Serra critica PT e quer que Lula governe

Segundo o presidente nacional do PSDB, José Serra, o Fórum tem o propósito de somar forças políticas pelo bem do Brasil. "Queremos que o Brasil não volte para trás, que ele vá adiante. Para isso, é preciso crescimento, mais empregos, ética, lisura e transparência na vida pública", avaliou.

Na nota oficial distribuida no evento, os partidos esclarecem que não fazem discurso alarmista, mas advertem para a desilusão crescente e cobram do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a retomada do crescimento - o que não acontece pela apatia, confusão, falta de liderança e de projetos do governo. "Vemos o aumento da sensação de desarticulação do governo, é preciso mexer com isso, o país está perplexo diante da paralisia", afirmou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Ele e o líder do PSDB no senado, Arthur Virgílio (AM), foram duramente criticados esta semana pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu. "O PSDB não faz uma oposição golpista, não somos iguais ao PT, queremos negociar matérias de interesse do país. Queremos que o presidente Lula comande, lidere, decida, participe, execute e não apenas delegue tarefas", cobrou Virgílio. "Esse é governo mais pífio, frágil e fraco da história do país", acrescentou.

Líderes do PFL, do PDT, e até do PMDB e do PP (partidos que compõem a base aliada) estavam na reunião. "O que se vê hoje é a confirmação dos nossos piores temores. O PT fez uma campanha prometendo o paraíso, queria o poder a qualquer custo. Com a vitória do Lula, tivemos esperança de houvesse renovação da agenda brasileira, aprofundamento da política social e o que vemos hoje é que o governo está em vôo cego, sem norte, sem proposta e sem liderança", explicou o líder do partido na Câmara, Custódio Mattos.

Leia abaixo a íntegra da nota:

"União pela ética e pelo emprego"

Os partidos e organizações da sociedade civil que assinam este documento unem-se num apelo a favor do Brasil diante da onda de frustração que se espalha no país. Acreditamos que é possível convertê-la em estímulo a uma democrática e transformadora mobilização em defesa de dois valores fundamentais --ética e emprego-- cuja escassez nos aflige a todos neste momento.

1 - Nenhuma sociedade democrática pode conviver com o desrespeito às regras básicas da cidadania. Nenhum povo consegue suportar o estreitamento contínuo das oportunidades de ganhar a vida dignamente pelo seu próprio trabalho. Corrupção e desemprego juntas são uma mistura corrosiva para a coesão social. Não queremos apenas denunciar, mas propor, debater e apoiar concretamente medidas para combater esse binômio perverso.

2 - Que fique claro: não vemos razão para discursos alarmistas. O Brasil não está em perigo. Não há ameaças de golpe nem conspirações. As liberdades conquistadas pelo povo estão asseguradas. Mas há uma desilusão crescente com o governo Lula. Milhões que votaram nele hoje se sentem traídos. Outros, mesmo não tendo votado, torciam sinceramente para que as promessas de campanhas fossem cumpridas. Não estão sendo.

3 - Também não há choques externos que agravem as dificuldades do país. Ao contrário, há muito as condições internacionais não nos eram tão favoráveis. Nossas exportações crescem, há espaço para novos avanços nas negociações multilaterais. Se, com tudo isso, a economia retrocede, é porque um governo apático, confuso, sem liderança, imaginação nem projetos, deixa escapar as oportunidades de retomada do crescimento. O tempo passa e não traz alento para quem acreditou na grande promessa de Lula, ou em todo caso anseia por aquilo que deveria ser a maior preocupação de qualquer governo democrático --a criação de empregos.

4 - Sem objetivos claros para negociar em nome do Brasil no plano externo, o governo dilapida sua legitimidade no plano interno, entregando-se às práticas mais vulgares e desprestigiadas de arregimentação de apoio no Congresso Nacional. O toma-lá-dá-cá torna-o refém de grupos predatórios, capazes de jogar com a própria estabilidade da economia para melhor barganhar seus interesses mesquinhos, com um atrevimento que aumenta quando se sentem indispensáveis para abafar investigações que o governo parece disposto a impedir a qualquer preço.

5 - Há uma crise de governo. Está em tempo de evitar que ela se transforme em crise de confiança na democracia. Não queremos nem saberíamos fazer o jogo do que quanto-pior-melhor. Interessa-nos, acima de tudo, evitar que a decepção se transforme em desespero, canalizando-a para a ação política regular, legítima e aberta. Raramente na história o Brasil teve momentos tão favoráveis, seja pela estabilidade política, seja pelo ânimo da sociedade, para afirmar suas aspirações de cidadania e desenvolvimento. Se o governo Lula não sabe aproveitar a oportunidade, frustrando de forma dramática essas aspirações, cabe-nos estar do lado da sociedade, não só para entender o porquê da frustração, como para ajudar o país a superá-la e seguir seu caminho.

Isto nos leva a abrir mão de nossas diferenças partidárias --legítimas e importantes em outros momentos-- para atuar juntos, não contra o governo, mas a favor do país. Com esse propósito, constituímo-nos a partir de hoje num fórum permanente de consulta e concertação em prol de medidas efetivas de combate à corrupção e recuperação do emprego.

PSDB

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