"100% do mercado" critica manutenção dos juros pelo Copom

A unanimidade atingiu um índice como poucas vezes se observa numa decisão sobre política monetária.

Não só as centrais sindicais - CUT e Força Sindical - condenaram o conservadorismo do BC (clique aqui para ver a matéria). A repercussão negativa alcançou uma extensão e uma aspereza inusitadas também entre os representantes empresariais e os economistas que se apresentam como intérpretes do mercado. Até os bancos (!) questionaram. E dentro do governo, um silêncio compungido cercou o anúncio que evidentemente sabota as intenções desenvolvimentistas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado, fez sua assessoria divulgar um comentário curto mas apimentado, vinculando a Selic mantida com a controvérsia sobre qual deve ser o perfil do BC: "Todos sabem que a grande prioridade do presidente Lula é crescer e gerar empregos. A decisão sobre os juros comprova a autonomia do Banco Central".

Veja abaixo algumas das reações empresariais:

Walter Machado, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef/SP): O Banco Central chegou ao "ápice do conservadorismo". Segundo ele, "é inexplicável" que no momento em que o setor produtivo esperava uma injeção de "ânimo", o Banco Central frustre as expectativas.

Sérgio Werlang, diretor executivo do Banco Itaú e ex-diretor do BC: "A minha preocupação maior é que, por excesso de conservadorismo, a gente atrase a retomada do crescimento da economia".

Delfim Netto, deputado federal (PP/SP), ex-ministro da Fazenda sob a ditadura: "A gente deveria exigir aue o Banco Central publicasse seu modelo econométrico. Quais são os dados que eles usaram para fazer isso?"

Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor de política monetária do BC: "É muita rigidez em busca da meta. A meta não pode virar uma vaca sagrada."

Ricardo Denadai, economista da LCA Consultores: "Nesse clima de 'o que será que o BC sabe que nós não sabemos?', alguns poderão rever para cima sua expectativa de inflação".

Manoel Cintra, presidente da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F): "Tem de respeitar o mercado, e o mercado mostrava que havia condições para baixar. Não era 90%, era 100% do mercado."

Diário Vermelho

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