialista, comunista e operário, do feminismo e do movimento feminista para a igualdade de género, do movimento ambientalista e pelo desenvolvimento sustentável, dos direitos humanos, do humanismo e antifascismo, do pensamento livre e progressista, tanto em termos nacionais como internacionais. Que critica e se demarca incondicionalmente do estalinismo e de todos os diferentes métodos políticos e de práticas com ele ligados. E que pretende, entre outros objectivos, contribuir para a acção política comum da esquerda democrática e alternativa nos países da União Europeia assim como a nível europeu.
A segunda novidade deste projecto é que a Esquerda Europeia se define como uma associação flexível e descentralizada de partidos de esquerda europeus e de outras organizações políticas, independentes e soberanos, e que trabalham com base no consenso. Aos partidos fundadores podem associar-se como membros ou como observadores quaisquer partidos de esquerda e outras organizações políticas que aceitem a plataforma política, e os estatutos que vão ser aprovados no congresso fundador de Roma.
3.
A Renovação Comunista portuguesa tem acompanhado de perto este processo, exprimiu publicamente a sua consonância com a necessidade de convergência de diferentes organizações para a construção de um projecto político europeu à esquerda das correntes social-democratas e assumiu-se, desde Junho do ano passado, como parte nacional activa com tal propósito.
A Renovação Comunista saudou calorosamente a decisão de formação do partido da Esquerda Europeia e associou a sua voz ao manifesto apelo aprovado em 10 de Janeiro passado em Berlim.
É por isso que a Renovação Comunista, no quadro da sua própria natureza e objectivos, estará presente activamente em Roma através de uma delegação de dez membros e juntará uma voz portuguesa ao Congresso fundador da Esquerda Europeia.
4 de Maio de 2004
Renovação Comunista
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