por Gilson Reis*
Minas Gerais, o segundo Estado mais rico da federação, acordou nesta quarta-feira (28) perplexo pela ousadia e covardia como foram assassinados quatro trabalhadores, três fiscais do trabalho DRT-MG, e o motorista do Ministério do Trabalho.
Os quatro trabalhadores (Aílton Pereira de Oliveira, 52; João Batista Soares Laje, 51; Eratóstenes de Almeida Gonçalves, 43; e Nelson José da Silva, 53), foram sumariamente executados, com tiros na cabeça, após uma emboscada na estrada que liga os municípios de Unai e Bolívia na região noroeste de Minas Gerais, próximo à divisa com Brasília, DF.
O motorista, mesmo com um tiro na cabeça, após desmaio, conseguiu dirigir o veículo até um determinado local, onde pediu socorro, morrendo logo em seguida. Os quatro trabalhadores faziam inspeção em fazendas da região suspeitas de trabalho escravo. O noroeste de Minas foi nestes últimos anos uma região de grandes conflitos agrários e de muitas experiências positivas de ocupação de terra.
Das mobilizações realizadas pelos sem-terra, o que mais chamou a atenção da imprensa nacional e internacional, naquela região, foram as ocupações pontuais do MST na fazenda do então presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Em Minas Gerais, a CUT e a Fetameg vem denunciando trabalho escravo e ou degradante em várias regiões do Estado. No norte de Minas, na cidade de Araçuai, um fiscal do trabalho está ameaçado de morte e teve sua casa alvejada cinco vezes.
A nova postura da DRT-MG de realizar vistorias, dentro de uma nova filosofia a partir de seu Delegado Regional e ex-presidente da CUT-MG, Carlos Calazans, não tem agradado uma parte considerável dos coronéis que ainda habitam os feudos lá pelas Gerais. Ocorre que, em Minas, existem outros trabalhadores ameaçados de morte como o diretor da executiva estadual da CUT-MG, Gildásio, metalúrgico da Acesita.
Nestes últimos cinco anos, mais de 2000 trabalhadores que lutavam por direitos e conquistas foram assassinados em todo o país, a grande maioria em luta pela terra. Conforme dados revelados em recente pesquisa, quatro milhões de trabalhadores rurais perderam seus empregos nos últimos dez anos devido ao avanço tecnológico. Este é apenas mais um assassinato, bárbaro com certeza, mas que não comporta somente indignação. É preciso urgentemente descobrir os executores e os mandantes. Contudo, o mais importante é imediatamente colocar na pauta política a reforma agrária, para gerar emprego e retirar de vez das páginas dos jornais assassinatos e escravidão que ainda persistem em nosso país.
*membro da executiva nacional da CUT
Diário Vermelho
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