Lula: Fome Zero fez mais do que estrutura permitia

"O Fome Zero no seu primeiro ano fez muito mais do que a estrutura do próprio ministério permitia que fosse feito. Fez porque a sociedade civil acreditou", avaliou Lula.

Lula exaltou o esforço de sua equipe no primeiro ano e disse que organizar a sociedade não é fácil. Também admitiu que o governo não tinha estrutura para atender a demanda proposta pela campanha de doação de alimentos e contribuições para o programa. "Só pensa que é fácil quem nunca trabalhou com organização da sociedade. Não teve nenhum momento na história do Brasil que a sociedade esteve tão ávida a participar do programa como no Fome Zero. Houve momento em que a gente não tinha estrutura para acompanhar a demanda de contribuição para que o programa desse resultado", lembrou.

O presidente defende o compromisso do programa atender 11 milhões de famílias até o fim de seu mandato. "Nós vamos chegar lá. Vamos chegar lá porque é determinação do governo, porque a sociedade está trabalhando e porque não estamos sozinhos nessa luta. Neste ano nós vamos continuar com a nosso peregrinação. Um dia as coisas acontecem", afirmou.

Valeu à pena Lula afirmou, nesta terça-feira, que os cadastros referentes aos programas sociais do país, herdados da gestão anterior, mostravam disparidade nas distribuições de benefícios. "Tomamos uma decisão de unificar os programas. A primeira coisa que nos deixou preocupado foi que os cadastros que cuidavam de política social nesse país eram pouquíssimo confiáveis. Tinha gente que não recebia nenhum benefício porque outros recebiam demais. Arrumar esse cadastro deu trabalho", contou o presidente. No entanto, Lula afirmou que o trabalho valeu à pena.

"No dia 27 de dezembro, pudemos fechar o primeiro lote beneficiado, 1.200.000 famílias, saindo de um benefício de R$ 22 em média em 2002 para R$ 72,50 este ano, três vezes mais do que recebiam. Não é pouca coisa para fazer em pouco tempo, é pouco se analisarmos o que ainda precisa ser feito", afirmou Lula.

A primeira pedra Em seu discurso, Lula citou algumas das ações adotadas pelo governo para melhorar a vida dos nordestinos, entre elas a construção de 10 mil cisternas pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Lula disse que esse número ainda é pequeno, já que o governo pretende construir um milhão de cisternas, mas afirmou que é preciso dar o primeiro passo e recorreu à Muralha da China para enfatizar a importância da participação da Febraban. "Imagina a Muralha da China se ninguém tivesse colocado a primeira pedra", comparou o presidente.

Lula criticou a atitude de países ricos que, "quando doam alimentos, o fazem para proteger sua própria produção agrícola". "A experiência de dar alimento em espécie não tem sido uma boa experiência em vários países do mundo. Mas os países ricos quando falam em dar alimento, nós precisamos tomar cuidado. Muita vezes pode ser mais para ajudá-los, com a sua produção agrícola, do que ajudar os famintos", declarou.

Lula citou também o recente encontro com o presidente da França, Jacques Chirac, quando sugeriu a taxação da venda de armas e sugeriu, em vez, de doação de alimentos, financiamento internacional para agricultores de países pobres. "Eu disse ao presidente Chirac que, em vez de se dar alimento ao outro país, seria melhor dar financiamento para que os pequenos agricultores daquele país pudessem plantar".

Participaram da solenidade os ministros do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias; do Planejamento, Guido Mantega; do Trabalho, Ricardo Berzoini, e do Meio Ambiente, Marina Silva.

PT

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